… uma pessoa é tão temerária como os seus segredos, tão execrável como os seus segredos, tão solitária como os seus segredos, tão sedutora como os seus segredos, tão vazia como os seus segredos, tão perdida como os seus segredos, uma pessoa é tão humana…
“O Teatro de Sabbath” é o relato cruel da crise existencial do fantocheiro Michey Sabbath, um homem de sessenta e quatro anos, obcecado por sexo, judeu, baixo e entroncado, de barba branca, desprovido de atractivos, a envelhecer em todos os aspectos óbvios, após a morte da amante, de longa data, Drenka Balich.
Drenka é doze anos mais nova, uma croata morena a puxar para o baixo, uma mulher pujante, bonita sem ser bela, com um casamento enfadonho, que se deixa seduzir por Sabbath e com ele (e muitos outros) vai viver excitantes e loucas aventuras sexuais.
Afastado da sua arte de fantocheiro devido à artrite e impossibilitado de continuar a leccionar na Oficina de Fantoches nas universidades, depois de desmascarado como degenerado, Sabbath vive monetariamente dependente da segunda mulher Roseanna, professora, alcoólica e assexuada.
Vive, também, cercado pelos fantasmas daqueles que mais o amaram e odiaram: a sua defunta mãe, o irmão morto na II Guerra Mundial e Nikki, a sua primeira mulher, que desapareceu e cujo corpo nunca foi encontrado. Terá sido assassinada? Terá sido Sabbath?
Desolado e só, encena uma série de farsas trágicas que o levam aos limiares da loucura e da extinção.
A leitura deste livro foi, para mim, um pouco maçadora.
Sendo um grande romance acerca da vida, da infidelidade e da morte, não me fascinou o suficiente para o considerar excelente.
Teatro de Sabbath, de Philip Roth
Dom Quixote, 2000
Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues
483 págs.
Um retrato sobre o ser humano mais vil, abjecto, repelente, abominável, indecoroso, contra-natura que já li. Absolutamente indescritível mas absoluta Literatura, daquela que nos dá cabo da cabeça. Ao nível do maior escritor americano vivo (que eu conheço).
ResponderEliminarOlá SEVE,
EliminarAssino por baixo este excelente comentário.
Obrigada.
Olá Teresa
ResponderEliminarBom dia - Já leu "conta corrente", do Vergílio Ferreira?
Se não leu tem de ler - um retrato perfeito do Portugal dos anos 80/90 do século passado. Uma pérola que não deve perder. Já li todos os volumes da I série (são cinco - de capa amarela) e acabei de o I da segunda série (de capa verde acastanhada.
Não é fácil de ler, não... Mas achei mesmo excelente.
ResponderEliminarOlá Pedro,
ResponderEliminarConcordo consigo,.
este não é um romance fácil de ler. Mas é bom, muito bom.
Espreitei o seu post sobre ele e reparei que começa o texto com o primeiro parágrafo.
Sabe, Pedro, quando iniciei o desafio "Primeiro parágrafo" pensei imediatamente nele para nº 1. Acontece que... faltou a coragem.
Boas leituras.