31 julho, 2012

Poemas de... poetas-bloguistas


Não sei escrever poemas, mas gosto de ler os versos que outros escrevem.
Recentemente, descobri três blogues de poetas extraordinários.
Descubra-os também você.
A pintura é de Casey Baugh, pintor realista norte-americano (1984-)

MAR
Inquieto e desconcertado
revolto e encrespado
de ondas pungentes
que morrem suavemente
e suavemente
na areia deixam versos perolados
de sentimentos inacabados
Ó mar! O que procuras?
A saudade?
Saudade é tempestade
é ansia sofrida
de dores não esquecidas.
Na imensidão desse aquário que é o mar
procura a bonança
porque quem procura sempre alcança,
e suavemente, suavemente
entende que a força do mar
que és tu
é a força que lhe queres dar
MariaJB - http://poesiamariajb.blogspot.pt/

INEXISTENTE
Longe de ti
Não, não sou ninguém,
Sou sombra desfocada,
... Inexistente…

Sou um pedaço de nada
Em corpo de gente…

Sou quem vive silenciada
…. Imortalizando…
As palavras que me soam
Constantes
E me fazem tingir os dias
Em tons falsamente brilhantes.

Perto de ti
A escuridão é abraço
As nossas bocas são rosas
Que desfolhamos em prosas
Silabadas de amor
Em chão de estrelas
Que matizamos de violetas
No nimbo de duas almas poetas.
Melalmeida - http://beijosdemel-poesias.blogspot.pt/

TANTO É O MAR
Tanto é o mar
em redor das ilhas
que já nem sei quem mais amo
se a chama das águas
se os barcos
naufragos à vista
oráculos ao ritmo das marés
apeadeiros de aves
a cumprirem trajectos
no desassossego dos ventos

Tanto é o mar
no vazio povoado
de explosões de vida
sequestrado no paraíso
dulcícissimo
só precisa um pormenor de azul
para subir aos mastros

Quando chegar ao cais
com asas trôpegas da viagem
descobrirá âncoras
que sempre existiram
em desafio
nesta desordem
de cores nos jardins
Mar Arávelhttp://mararavel.blogspot.pt/

27 julho, 2012

"Memória das minhas putas tristes" - Gabriel García Márquez

Agora que foi oficialmente anunciado que Gabriel García Márquez perdeu a memória, lembrei-me de reler o seu último romance, publicado em 2004, onde as coincidências entre o escritor e o idoso personagem-narrador são evidentes.
Trata-se de uma pequena mas profunda e deliciosa história sobre a paixão e o amor na velhice, e começa assim:
No ano dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescente virgem.
Não se assustem, a história é lindíssima e não é sobre sexo – é sobre AMOR.
Quem a conta é um homem na idade em que cada hora é um ano.
Um homem, que aos cinquenta anos começou a notar as primeiras falhas de memória.
Um homem que vive duma reforma por quarenta anos de trabalho como inflaccionador de telegramas no El Diario de la Paz, das aulas que dá de gramática castelhana e latim, das crónicas dominicais que escreve há mais de meio século e das críticas sobre música e teatro.
Um homem que mantém desde os vinte anos um registo sobre as mulheres com quem se relacionou sexualmente, mulheres a quem sempre pagou.
O sexo é o consolo de uma pessoa quando lhe falta o amor.
Um homem que esteve para casar mas desistiu no dia da cerimónia.
Um homem que no dia do seu nonagésimo aniversário, decide viver uma nova experiência.
Estava há anos em santa paz com o meu corpo, dedicado à releitura errática dos meus clássicos e aos meus programas privados de música erudita, mas o desejo daquele dia foi tão premente que me pareceu um recado de Deus.
Então, fez um telefonema para a sua amiga Rosa Cabarcas, dona de um bordel clandestino, pediu e esperou.
Dias depois, Rosa Cabarcas anunciou: Tenho o teu presente.
A dormir, esperava-o uma menina franzina, a quem chamará Delgadina.
Naquela noite descobri o prazer inverosímil de contemplar o corpo de uma mulher adormecida sem as pressas do desejo ou dos entraves do pudor.
A dormir, e sempre a dormir, Delgadina será para ele o prazer solitário, o primeiro amor da sua vida de noventa anos.
Romance maravilhoso!

Memória das minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez
Ed. Dom Quixote, 2005
Tradução de Maria do Carmo Abreu
114 págs.

24 julho, 2012

Vale a pena ler... José Hermano Saraiva

José Hermano Saraiva faleceu no passado dia 20 de Julho. Tinha 92 anos.
Sei que tudo já foi dito e escrito sobre o percurso de vida, a obra e a carreira do professor, historiador, antigo ministro da Educação de Salazar, extraordinário estudioso e divulgador da nossa história.
Vou limitar-me a recordar o ano de 1991, quando comprei e li compulsivamente a 14ª edição do seu livro mais conhecido “História concisa de Portugal”. Voltei a ele tantas vezes, que as páginas se soltaram e a capa "envelheceu".
Sobre o título, disse o autor:
“… escolhi este título, que me não satisfaz, mas traduz rigorosamente a verdade: história concisa, isto é, história escrita de forma concisa.”
Eu sempre gostei de História, aliás fui sempre uma boa aluna nesta disciplina, e este “grande livrinho” teve o poder de me recordar o que estudara e prender, como se de um romance se tratasse.
Recordo que me espantei com o turbilhão de pormenores que abrangem todas as áreas: política, económica, social e cultural, com a simplicidade da escrita, com a capacidade de síntese de alguém que sabia tanto sobre “nós”.
“Muitas vezes, e em muitas circunstâncias, me pediram que indicasse uma “História de Portugal” abreviada, livro que não demorasse muito tempo a ler, mas desse uma visão global da evolução histórica do povo português. Livro que não contivesse mais do que o essencial, mas não ficasse pelo nível elementaríssimo dos vários epítomes escolares.”
Se não conhece este livrinho (duvido!) aproveite o verão para o ler de uma assentada.
Vai gostar de saber de “si”.
Logo que se instalou em Lisboa, Junot deu-se ares de reformador da vida nacional: anunciou uma era nova de liberdade e de progresso, prometeu a abertura de estradas e canais (aí estava o nosso maior atraso), administração eficaz, saneamento financeiro, asilos para os pobres, escolas para o povo.
Os grandes aderiram, os pequenos esperavam.
Nem mais!

20 julho, 2012

"A mesa limão" - Julian Barnes

Para os chineses o limão é o símbolo da morte.
Acabei de ler onze histórias maravilhosas sobre o envelhecimento. Onze pequenas mas profundas histórias sobre a velhice e a morte, histórias enternecedoras, histórias belas, histórias tristes e divertidas, histórias de amores e desamores, histórias de subversão, de arrependimento e resignação, muito bem contadas pelo grande Julian Barnes.
A sua leitura foi puro deleite. No final … queria mais e mais.
Gostei das onze histórias mas gostei um pouco mais das seguintes:
- Breve História do Penteado
Curto atrás e aos lados e em cima um bocado menos, disse a mãe ao barbeiro, na primeira vez que Gregory foi à barbearia.
A história conta essa primeira ida ao barbeiro e duas outras, em idades diferentes, sempre com o medo aterrador da “cadeira da tortura”. Humor e terror conjugados na perfeição.
- A História de Mats Israelson
Anders e Barbro são os protagonistas de uma relação de amor não consumada, porque durante vinte e três anos não encontraram o "tom" certo para falar sobre ela.
- As coisas que tu sabes
Há já três anos que Merrill e Janice, ambas viúvas, tomam o pequeno-almoço no hotel Harborviez, na primeira terça-feira de cada mês.
Serão amigas?
O que têm elas em comum, para além dos sapatos rasos de camurça, com sola anti-derrapante?
- Reviver
Ele tem sessenta anos e quer fazer a sua última viagem, a viagem do coração.
Para ele, todo o amor é simbolicamente uma viagem, e essa viagem precisa de se concretizar.
Ela tem vinte e cinco.
Ele viajou. Ela viajou. Mas eles não viajaram.
Podiam ter viajado. Se…
- Saber francês
Caro Dr. Barnes (Eu, mulher idosa, a caminho dos oitenta e um):
Bom, leio OBRAS sérias mas, para uma leitura mais ligeira à noite, que ficção se pode arranjar numa Casa de Velhos?
Sylvia, a mulher idosa, solteira, francófona, bilingue, dona de uma excelente memória e considerada a vida e alma do lar de idosos “Pilcher House”, remete, durante três anos, cartas a Julian Barnes. Nelas, fala com entusiasmo da língua francesa, do seu passado e do dia-a-dia na Casa de Velhos - um lugar onde não há ninguém com quem falar da morte.
- Apetite
Ele tem setenta e cinco anos, perdeu a memória, tornou-se malcriado e gosta que a mulher lhe leia livros de culinária.
- A gaiola da fruta
O amor tardio.
Porquê supor que o coração se atrofia como os órgãos genitais?
Gostei!
Aconselho, como leitura "fresca" de verão.

A mesa limão, de Julian Barnes
Tradução de Helena Cardoso
Ed. ASA, 2008
200 págs.

17 julho, 2012

Vale a pena ler... Alexandra Carita

O Português vai ser uma língua internacional?

O Português já é uma língua internacional.
A resposta é unânime e perentória. Comum a linguistas, escritores, investigadores e responsáveis pelos vários organismos que a promovem.
Os números falam por si. Com mais de 250 milhões de falantes… o português é a 5ª língua mais falada no mundo, a 3ª língua europeia mais falada – a seguir ao inglês e ao castelhano – e a mais falada no hemisfério sul. É ainda língua oficial e de trabalho de mais de 20 organizações mundiais, as principais e de maior referência.
Os últimos dados relativos ao número de utilizadores da internet por língua são também pertinentes. O português é usado por mais de 80 milhões, acima do francês, com 59 milhões de utilizadores, e do alemão, com 72 milhões.
…..

Se o entendimento do Governo é o de “considerar que o Acordo Ortográfico irá facilitar o conhecimento e a divulgação do português – opinião partilhada por linguistas a partir do argumento de que uma ortografia unificada facilita o uso da língua -, o de muitos escritores e especialistas do português é o contrário.

“O AO só virá deteriorar a língua, cria o risco de corromper a sua fonética e constitui uma antipolítica da língua”, sintetiza Vasco Graça Moura.

Excerto do texto de Alexandra Carita, publicado no jornal Expresso, de 14 Julho 2012
Vale a pena ler na íntegra.

13 julho, 2012

"O riso de Deus" - António Alçada Baptista

A letra de Deus nem sempre é decifrável e ninguém conhece a língua em que escreveu a alma humana.
Que início extraordinário para um romance extraordinário.
Romance que é o balanço de uma vida. Uma vida de alguém que se procura no amor humano.
Esse alguém é Francisco - narrador e personagem central – que ao entrar naquele que poderá ser o último ciclo da sua vida, logo o mais decisivo, faz uma paragem para compreender e pôr em ordem o passado, e partir de novo em busca do caminho que vai dar ao amor.
Sim, porque para ele a vida é feita de ciclos: quando um se fecha logo outro se inicia.
Para ele, esses ciclos são feitos de sonhos, desejos, ambições, escolhas, encontros, desencontros e muitas histórias de amor - o amor que se confunde com o próprio destino.
A gente não pode perder a esperança na realização dos sonhos e temos de manter isso até à hora da morte.
Para ele, a vida é a conquista da liberdade, numa aprendizagem constante da espécie humana.
… a gente vai aprendendo, aprendendo, e, quando já está a saber quase tudo, morre…
Então, no Outono da vida, Francisco "volta" ao passado e recorda viagens, factos históricos, a família, os amigos, e principalmente os momentos de intimidade com várias mulheres, todas elas cúmplices da mesma procura - a felicidade.
- Rita: eu acho que Deus tem assim um sorriso com o teu quando nos vê amargurados…
- E eu acho que ele se ri mas é daqueles que andam por aí, muito contentes e convencidos, a fazerem o mundo como está…
Que bem escreve António Alçada Baptista sobre as mulheres: pura poesia. 
Que bom foi reler este livro e “ouvir” de novo Francisco falar sobre a Rosa, a Marina, a Hannah, a Rita, a Claire…
Que belo e inteligente romance.
Aconselho a sua leitura a homens, claro, mas principalmente às mulheres.
Possivelmente, o amor continua a chamar-nos do centro do labirinto e nós andamos às voltas sem sermos capazes de o encontrar.
Fabuloso!

O riso de Deus, de António Alçada Baptista
Ed. Presença, 1994
206 págs.

10 julho, 2012

Poema de... Manuel Alegre

UM LIVRO
Um livro escreve-se uma vez e outra vez.
Um livro se repete. O mesmo livro.
Sempre. Ou a mesma pergunta. Ou
talvez
o não haver resposta.
Por isso um livro anda à solta sobre si mesmo
um livro o poema a prosa a frase
tensa
a escrita nunca escrita
a que não é senão o ritmo
subterrâneo
o anjo oculto o rio
o demónio azul.

Um livro. Sempre.
Um livro que se escreve e não se escreve
ou se rescreve junto
ao mesmo mar.

Um livro. Navegação por dentro
errância que não chega a nenhuma Ítaca.
Um livro se repete. Um livro
essa pergunta
incognoscível código do ser.
Metáfora de cornos e pés-de-cabra.
Um livro. Esse buscar
coisa nenhuma.
Ou só o espaço
o grande interminável espaço em branco
por onde corre o sangue a escrita a vida.
Um livro.

Poema de Manuel Alegre, Portugal (1936-)
Pintura (La bibliotheque) de Vieira da Silva, Portugal (1908-1992)

06 julho, 2012

"A confissão da leoa" - Mia Couto

- Você, Mariamar, é que vai contar histórias.
- Mas eu sou uma menina, nunca cacei, nunca irei caçar…
- Todos já caçámos, todos já fomos caçados.
Pois é, Mia Couto “caçou-me” com este excelente romance. Ou poema?
Agora, lamento nunca ter lido nada dele. Ainda vou a tempo, os livros estão todos ali, alinhados por um moçambicano cioso das histórias da sua terra.
O leão não devora apenas pessoas. Devora a nossa própria humanidade.
A história baseia-se num acontecimento real, que ocorreu no norte de Moçambique, em 2008: inesperadamente, leões penetram em áreas habitacionais e tornam-se comedores de pessoas.
O pânico apodera-se dos habitantes da região. Não percebem o que se passa e não conseguem apanhar os leões assassinos, que em poucos meses fazem vinte e seis vítimas: vinte e cinco mulheres e um homem.
Mia Couto, que na altura trabalhava na região como biólogo, assiste ao desespero daquela gente e pede a Maputo que para ali mande caçadores experientes. Mandaram dois e só ao fim de dois meses os leões foram abatidos.
Isto foi o que realmente se passou.
Agora, neste romance extraordinário, o autor mistura de forma convincente o real com o irreal e conta a história através de dois narradores/personagens, que dividem entre si os capítulos do livro:
- a versão de Mariamar, uma jovem abusada pelo pai, Genito Mpepe, e maltratada pela mãe; uma jovem que aprendeu a ler com os animais; uma leoa que fez da palavra a sua arma, numa terra onde uma mulher… não é ninguém. Mariamar tem um sonho – viajar para a cidade e encontrar o homem que caçou o seu coração há dezasseis anos atrás.
- e o diário de Arcanjo Baleio, o estranho caçador (caçado) que foge da amada Luzilia, a cunhada, para fazer a sua última caçada, numa região onde já estivera há dezasseis anos atrás.
Sou caçador, sei o que é perseguir uma presa. Toda a minha vida, porém, fui eu o perseguido,
Tudo se passa na aldeia de Kulumani, um lugar onde vivem os pobres e os donos da pobreza, onde não há polícia, não há governo, e mesmo Deus só há às vezes.
A guerra passou por Kulumani e deixou um rasto de extrema miséria. Ali, a fome, o misticismo e a feitiçaria transformam os homens em bichos e os bichos em homens. Ali, a espingarda usa-se para caçar os fazedores de leões.
Para fazer a reportagem da caçada, chega com Baleio o jornalista/escritor Gustavo Regalo, o homem branco que odeia a caça, mas quer falar com testemunhas sobre os ataques dos leões,  ouvir relatos sobre a guerra civil e… ver Baleio matar os comedores de pessoas.
Os aldeões olham-no com estranheza e colocam-lhe a pergunta chave deste romance:
Querem saber como morremos? Mas nunca ninguém veio saber como vivemos.
Eu acreditei a cem por cento nesta história – um hino à mulher moçambicana - narrada com a mestria dos que sabem "batucar" com as palavras e criar personagens convincentes e inesquecíveis.
Que bem escreve este fazedor de palavras.

A confissão da leoa, de Mia Couto
Editorial Caminho, 2012
270 págs.

03 julho, 2012

Desafio nº 8 – Quem tão bem escreve sobre a perda, a vida e a morte merece um aplauso. Sabe quem perdeu e o que depois escreveu?

Não me conformo à morte da imortalidade, e não ouço a voz quente e cantada do meu pai. Custou-me tanto não ter um pai quando comecei a ser bonita. Um pai com quem pudesse brincar ao mistério feminino, um pai a quem pudesse chocar e enternecer, apresentar rapazes e pedir ajuda. Aos catorze anos disseram-me que não tinha pai nem mãe, disseram-me que ninguém pode dizer que tem o amor de que mais precisa. Chamei por eles através do espaço saturado das noites e nunca lhes ouvi a voz.

Ajuda se eu disser que foi o terceiro romance que publicou?
Ajuda se eu disse que é portuguesa e profunda conhecedora de Fernando Pessoa?

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Resposta do Desafio nº 7:
Não necessito de discursar para divulgar: trata-se de “O Papalagui”, uma compilação dos discursos de Tuiavii, chefe de tribo de Tiavéa, nos mares do sul, recolhidos e publicados por Erich Scheurmann.
O livro foi publicado em Portugal pela editora Antígona, em 1989.
Parabéns para quem acertou.

01 julho, 2012

Pétalas de sabedoria - o meu novo blog

Inicio hoje um novo blog - www.petalasdesabedoria.blogspot.com 
Para mim será um enorme baú onde vou guardar frases, pensamentos, provérbios e tudo o mais que me toca e emociona.
Ao longo de muitos anos fui amontoando papelinhos em caixas e gavetas e, agora, decidi guardá-los num enorme baú.
Se por lá passar deixe aquele pequeno texto que o tocou. Eu publicá-lo-ei com o seu nome e o seu blog. Utilize a minha caixa de email e siga o modelo das minhas publicações.
Juntos construiremos um jardim de memórias perfumadas.
Já agora, deixe a sua opinião.