18 dezembro, 2018

BOAS FESTAS!


Compras de Natal - São as cestinhas forradas de seda, as caixas transparentes, os estojos, os papéis de embrulho com desenhos inesperados, os barbantes, atilhos, fitas, o que na verdade oferecemos aos parentes e amigos. Pagamos por essa graça delicada da ilusão. E logo tudo se esvai, por entre sorrisos e alegrias. Durável - apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar para este mundo.”

Cecília Meireles, jornalista, escritora e professora brasileira (1901-64)


Desejo a todos os amigos que o Rol de Leituras trouxe para a minha vida, Feliz Natal e um Novo Ano repleto de paz, saúde, amor, alegria e… boas leituras!
E deixo uma palavra de gratidão pelos abraços em palavras, pelas prendas de alegria, pelas mensagens carinhosas. Que triste seria a minha vida sem vós!

Um GRANDE abraço para todos e Boas Festas!
(Não esqueçam que o tempo é precioso. Vivam plenamente cada dia de 2019.)

Fotos da net.

14 dezembro, 2018

"Se eu pudesse trincar a terra toda" - Fernando Pessoa

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento…
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural…

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva…

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…

Poema de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa (1888-1935)

Sabia que (6):
1908 - Começa a trabalhar nos escritórios de várias firmas comerciais como correspondente estrangeiro.
Escreve os primeiros fragmentos do Fausto.
1910 - Escreve poesia e prosa em português, inglês e francês.
1911 - Aceita traduzir para português uma Antologia de Autores Universais dirigida por um editor americano e destinada a ser publicada no Brasil.
1912 – Estreia literária como crítico.
1913 – Intensa actividade criadora, crítica e de polemista: colabora no semanário «Teatro» de Boavida Portugal e m «A Águia»; escreve Epithalamium, Hora Absurda, O Marinheiro. É também um período intenso de discussão e de tertúlia com os jovens artistas da sua geração.”
("Fernando Pessoa, uma fotobiografia", de Maria José de Lancastre).

Não sabia? Eu também não!
O que importa é que agora sabemos.
Prometo partilhar mais informações sobre a vida do poeta do desassossego.
(Foto da net)

11 dezembro, 2018

À terça - imagens e palavras: "pessoas"


“Há pessoas que conseguem, com uma espécie de força selvagem e primitiva, sugar tudo, cada vida, do mundo que as rodeia, como na floresta, lianas há que subtraem às árvores de grande porte a humidade e nutrientes do chão, ainda que a centenas de metros de distância. É esta a sua lei, a sua peculiaridade. Não se trata de serem más, são assim…”


Frase de Sándor Márai, escritor húngaro (1900-89), in “A mulher certa”, ed. Dom Quixote, 2009

Leia mais sobre este sublime romance aqui.
(Foto da net.)

07 dezembro, 2018

NATAL em Lisboa


HORA DE NATAL
É a hora em que os mármores
no silêncio das criptas
de repente se abraçam
e se tornam de argila

É a hora em que as máscaras
se desfazem no íntimo
de quem se acostumara
a trazê-las consigo
É a hora em que as pálpebras
já não mais necessitam
de manter-se crispadas
ante visões iníquas

É a hora em que as lágrimas
incendeiam os livros
que sem as suas asas
haviam sido escritos
É a hora em que as lápides
sucumbem ao delírio
de não lembrar massacres
nem celebrar suplícios

É a hora em que as pávidas
madrugadas se exilam
em que as noites e as tardes
são manhãs definidas
É a hora em que as pátrias
já não têm limites
É a hora em que as grades
de ser grades desistem

É a hora em que as almas
entre si comunicam
É a hora que falta
no relógio da vida

Poema de David Mourão-Ferreira, in "Obra poética 1948-1988", Ed. Presença, 1988
(Fotos da net.)

04 dezembro, 2018

À terça - imagens e palavras: "histórias de amor"


"Todas as histórias de amor são potenciais histórias de dor. Se não no princípio, depois. Se não para um, para o outro. Às vezes para ambos. Então por que aspiramos continuamente a amar? Porque o amor é o ponto onde se encontram a verdade e a magia."


Frase de Julian Barnes, escritor inglês (1946-), in “Os níveis da vida”, Ed. Quetzal, 2013

Leia mais sobre este brilhante romance aqui.
(Foto da net.)

01 dezembro, 2018

8º aniversário do "rol de leituras"

Este ano decidi celebrar o aniversário do "Rol de Leituras" de modo diferente, com versos de uma amiga virtual, que recentemente tive o privilégio de conhecer pessoalmente: a Graça Pires, do blogue Ortografia do Olhar.
Nestes oito anos de actividade bloguista fiz muitas amiga(os), mas foi ela a primeira que abracei (e como foi bom o abracinho dela) e por isso decidi celebrar este dia com um poema seu.
Ao ouvido vos digo, para ela não ouvir: a Graça, a poeta fazedora de versos que despertam emoções, tem um sorriso cativante (os seus olhos sorriem) e é linda como os versos que compartilha no seu blogue. E mora pertíssimo de mim. E vamos encontrar-nos mais vezes.
Este ano o Rol deu-me um presentão!

UMA AMIGA
Não sabes se é possível recolher
as últimas estrelas da noite,
para amenizar o peso do silêncio.
Mas, do cume da manhã,
avistas sempre, tu o dizes,
um atalho para a felicidade,
porque as tuas mãos respiram
a irrecusável posse de uma alegria
capaz de multiplicar a voz,
para dizer que, em todos os rostos,
desagua um rio navegável
onde importa saber ser barco,
ou remo, ou, simplesmente,
o rumor da água corrente.
Ao acaso, repartes o gosto de viver
sem a lógica de coisa calculada
e sem nunca ficares de fé perdida,
como se usasses o optimismo
em legítima defesa.
(Poema publicado no livro "Ortografia do olhar" (1996)  e na colectânea "Poemas Escolhidos 1990-2011" (2012). 

Voltando ao Rol, foram 8 anos de muita aprendizagem e satisfação, mas também de algum desgaste e desânimo. Vencido o desânimo (com palavras que recebi e que iluminaram os dias mais tristes) agradeço a todos os amigos(as) bloguistas - os que apenas passam por aqui, os que ficam, os que leem mas não comentam, os que respondem aos meus comentários com silêncio (aprende-se muito ouvindo o silêncio) - os elogios, as críticas (construtivas), os incentivos, a simpatia, a paciência, a generosidade, o consolo e tranquilidade, a amizade, o carinho, os beijos e abraços que me acalentam (nunca saberão quanto) e dão ânimo para continuar partilhando leituras e outras coisas mais. 
Obrigada a todos, por tudo!

Agora é hora de festejar, porque «hoje, confesso, acordei com vontade de ser feliz» (palavras da Graça Pires, que faço minhas todos os dias).

Qual será o meu próximo presentão? Quando o receber, saberão!
Beijos.

(Fotos da net.)