30 janeiro, 2018

À terça - imagens e palavras: "tempo"


“O tempo corre. Graças a ele, em primeiro lugar somos seres vivos, o que quer dizer: acusados e julgados. Depois, morremos, e permanecemos ainda alguns anos com aqueles que nos conheceram, mas depressa se produz uma outra mudança: os mortos tornam-se velhos mortos, ninguém mais se lembra deles e desaparecem no nada.”


Frase de  Milan Kundera, escritor checo (1929-), in “A festa da insignificância”, Ed. D. Quixote, 2014
(Veja mais no blogue “Pétalas de Sabedoria”)
Foto da net.

26 janeiro, 2018

"O Deus das pequenas coisas" - Arundhati Roy

… o segredo das Grandes Histórias é elas não terem segredo nenhum. As Grandes Histórias são aquelas que já ouvimos e queremos voltar a ouvir. Aquelas onde podemos entrar e morar confortavelmente. Que não nos enganam com calafrios e finais acrobáticos. Que não nos surpreendem com o imprevisto. Que são tão familiares como a casa onde moramos. Ou o cheiro da pele de um amante. Sabemos como acabam, porém ouvimo-las como senão soubéssemos. Tal como, embora sabendo que um dia havemos de morrer, vivemos como se não o soubéssemos. Nas Grandes Histórias sabemos quem vive, quem morre, quem encontra o amor e quem não encontra. E, contudo, queremos saber de novo.
Por tudo isto, e muito mais que não é para aqui chamado, decidi reler “O Deus das Pequenas Coisas”(1997) - o primeiro romance de Arundhaty Roy, vencedor do Booker Prize - antes de ler “O Ministério da Felicidade Suprema”, publicado em 2017.
Vinte anos separam os dois romances. O que terá mudado na prosa mística e luminosa da indiana que cursou arquitectura e abandonou a ficção para se dedicar ao ensaio e à intervenção política?
Estou curiosíssima!
“O Deus das Pequenas Coisas” conta a história de três gerações de uma família do sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na terra natal. Uma história apaixonante, moralmente intensa, feita de pequenas histórias vividas por personagens inesquecíveis - os gémeos Rahel e Estha, a mãe Ammu, a avó Mammachi, o avô Pappachi, o tio Chacko, o misterioso Velutha... - numa época conturbada onde “só as pequenas coisas são ditas e as grandes coisas permanecem por dizer”, onde tudo pode acontecer a todos, onde tudo pode mudar num dia.

Se ainda não leu este arrebatador romance... LEIA!

O Deus das pequenas coisas, de Arundhati Roy
Tradução de Teresa Casal
Ed. ASA, 1998
301 págs.

23 janeiro, 2018

À terça - imagens e palavras: "gratidão"


“A gratidão é a memória do coração.”

Frase de Antístenes, filósofo da Grécia Antiga (-445/-365)
(Veja mais no blogue “Pétalas de Sabedoria”)
Foto da net

Estou de volta, mas não totalmente restabelecida.
Esta gripe foi forte, muito forte mesmo. As coisas complicaram-se para o meu lado.
Continuo vigiada, medicada e debaixo de mantas quentinhas.
Ontem consegui iniciar a leitura de um livro de crónicas de José Eduardo Agualuza, aqui deixado pelo Pai Natal. Foi uma vitória!
Pouco a pouco a vida volta à normalidade.
Agradeço os comentários e mensagens de carinho e preocupação. 
Estou grata a todos, por tudo!

13 janeiro, 2018

Uma braçada de lírios, rosas e... gripe!

Dá-me lírios, lírios
E rosas também.
Dá-me rosas, rosas,
E lírios também,
Crisântemos, dálias
Violetas, e os girassóis
Acima de todas as flores...

Deita-me às mancheias,
Por cima da alma,
Dá-me rosas, rosas
E lírios também...

Versos de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, Portugal (1888-1935)
Aguarela em papel “Rosas sempre rosas”, de Léah Mae, pintora e cronista, autora do belo blogue “Minhas pinturas
Pois é, o vírus da gripe entrou, sem ser convidado, em minha casa. E não parece querer sair.
Há uma semana que por aqui anda fazendo estragos: começou pelo maridão e logo depois, pumba, apanhou-me pela garganta.
Ataquei-o com antigripais, xarope, pastilhas, canja quentinha, e mantas, mas… está difícil debelar a infecção: a tosse (cavernosa) continua, o pingo do nariz não pára de cair, os espirros frequentes rebentam-me com as costas, as dores passeiam-se por mim da cabeça aos pés.
A desgraçada da gripe veio para ficar.
Entretanto, o sofá tem sido o meu melhor amigo: esparramada nele, dormito, vejo filmes gravados há meses e leio pequenos poemas. Para grandes romances… não há clima!
Afinal, o que é mesmo a gripe?
Ninguém merece!

09 janeiro, 2018

À terça - imagens e palavras: "silêncio"


“O silêncio é um amigo que nunca trai.”


Frase de Confúcio, sábio chinês (-551/-479)
(Veja mais no blogue Pétalas de Sabedoria)
Foto da net.
Já deu para perceber que gosto de frases curtas, pensamentos, provérbios, mensagens inspiradoras. Desde que me toquem no coração, não me importa que sejam de pessoas célebres ou desconhecidas, de personagens de romances (expressivas da sabedoria do autor), de versos sem rima nem métrica, de versículos da Bíblia, de revistas ou jornais. Tudo o que me ensina, emociona, empolga, eu sublinho, ou recorto, ou anoto em folhas soltas, caderninhos, agendas. E guardo!
Em Julho de 2012 decidi criar um blogue, um enorme baú como lhe chamei na altura, para as guardar e compartilhar: “Pétalas de Sabedoria” é o meu jardim de memórias perfumadas. Todos os dias, às onze horas, ali me encontro e encanto.

A vida é feita de pequenos nadas, neste caso, de pequenas frases.
Acredite!

05 janeiro, 2018

"Se a nossa vida fosse um eterno estar-à-janela..." - Fernando Pessoa


"Se a nossa vida fosse um eterno estar-à-janela, se assim ficássemos, como um fumo parado, sempre, tendo sempre o mesmo momento de crepúsculo dolorindo a curva dos montes. Se assim ficássemos para além de sempre! Se ao menos, aquém da impossibilidade, assim pudéssemos quedar-nos, sem que cometêssemos uma ação, sem que os nossos lábios lívidos pecassem mais palavras!
Olha como vai escurecendo!... O sossego positivo de tudo enche-me de raiva, de qualquer coisa que é o travo no sabor da aspiração. Dói-me a alma… 
Tão supérfluo tudo! Nós e o mundo e o mistério de ambos."


Fernando Pessoa, poeta português (1888-1935), in “Livro do desassossego”, Ed. Tinta da China, 2014
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