31 dezembro, 2014

Viver (e ler) é formidável! Bom 2015 para todos!


Estar vivo é formidável...
"A rainha da neve", de Michael Cunningham, Ed. Gradiva, 2014

... temos de nos conformar com aquilo que somos...
"As velas ardem até ao fim", de Sándor Márai, Ed. Dom Quixote, 2001

... amanhã correremos mais depressa...
"O grande Gatsby", de F. Scott Fitzgerald, Ed. Presença, 1985

... lê os melhores livros...
"Ravelstein", de Saul Bellow, Ed. Teorema, 2001

... lendo, fica-se a saber quase tudo...
"A caverna", de José Saramago, Ed. Caminho, 2005


Foto tirada da net.

23 dezembro, 2014

FELIZ NATAL para todos!


NATAL
O chefe de família limpou a boca ao guardanapo e afirmou
assim como dois e dois são quatro e não são outra coisa
O Natal é o Natal e não é outra coisa antes pelo contrário
E para provar o que dizia comeu uma asa de peru
com recheio de castanhas
e limpou os dedos gordurosos ao bordado da toalha
À volta da mesa metade da família discutia a mensagem
e comia
e a outra metade mais intelectual comia a mensagem
e discutia
sim tal não tal
sim tal não tal
não tal
não tal
Natal

Poema de Yvette Centeno (Portugal 1941-)
Foto tirada da net.

19 dezembro, 2014

"A pomba e a rosa" - conto de Ramiro Calle


A pomba e a rosa
“O Sol começava a despontar. Os primeiros raios rasgaram a escuridão da noite e, com a claridade do novo dia, uma pomba, volitando, entrou inadvertidamente num templo. Todas as paredes do santuário estavam cobertas com espelhos. No centro do santuário, em oferenda ao Absoluto, o sacerdote colocara uma belíssima rosa, que se reflectia nos espelhos provocando inúmeras imagens de si mesma. A pomba, tomando os reflexos da rosa pela rosa verdadeira, começou a lançar-se contra um e outro espelho, chocando violentamente contra eles, incansavelmente, até que o seu pequeno e frágil corpo sucumbiu. Morta, a pomba tombou sobre a rosa.

Em qualquer ser humano encontra-se o real e o adquirido; o essencial e o aparente. A busca do bem-estar exterior deve ser associada e complementada com a busca do bem-estar interior. Se uma pessoa puser toda a sua energia ao serviço da aparência, da imagem e da personalidade, consumirá a sua vida cativa dos reflexos, e de costas viradas para a sua natureza real, ou essência. É preciso aprender a distinguir entre o acessório e o substancial mediante o discernimento correcto, e ir recuperando esse “eu verdadeiro”, diferente do “eu social”. A rosa do conhecimento desponta dentro de nós mesmos.

Os Melhores Contos Espirituais do Oriente” – Ramiro Calle, ed. A esfera dos Livros.

Foto tirada da net.

16 dezembro, 2014

"O matrimónio" - conto de Ramiro Calle

O matrimónio
“Embora estivessem casados há apenas uns meses, não eram capazes de parar de discutir quase permanentemente e muito crispadamente. Por essa razão, decidiram visitar um homem que tinha fama de conselheiro. Puseram-no a par dos temas das discussões porque cada um pensava ter razão sobre o outro. O conselheiro disse:
- O par perfeito é aquele em que os dois se transformam num só.
E então, muito aflitos, ambos perguntaram em uníssono:
- Mas em qual dos dois?

O ego procura incansavelmente a maneira de se afirmar e de se reafirmar, de consolidar a sua estrutura e aumentar a sua burocracia, de exercer como um tirano e não ceder nas suas exigências. Um ego exacerbado rouba-nos a paz e a felicidade. Todos ficamos aflitos com a ideia de sentir o nosso ego ameaçado e não nos apercebemos de que o ego não é a nossa essência. A ego-realização, que nos acorrenta, é muito diferente da auto-realização, que nos liberta.”

Os Melhores Contos Espirituais do Oriente, de  Ramiro Calle, Ed. A esfera dos Livros.

Foto tirada da net.

12 dezembro, 2014

Acção, conspiração, aventura, humor - David Liss



Eis dois divertidos, exuberantes e arrebatadores romances históricos, que seguem as aventuras (e desventuras) de Benjamin Weaver - judeu português, detective, espadachim, antigo pugilista, caçador de criminosos, mestre do disfarce – no submundo do crime londrino do séc. XVIII.

"A Conspiração de Papel"
Benjamin Weaver trabalha para clientes aristocráticos na cobrança de dívidas difíceis. Vive afastado da família devido à má relação que tem com o pai, um abastado investidor da bolsa. Quando este é brutalmente assassinado, Weaver não pode ficar de braços cruzados.
Descendo ao submundo do crime londrino, Weaver ziguezagueia entre bordéis, cervejarias, prisões e casas de jogo, para descobrir uma conspiração que o ameaça não só a si, mas também à própria Inglaterra.

“O Grande Conspirador”
«Condeno-o à morte por enforcamento, Sr. Weaver, pelo hediondo assassinato que praticou.»
Ao ouvir a sentença do juiz, Benjamin Weaver começa um dos dias mais infelizes da sua vida.
Atirado para a terrível prisão londrina de Newgate, Weaver terá de empregar a sua considerável energia e inteligência para fugir para as ruas fedorentas da capital. Na sua mente, apenas um desejo: encontrar quem se deu a tanto trabalho para o incriminar por um assassinato que não cometeu.

Peça-os ao Pai Natal, leia e divirta-se.
Muito!!

05 dezembro, 2014

"A herança de Eszter" - Sándor Márai

Não sei o que Deus ainda me reserva. Mas antes de morrer, quero escrever a história do dia em que Lajos veio ver-me pela última vez e me roubou. Há três anos que venho adiando estes apontamentos. Agora, sinto como se uma voz, contra a qual não posso defender-me, me exortasse a escrever a história desse dia - e tudo, tudo o que sei acerca de Lajos -, porque esse é o meu dever, e já não tenho muito tempo.
Poucas vezes um início de romance me atraiu tanto. Foram ainda menos, as vezes que uma história de amor me comoveu e arrebatou. E muito menos ainda, as vezes que “ouvi” uma personagem.
Acreditem se quiserem, eu ouvi Eszter  contar a história do dia em que Lajos voltou para lhe tirar a única coisa de valor que ela possuía: a casa dos seus pais, onde vive com a velha Nunu, uma casa húmida e fria, maltratada pelo tempo, onde aconteceram muitas coisas e nem sempre alegres.  E na história daquele dia coube toda a vida de Eszter. Uma vida feita de anéis de mentiras.
Estranho?
Não, porque a escrita de Sándor Márai é perfeita e mágica!
Diz a sinopse:
Durante vinte anos Eszter viveu uma existência cinzenta e monótona, fechada sobre si própria, esperando a morte e sonhando com o retorno de um amor impossível. Até ao dia em que, inesperadamente, recebe um telegrama de Lajos, o único homem que amou e graças ao qual encontrou, por um breve período, sentido para a sua vida. Grande sedutor e canalha sem escrúpulos, Lajos não só traiu Eszter como destruiu a sua família, tirando-lhe tudo o que possuía. Agora, depois de uma ausência prolongada, regressa e Eszter prepara-se para o receber comovida e perturbada por sentimentos contraditórios.
Como não quero revelar mais sobre o enredo, não encontro as palavras exactas para falar de Eszter, nem estou interessada em imitar Lajos - que no meio das suas mentiras, se extasiava e chorava, continuava a mentir com as lágrimas nos olhos, e, por fim, para grande surpresa de todos, já dizia a verdade com a desenvoltura com que, no início, mentira - fico por aqui.
Antes, porém, recomendo vivamente que leiam (ou oiçam?!) esta história.
Ou melhor, eu recomendo que leiam tudo o que Sándor Márai escreveu. TUDO!
O homem vive, e corrige, ajusta, edifica, e destrói, algumas vezes, a sua vida; mas, passado tempo, dá-se conta de que o todo, tal como está, por força dos erros e do acaso, é imodificável.
Magnífico!

A herança de Eszter, de Sándor Márai
Tradução de Ernesto Rodrigues
Ed. Dom Quixote, 2006
150 págs.

02 dezembro, 2014

4º - Está num livro de José Saramago. Sabe qual é?

“…Observo que estás muito mais despachado de espírito, e mesmo um pouco impertinente, considerando a situação, do que quando te vi pela primeira vez, Era um rapaz assustado, agora sou um homem, Não tens medo, Não, Tê-lo-ás, descansa, o medo chega sempre, até a um filho de Deus, Tens outros, Outros, quê, Filhos, Só precisava de um, E eu, como vim eu a ser teu filho, Tua mãe não to disse, Minha mãe sabe, Enviei-lhe um anjo a explicar-lhe como as coisas se tinham passado, pensei que to tivesse contado, E quando esteve esse anjo com a minha mãe, Deixa-me ver, se não erro nos cálculos, foi depois de teres saído de casa pela segunda vez e antes de fazeres aquela do vinho em Caná…”

Se já leu, é fácil chegar lá. Vire as páginas. Releia. Deslumbre-se.
Se acertar, ganhará... um enorme aplauso!

O título do livro nº 3 é:
História do cerco de Lisboa”, Editorial Caminho, 1989

01 dezembro, 2014

4º aniversário do "rol de leituras"

... e num abrir e fechar de olhos  passaram quatro anos.
Uau!
Nem tudo foi fácil, confesso. Neste quarto ano a minha relação com o rol de leituras foi um tanto ou quanto conturbada, com muitos desentendimentos e arrelias. 
Eu assumo alguma culpa, porque deixei que a “dona preguicite aguda” me acorrentasse ao sofá horas a fio, e me deixasse sem forças para virar as páginas dum livro e matraquear nas teclas do computador. Deixei, disse bem, porque já terminei com tal fantochada.
Fizemos as pazes. Agora, “abastecida” de pensamentos positivos e muito chá de camomila, vou continuar a publicar no meu rol de leituras, opiniões, frases, pensamentos e poemas, seleccionados das minhas leituras e releituras (cada vez mais, lamentavelmente).

Obrigada aos meus seguidores e a todos os que pararam aqui. 
Obrigada pelos comentários, pelas mensagens.
Obrigada Carlos (professor em Braga) pela mensagem grande, estimulante e inteligente. Ainda não respondi, mas não esqueci - vai ser difícil, pois todos os dias “lhe ponho os olhos em cima”. Verdade!
Obrigada a todos.

Por favor leiam, leiam, leiam!
Abraço!