28 julho, 2020

PORTUGAL (Vilamoura / Algarve) - férias em tempo de pandemia Covid 19


Primeira quinzena de Julho, 2020. Férias em Vilamoura / Algarve.
Alojamento no hotel Vila Galé Ampalius, com localização privilegiada frente à praia da Falésia, a poucos metros do Casino e da Marina de Vilamoura.
Hotel com taxa de ocupação limitada para garantia da distância social e protecção de hóspedes e colaboradores. Nada, mesmo nada a apontar quanto a segurança. Claro que estranhei alguns procedimentos. Claro que não vi o rosto de nenhum dos colaboradores do hotel. Sempre de máscaras. Hóspedes e colaboradores. Acontece que os hóspedes tiravam a máscara para comer e mergulhar nas piscinas, os colaboradores, nunca!
Praia da Falésia, a dois passos do hotel, quase sem banhistas. Acreditem, não gostei de olhar/caminhar/mergulhar numa praia deserta em pleno verão.
Marina de Vilamoura, vazia de pessoas (de dia e de noite, coisa estranhíssima!), mas não de «barquinhos». Zona de muitos restaurantes, eram poucos os que estavam abertos,  e pouquíssimos os clientes. 
Casino... não sei se funcionava. Passei ao lado!
Foram diferentes estas férias. 
Sem a diversão habitual no hotel,  sem buffet de pequeno-almoço, que eu amo de paixão mas acabo por comer sempre o mesmo: fruta e cereais...
Sem saída à noite para outras zonas do Algarve.
Desta vez, talvez pela primeira vez, mergulhei mais na água doce do que na água salgada.
E nadei, nadei, nadei, e li, li, li. Deitada numa espreguiçadeira esmeradamente higienizada, eu li muito. E bronzeei, claro!
(mais fotos deste e de outros sítio algarvios por onde já andei, aqui)




21 julho, 2020

"Autobiografia" - José Luís Peixoto

"Toda a obra literária leva uma pessoa dentro, que é o autor.
O autor é um pequeno mundo entre outros pequenos mundos.
A sua experiência existencial, os seus pensamentos, os seus sentimentos estão ali."
(José Saramago, 2001)*

Autobiografia é um espelho, como nós somos um espelho.
Somos?
Sim, somos. No entanto, não confie demasiado, os espelhos distorcem.
No centro deste romance está um segredo que une José a José. O primeiro é escritor consagrado, o segundo é escritor de um só romance, que anseia pelo segundo.
Que segredo é esse? Segredo é segredo e não posso revelá-lo. Mas está lá, perto do final desta ousada narrativa protagonizada por José (Luís Peixoto) e José (Saramago). Verdade! E Pilar também aparece na trama, como personagem secundária.
O segredo que une o José jovem ao José consagrado eu sei qual é, mas o que nunca saberei é porque escreveu José Luís Peixoto um livro com uma estrutura narrativa diferente de tudo o que já escreveu, que me obrigou a uma leitura atentíssima tão ténue é a fronteira entre realidade e ficção, tão bruscas são as mudanças de espaço e tempo, tão cruzadas e ramificadas são as histórias dos dois protagonistas, e  de outros personagens com ênfase na história. Resultado: uma teia (magnífica), imensa e intrincada.
Veja se me acompanha:
Saramago escreveu a última frase do romance. (o romance é "Todos os Nomes" e começa exactamente assim “Autobiografia”)
Na realidade, José (Saramago) termina no início de Julho de 1997 o romance “Todos os Nomes”, que tem como protagonista José, um funcionário do Registo Civil.
Na ficção, “Todos os Nomes” acabou de ser escrito por José, escritor consagrado.
Na realidade, José (Luís Peixoto) escreveu “Autobiografia”.
Na ficção, José é um jovem escritor angustiado, com problemas pessoais - jogo, álcool, amores, perdas - a quem o editor encomenda uma biografia de Saramago. José, que  «nunca se imaginara biógrafo, não era biógrafo; precisava de um segundo romance escrito», hesita mas aceita, sem saber o caos que tal decisão trará à sua, já caótica, vida.

Confuso? Não! Desconcertante e surpreendente.
E mais não digo, porque esta complexa/extraordinária construção narrativa tem de ser lida por si, concentrado e sem pressa de avançar.
Vá lá... digo que no fim deste romance escrito por José, eu soube que o jovem escritor angustiado, de nome José, conseguiu, finalmente, escrever «a primeira frase do (segundo) romance». Verdade!

"A literatura é o resultado de um diálogo de alguém consigo mesmo." 
(José Saramago, 2008)*

(*) José Saramago citado por José Luís Peixoto.

Autobiografia, de José Luís Peixoto
Quetzal, Ed, 2019
300 págs.


14 julho, 2020

AMIGO é aquele que...


“Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto." 
(Francis Bacon)


AMIGO
É aquele que ouve atentamente
Aquele que aconselha nas indecisões
Aquele que nada pede em troca
Aquele que não se intromete nem sufoca
Aquele que conforta com uma só palavra
Aquele que diz «não» quando é preciso
Aquele que adverte com um sorriso
Aquele que olha com o coração
Aquele que chama à razão
Aquele que mesmo longe está perto
Aquele que faz sorrir
Aquele que atenua medos
Aquele que guarda segredos
Aquele que respeita silêncios
Aquele que rejubila com os sucessos
Aquele que consola nos insucessos
Aquele que estimula a ir mais além
Aquele que abraça nas horas más
Aquele que alerta «por aí não vás»
Aquele que diz «estou aqui»
Sempre!
(Teresa Dias)
(fotos da net)