"A viagem é melhor que o fim."
Miguel de Cervantes, escritor espanhol (1547-1616)
Em 1995 celebrámos o Natal nas
Seychelles e a Passagem de Ano na
África do Sul.
O Carlos estava no norte de Moçambique em serviço, eu fui ter com ele a Maputo e dali voámos para Mahé, via Johannesburg.
Mahé é a maior (28 km comprimeto/8 km largura) e mais habitada das 115 ilhas do arquipélago das Seychelles – independente do Reino Unido desde 1976 - um paraíso localizado no Oceano Índico Ocidental, visitado por turistas de todo o mundo.
Com baías cristalinas, praias de areia branca, águas azul-turquesa, hotéis luxuosos ou modestos, vegetação verde e luxuriante (chuvisca todos os dias) e uma temperatura amena e constante, é o destino exótico ideal para quem gosta de banhos de mar em praias quase desertas, fazer mergulho, admirar a natureza, comer peixe fresquíssimo, conviver e descansar.
Ali não se vivem noites ruidosas. Ali a natureza impõe silêncio.
Ficámos alojados num pequeno hotel familiar localizado sobre a areia de uma praia encantadora. E foi quase em família que celebrámos o Natal.
Na primeira ida à praia, a nossa máquina fotográfica resolveu “experimentar”a água salgada e de imediato deixou de funcionar.
Eu entrei literalmente em pânico. Como iria fazer o registo fotográfico da viagem?
No jipe que alugámos (a melhor forma de nos movimentarmos na ilha e acedermos às praias, centro histórico e outros pontos turísticos) fomos à procura de uma nova máquina.
Em Victoria, a capital com cerca de 23 mil habitantes, comprámos a única que havia à venda: uma descartável da Kodak. Com ela fiz o mini registo fotográfico da estada nas Seychelles. Tudo o que não consegui registar em fotografias - lugares, cheiros, cores - tive de guardar na memória . Como, por exemplo, a visita ao peculiar Victoria Market ou a ida de barco à paradisíaca Ilha Moyenne.
E chegou o dia do adeus e lá voámos nós para
Johannesburg, a maior cidade da África do Sul, e seguimos depois de automóvel para Sun City.
Sun City é um luxuoso, extravagante e impressionante complexo de entretenimento, situado a cerca de 200 quilómetros de Johannesburg.
Ali encontrámos hotéis, um casino gigantesco com centenas e centenas de máquinas (pode entrar-se em fato de banho), lagos, uma praia artificial com ondas que atingem 1,9 metros de altura, campos de golfe, cinemas, espectáculos de luz e som com esculturas de animais selvagens em tamanho real, restaurantes, bares, etc., etc., etc.
É, acreditem, maravilhoso!
Depois do animado final de ano, voltámos a Johannesburg e de lá voámos para o Kruger National Park.
O Kruger Park, criado em 1898 pelo presidente Paul Kruger, é um dos dez parques naturais mais importantes do mundo.
Tem cerca de 350 km de comprimento e 60 de largura e hospeda mais de quinhentas espécies de aves, 112 de répteis e 150 de mamíferos, bem representados por uma população de leões, leopardos, búfalos, elefantes e rinocerontes.
Por curiosidade diga-se que cerca de 20km2 do parque fazem fronteira com Moçambique.
Dentro do parque há mais de vinte acampamentos, equipados com restaurantes, piscinas e bungalows.
Nós ficámos 4 dias no acampamento de Skukuza, alojados num confortável bungalow cuja porta não tinha sequer fechadura. Quando me dei conta engoli uma, duas, três vezes em seco... mas tudo correu bem!
Pela manhã, bem cedinho, saíamos do acampamento com o guia, um sul-africano simpático e competente, e mais três turistas – uma alemã e duas italianas - à procura de animais do parque. Andávamos naquela busca todo o dia (parávamos apenas para almoçar e sempre em acampamentos diferentes) e íamos anotando num folheto próprio os animais que avistávamos.
Ao jantar, no restaurante do acampamento ou ao ar livre (em jantares de grupo à volta da fogueira) trocávamos opiniões sobre o que víamos durante o dia.
O animal mais difícil de localizar foi o leão. Foi no último dia que encontrámos uma família de leões. Bem longe da estrada, escondidos pela vegetação, o retrato da família foi difícil de captar. Recordo o regozijo do guia, a avisar os seus colegas-guias da localização dos animais.
Vimos elefantes. Enormes, marcavam o seu território com assustadores urros.
Vimos leões, zebras, girafas, búfalos, veados, etc., etc., etc.
Macacos, vimos muitos. Atrevidos, aproximavam-se da viatura à espera de comida.
Foi um Dezembro inesquecível!
Muito tempo já passou e tudo nestes dois destinos turísticos está certamente bem diferente.
As fotos não têm grande qualidade. Só no regresso do Kruger Park comprámos uma nova máquina fotográfica num enorme Shopping Center, próximo do aeroporto.
Lamentavelmente, não conheci Johannesburg, a maior cidade da África do Sul. Uma sensação de insegurança obrigou-nos percorrer de taxi o centro da cidade, e a degradação e sujeira que por lá vi inibiu-me de o fotografar.
À Africa do Sul espero voltar. Às Seychelles, hum!, já estive em lugares paradisíacos que me seduziram muito mais.
O fim desta viagem foi tristinho. De Johannesburg o Carlos voou para Maputo. Eu voei, várias horas depois dele, directamente para Lisboa. Confesso, no avião derramei uma lagrimita.
(Semanas depois, recebi em casa esta foto
enviada por uma das turistas italianas do grupo de Skukuza. Amei!)
(Mais fotos aqui e aqui.)