… sobre «mulheres que ficaram conhecidas como sendo «de língua afiada». Críticas, mordazes, atentas, aguerridas – e que transformaram a vida e a cultura do século XX.
«O mundo não teria sido o mesmo sem as cáusticas reflexões de Dorothy Parker acerca das circunstâncias absurdas da sua vida; sem o talento de Rebecca West, que, num simples relato na primeira pessoa, conseguiu a proeza de incluir metade da história do mundo; sem as ideias de Hannah Arendt sobre o totalitarismo; sem a ficção de Maru McCarthy, cuja temática central se baseou na estranha consciência de uma espécie de pérola obrigada a viver entre porcos; sem as ideias de Susan Sontag acerca da interpretação; sem os acérrimos ataques desferidos por Pauline Kael contra determinados cineastas; sem a desconfiança cética de Nora Ephron em relação ao movimentos feminista; sem o levantamento feito por Renata Adler das debilidades dos que se sentam na cadeira do poder; sem as reflexões de Janet Malcolm acerca dos perigos e recompensas da psicanálise e do jornalismo.»
"... o que têm estas mulheres em comum? O talento, a argúcia, a precisão do pensamento, o brilhantismo e o arrojo das opiniões que defenderam desassombradamente. São os nomes de mulheres que (cada uma à sua maneira) correram riscos, defrontaram preconceitos, desafiaram o poder masculino na imprensa e na cultura dominante – e moldaram a história cultural e intelectual do século XX –, pelo que escreveram, pelo que viveram e pelo extraordinário legado que vemos partilhar."
A autora, Michelle Dean - jornalista e guionista nascida no Canadá e a viver nos EUA - justifica o livro por estar convencida «de que, mesmo depois do feminismo, continuam a ser necessárias mulheres deste calibre».
HANNA ARENDT TINHA JÁ mais de quarenta anos quando adquiriu o estatuto de figura pública (...) e descrevia-se a si própria como «dominada pela angústia da realidade, uma angústia vazia, sem sentido e sem objeto, cujo olhar cego tudo converte em nada, uma angústia que não significa senão loucura, falta de alegria, sofrimento e aniquilação».
Eu, que ainda não passei do 1º capítulo dedicado A Dorothy Parker - poeta falhada e escritora de «humor ácido» que nunca tinha tido muito interesse pela moda e se tornou a imagem de marca da Vanity Fair - e apenas espreitei outros, nomeadamente o 4º e o 8º dedicados a Hannah Arendt e a Susan Sontag, posso afirmar já que é um livro divertido, provocador, com muita coscuvilhice sobre a vida e obra de 14 mulheres dotadas de perspicácia e inteligência excepcional. Mulheres sem papas na língua!
Leia devagar ou depressa, leia!