O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Versos de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa (1883-1935)
Sabia que (7):
“1914 - Colecciona e traduz para um editor inglês 300 provérbios portugueses.(...)
Oito de Março: «dia triunfal» da sua vida; surge Alberto Caeiro e escreve os poemas do Guardador de Rebanhos. (...)
É também deste período o aparecimento de Álvaro de Campos.
É de Junho a primeira poesia de Ricardo Reis.
No Outono deste ano começam as reuniões do grupo de que sairá «Orpheu».(...)
Em Novembro Fernando Pessoa atravessa uma profunda crise depressiva e escreve «quebrados e desconexos pedaços» do Livro do Desassossego. (...)
1915 - Primeira versão de Antinous.
Sai em Março o primeiro número de «Orpheu», acolhido com irritação e troça pela crítica e pelo público, que traz entre outras coisas O Marinheiro de Pessoa, Opiário e Ode Triunfal de Campos.
Colabora esporadicamente no quotidiano «O Jornal» de Boavida Portugal, na rubrica Crónicas da Vida que Passa. A colaboração é interrompida depois de um artigo de tom paradoxal que é mal recebido pela redacção.
Traduz para a Livraria Clássica o Compêndio de Teosofia de C. W. Leadbeater."
("Fernando Pessoa, uma fotobiografia", de Maria José de Lancastre).
Não sabia? Eu também não!
O que importa é que agora sabemos.
Prometo partilhar mais informações sobre a vida do poeta do desassossego.
(Foto da net)
A grandeza do que Fernando Pessoa nos deixou, em qualquer dos seus heterónimos, é bem patente na tradução da sua obra em quase todas as línguas. E este poema é um exemplo da grandeza da sua poesia.
ResponderEliminarTeresa, um bom fim de semana.
Abraço.
Não coneciab este poema e também desconhecia as informações que dás sobre o nosso Pessoa. Eu estou como ele, para quê tentar decifrar os mistérios? São mistérios e por isso indecofraveis. Como nasceu o primeiro homem, como se dá a beleza da formação e nascimento de uma criança, como se criou tw 5a beleza à nossa volta? Tem sido tudo obra de Deus ou simplesmente tudo frito da evolução da natureza? Muias pergunta wue deixei de tazer, pois, por mais que pense, não consigo vislumbrar algo que me deixe satisfeita. São mistérios e o melhor é deixa-los assim ou então esperar que alguns cientistas nos dêem alguma respista, Mas, sinceramente, acho que nem eles conseguem. Um beijinho , Teresa e adorei todo este conhecimento que me permitiste ter.
ResponderEliminarEmilis
Minha nossa...tanto erro!!!
EliminarConhecia...indecifráveis. .tanta beleza...fruto...muitas perguntas que..fazer...resposta...
Emilia
Faço agora uma promessa...lerei com cuidado antes de publicar, certo, amiga?
Quantas vezes já prometi? Um abraço apertadinho e boa noite
Fernando Pessou via o mundo por um prisma um pouco negativo...
ResponderEliminar~~~
ResponderEliminarUm poema de Alberto Caieiro não é um poema de Fernando Pessoa!
Fernando pessoa interpreta - através da escrita - o papel de Alberto Caieiro, pessoa fictícia, completamente diferente dele. É como um jogo de estudo psicológico.
O estudo da vida e perfil pessoanos não são tarefas leves...
Abraço grande e afetuoso, Teresa.
~~~~~~~~
É certo, a luz do sol vale mais que os pensamentos.
ResponderEliminarBFS Teresa
good one:)
ResponderEliminarOI TERESA!
ResponderEliminarEU TAMBÉM NÃO, ENTÃO GOSTEI DE O SABER.
ABRÇS
https://zilanicelia.blogspot.com/
Querida amiga, o que penso eu do mundo? Tantas são as perguntas que faço há anos, como tudo começou, como foi a evolução, leio muito sobre isso e também chego ao mesmo estágio. Os "porquês, quando, como" é que nos matam! Adoro Fernando Pessoa, um dos meus preferidos, na linha top. Tenho pra mim que os muitos heterônimos de 'Fernando Pessoa', sendo os principais Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, um era mais clássico, o outro mais moderno e futurista, o outro falava coisas mais filosóficas junto à natureza e coisas simples. Fernando Pessoa quis pôr ordem no pedaço e criou esses heterônimos. Gosto da simplicidade dele em qualquer um dos seus personagens que o represente. Mas na verdade, não consigo separá-los de 'Fernando Pessoa'. c'est la vie! Esse poema é ótimo e gostei do teu "Sabia".
ResponderEliminarBeijos, minha querida.
Brilhante escolha.
ResponderEliminarBom domingo.
Beijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Muito bem escolhido é um belo poema, é engraçado pois acabei de ouvir Maria Bethania recitar e cantar o Menino Jesus de Fernando Pessoa, aproveito para desejar um bom Domingo.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Estamos mesmo sempre a aprender.
ResponderEliminarBeijo, boa semana
O mundo, o mistério das coisas, o não pensar em nada, Deus, a alma, a criação do mundo. Fernando Pessoa gostava de provocar quem o lia. Este, o Alberto Caeiro "guardador de rebanhos" interrogava-se sobre tudo até nos deixar desarmados e "a pensar em muitas coisas cheias de calor". E que bem que nos faz agora com este frio todo, saber que "a luz do sol vale mais que os pensamentos de todos os filósofos e de todos os poetas".
ResponderEliminarFoi um gosto ler aqui Alberto Caeiro e tudo o que dizes sobre Fernando Pessoa.
Uma boa semana, minha Amiga Teresa.
Um beijo enorme.
Boa tarde, Teresa!
ResponderEliminarAgradeço sua visita em Letras Que Se Movem, meu blog literário .
Não sabia e agora também já sei da intensidade da obra de Pessoa. Minha filha estudou muito a obra de Pessoa na Universidade e eu peguei uma carona e li alguma coisa. Muito, muito menos do que gostaria.
Um abraço afetuoso daqui do 🇧🇷
A luz do sol já diz por si só. Lindo poema de Fernando Pessoa, sua visão me lembra eu mesma...rs
ResponderEliminarBeijos, minha flor!
Olá, amiga Teresa!
ResponderEliminarO genial Fernando Pessoa, que não era apenas um, era muitos, deixou-nos a sua magistral poesia e, nela, a sua filosofia. Esses poemas de tua postagem dizem bem da grandeza do poeta,
Parabéns, querida amiga, pela bela postagem.
Uma ótima continuação da semana.
Beijo.
Pedro
Gostas mesmo do Pessoa, né, Teresa? E EU TAMBÉM! Especialmente do Caeiro. Dia desses mesmo estava pensando exatamente nesses versos de "O Guardador de Rebanhos". A luz do sol vale mais do que os pensamentos de todos os poetas e filósofos. Alberto Caeiro era panteísta, Deus era tudo, todas as coisas, e não veio antes delas, mas junto delas. Espero que estejas bem, um abraço!
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