- A vida é um jogo, meu rapaz. A vida é um jogo que se joga segundo as regras.
- Pois é, senhor professor. Eu sei que é. Eu sei.
(Um jogo, uma ova. Raio de jogo…)
“À espera no centeio” (The Catcher in the Rye, 1951) - marco incontornável da literatura mundial, incluído na lista dos 100 melhores livros de língua inglesa do século XX, uma das obras mais controversas da história da literatura norte-americana após II Guerra Mundial - é um romance doce, emocionante, despudorado e bem humorado que aborda temas como a adolescência, a sexualidade, a amizade, o amor, e outros mais, na América dos anos 50.
Tem por protagonista Holden Caulfield, 16 anos, segundo de três filhos de um casal nova-iorquino abastado, jovem rebelde, inconformista, sensível, inteligente, que desvenda (alguns) factos da sua curta vida numa linguagem desassombrada, espontânea, repleta de calão e palavrões …não lhes vou contar a merda da minha autobiografia toda nem nada que se pareça. Vou-lhes contar só aquela história de loucos que me aconteceu o ano passado por volta do Natal antes de me ter ido completamente abaixo e de ter vindo parar aqui para me pôr em forma.
A "história de loucos” tem lugar em Dezembro de 1949 e começa com a expulsão de Holden do colégio que frequenta em Agerstown, Pensilvânia, não por mau comportamento mas por falta de empenhamento escolar.
É sábado. Holden só pode deixar o colégio na quarta-feira seguinte (dia da saída dos alunos para as férias de Natal) e sabe que a comunicação da expulsão aos seus pais seguirá por correio na segunda-feira. Então, na calada da noite, num repente, foge do colégio, caminha até à estação, apanha o comboio para Nova Iorque, mas... não vai para casa, decide ficar num hotel até quarta-feira dia que, pensa ele, os pais já terão recebido a carta do colégio... "não me apetecia ir para casa antes de eles a terem recebido e de a terem digerido bem digerida e assim. Além disso, estava a precisar de umas pequenas férias. Tinha os nervos em franja. A sério."
A "história de loucos" são três dias de deambulação solitária de Holden pelas ruas da cidade, procura de antigas namoradas e amigos, muitas bebedeiras, muita crítica social, reflexão sobre a sua vida, o futuro, o que o rodeia e que considera desprovido de sentido e esperança, sobre a ligação com os pais frios e distantes, com o irmão mais velho ausente, com a irmãzinha Phoebe, a sua heroína, a única pessoa com quem comunica pacificamente.
Se calhar podia dizer-lhes que a seguir fui para casa e contar-lhes como fiquei doente e tudo, e para que escola devo ir no outono, depois de sair daqui, mas não me apetece... um tipo psicanalista que eles têm aqui... está sempre a perguntar-me se me vou aplicar quando voltar para a escola em setembro. É uma pergunta bastante estúpida, acho eu. Quer dizer, como sabemos o que vamos fazer até o fazermos? A resposta é que não sabemos. Eu penso que vou, mas como hei-de saber? Palavra que é uma pergunta estúpida.
"À espera no centeio" é um romance fascinante, envolvente, intemporal, com um extraordinário protagonista-narrador que ouvi embevecida. Leia ou oiça também pois, por ser feio contar o que alguém nos contou, eu revelei quase nada da comovedora "história de loucos" de Holden Caulfield .
Estupendo! (Se há uma palavra que eu odeio, é estupendo. É tão pirosa.)
À espera no centeio, de J.D. Salinger (1919-2010)
Tradução de José Lima
Quetzal Editores, 2015
233 págs.
É sábado. Holden só pode deixar o colégio na quarta-feira seguinte (dia da saída dos alunos para as férias de Natal) e sabe que a comunicação da expulsão aos seus pais seguirá por correio na segunda-feira. Então, na calada da noite, num repente, foge do colégio, caminha até à estação, apanha o comboio para Nova Iorque, mas... não vai para casa, decide ficar num hotel até quarta-feira dia que, pensa ele, os pais já terão recebido a carta do colégio... "não me apetecia ir para casa antes de eles a terem recebido e de a terem digerido bem digerida e assim. Além disso, estava a precisar de umas pequenas férias. Tinha os nervos em franja. A sério."
A "história de loucos" são três dias de deambulação solitária de Holden pelas ruas da cidade, procura de antigas namoradas e amigos, muitas bebedeiras, muita crítica social, reflexão sobre a sua vida, o futuro, o que o rodeia e que considera desprovido de sentido e esperança, sobre a ligação com os pais frios e distantes, com o irmão mais velho ausente, com a irmãzinha Phoebe, a sua heroína, a única pessoa com quem comunica pacificamente.
Se calhar podia dizer-lhes que a seguir fui para casa e contar-lhes como fiquei doente e tudo, e para que escola devo ir no outono, depois de sair daqui, mas não me apetece... um tipo psicanalista que eles têm aqui... está sempre a perguntar-me se me vou aplicar quando voltar para a escola em setembro. É uma pergunta bastante estúpida, acho eu. Quer dizer, como sabemos o que vamos fazer até o fazermos? A resposta é que não sabemos. Eu penso que vou, mas como hei-de saber? Palavra que é uma pergunta estúpida.
"À espera no centeio" é um romance fascinante, envolvente, intemporal, com um extraordinário protagonista-narrador que ouvi embevecida. Leia ou oiça também pois, por ser feio contar o que alguém nos contou, eu revelei quase nada da comovedora "história de loucos" de Holden Caulfield .
Estupendo! (Se há uma palavra que eu odeio, é estupendo. É tão pirosa.)
À espera no centeio, de J.D. Salinger (1919-2010)
Tradução de José Lima
Quetzal Editores, 2015
233 págs.
Teresa,
ResponderEliminarComo sempre uma adorável sugestão.
Desejo um ano de 2019 de
muitas sugestões ótimas
por aqui.
Bjins querida.
CatiahoAlc.
Obrigada, Catiaho, também desejo um excelente 2019 para você.
EliminarEste romance é encantador. Recomendo!
Beijo.
Muito interessante.
ResponderEliminarAconselho vivamente!
EliminarBeijo.
Cara Amiga
ResponderEliminarEis um romance que me parece realmente intemporal, como bem o dizes.
Adorei a tua exposição que fez nascer em mim a vontade imensa de ler o livro.
Muito obrigada.
Beijinhos
Olinda
Querida Olinda, deste vais gostar de certeza.
EliminarBeijo.
Olá, Teresa!
ResponderEliminarComo você sempre dá ótimas dicas, eu acredito que com essa não vai ser diferente.
obrigada pela partilha e ótimo fim de semana!
Abraços brasileiros.
Sandra, acredita que é uma excelente dica.
EliminarBeijo.
Li este livro há muitos anos, quando lhe chamavam em português "Uma agulha no palheiro". Voltei a lê-lo recentemente e nele encontrei a adolescência dos meus filhos, a adolescência do meu neto, a adolescência inconsequente de quase todos os jovens de hoje… Percebo por que fez tanto sucesso. Vale a pena lê-lo, sim, Teresa.
ResponderEliminarQue tenhas um ano bom, minha querida Amiga.
Tem piada, pois também encontrei por ali "marcas" da adolescência dos meus filhos...
EliminarQuerida amiga, BOM 2019.
Beijo.
Um romance que me parece muito interessante. Tomei nota.
ResponderEliminarUm abraço bom Domingo, feliz dia de Reis
Eu gostei MUITO do que li e quando gosto... partilho!
EliminarElvira, espero que tudo esteja bem consigo e desejo-lhe um excelente 2019.
Beijo
Não conhecia e pelo que li parece ser bem interessante, aproveito para desejar à minha amiga um excelente Dia de Reis.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Francisco, acredite que é bem interessante. Leia!
EliminarDia de Reis... lá tive de engolir mais uma dose de açúcar.
Beijo, amigo.
Fiquei com vontade de ler.
ResponderEliminarPorque ainda não li.
Beijo, boa semana
É fácil, meu querido amigo Pedro, compras e lês!
EliminarE não te vais arrepender.
Beijo e boa semana.
(Ando fugida... mas a partir de hoje, com as tristezas superadas, vim para ficar.)
Gracias por la recomendación; como el tema me ha parecido interesante, acabo de buscarlo y localizarlo, en español, así que lo voy a pedir.
ResponderEliminarUn fuerte abrazo, Teresa.
Que bom Manuel, verás que não te enganei.
EliminarDepois diz-me o que achaste tu do livro.
Abrazo e Feliz Año Nuevo.
Gostei muito deste livro apenas não fiz dele um dos meus preferidos porque já o era das minhas irmãs e eu queria ser diferente.
ResponderEliminarFeliz 2019 com muitos bons livros e tudo de bom
um beijinho
Gábi
Irmãs... tenho uma e sei como é...
EliminarFeliz 2019 para ti também, Gábi.
Beijo.
Aprecio uma boa leitura,e confesso que fiquei com vontade de degustá-lo.
ResponderEliminarAbraço,querida.
Bem-vinda Cleo!
EliminarSe aprecia uma boa leitura, vamos entender-nos.
Este romance é encantador. Deguste!
Beijo.
Já tinha ouvido falar neste livro como um dos clássicos incontornáveis americanos mas não fazia a mínima ideia do tema e com as citações que transcreveu e a sua opinião fiquei com bastante curiosidade e vontade de o ler.
ResponderEliminarBem-vinda, Sandra!
EliminarPelo que vi no teu cantinho... lê que vais gostar!
Beijo.
Li-o ha tantos anos! Ja esta velhinho de tanto ter sido folheado. Pelos meus filhos tb quando estavam a estudar. Um dos que passaram de mae para filhos. : )
ResponderEliminarPois eu, Catarina, só o folheei agora... e amei o que lá encontrei.
EliminarBeijo e bom fim-de-semana.