03 novembro, 2015

3º- Excertos do "Livro do desassossego", de Fernando Pessoa


16 -(1937?) Intervalo Doloroso
“Tudo me cansa, mesmo o que não me cansa. A minha alegria é tão dolorosa como a minha dor. (…)
Entre mim e a vida há um vidro ténue. Por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não lhe posso tocar. (…)
Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda-chuva contra um raio.
Sou tão inerte, tão pobrezinho, tão falho de gesto e de atos.
Por mais que por mim me embrenhe todos os atalhos do meu sonho vão dar a clareiras de angústia. (…)
A minha vida é como se me batessem com ela.”

17-(1937?) Peristilo
“Tu não o sabes, tu não sabes que o não sabes, tu não queres saber nem não saber. Despiste de propósitos a tua vida, nimbaste de irrealidade o teu mostrar-te, vestiste-te de perfeição e de intangibilidade, para que nem as Horas te beijassem, nem os Dias te sorrissem, nem as Noites te viessem pôr a lua entre as mãos para que ela parecesse um lírio.”

Leia (tudo) e… deslumbre-se!


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