04 janeiro, 2011

"Ao cair da noite" - Michael Cunningham

Sinopse: “Peter e Rebecca Harris, na casa dos quarenta e a viver em Manhattan, aproximam-se do apogeu das suas carreiras em arte: ele, negociante; ela, editora numa boa revista da especialidade. Com um moderno e espaçoso apartamento, uma filha adulta a estudar na universidade em Boston e amigos inteligentes e animados, levam um invejável estilo de vida urbano contemporâneo e parecem ter todas as razões para serem felizes. Mas é então que o irmão de Rebecca surge em cena. Extremamente parecido com ela, mas muito mais novo, Ethan (conhecido na família como Mizzy, «O Erro») resolve visitá-los. Na sua presença, Peter começa a pôr em causa os artistas, o trabalho destes, a sua carreira – todo o mundo que construíra com tanto cuidado.
Tal como o aclamado romance As Horas, vencedor do Prémio Pulitzer, esta nova obra de Cunningham constitui uma visão dolorosa do modo como vivemos hoje em dia. Plena de peripécias inesperadas, faz-nos pensar (e sentir) com profundidade nas utilizações e no significado da beleza e no papel do amor nas nossas vidas."

Tive alguma dificuldade em ler este último livro de Michael Cunningham.
Primeiro, pela forma como o narrador “penetra” na história, opinando, comentando, interferindo.
Depois, porque de capitulo para capítulo me via obrigada a desmontar o perfil que construía das personagens.
Depois ainda, porque o clima de desastre, que surge no primeiro capítulo com o atropelamento de um cavalo numa rua de New York, aumenta sem cessar até ao final da narrativa, o que me deixou extenuada e aterrorizada com a crise da alma de todas as personagens.
Peter, elegante, próspero e sensível negociante de arte, vive com a mulher Rebecca uma calma, cúmplice e bela história de amor. Tudo se desmorona a partir da chegada do cunhado Mizzy, jovem, belo, toxicodependente, viajante, que instila desejo, atracção e repulsa.
Peter envolve-se e o caos instala-se.
Mizzy atrai, destrói e volta a partir.
Peter e Rebecca continuarão a manter a relação, tentando, falhando e tentando de novo.
Trata-se de uma história sobre os mistérios da beleza e do desejo, da arte e da ilusão, do tempo e do amor.

Frases que escolho: "A juventude é a única tragédia sexualmente atraente." (pág. 155) "Construimos palácios para que os mais jovens os possam destruir, para que possam pilhar as adegas e mijar das varandas adornadas de tapeçarias" (pág. 302)

Ao cair da noite, de Michael Cunningham
Gradiva, 2010
Tradução de Ana Falcão Bastos
306 págs.

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