Escada sem corrimão
É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
mas nunca passa do chão.
Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão.
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.
Quem tem medo não a sobe.
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
o lastro do coração.
Sobe-se numa corrida.
Correm-se p’rigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
a escada sem corrimão.
Este belissimo poema (pág. 158) é um dos muitos que encontramos neste livro de David Mourão-Ferreira. Como diz Eduardo Prado Coelho na introdução "apuro e maestria de uma arte das palavras".
Obra poética 1948-1988, de David Mourão-Ferreira
Presença, 1988
427 págs.
Olá!
ResponderEliminarGosto imenso deste autor... Particularmente deste poema!
Olá Xana, bem-vinda!
EliminarEste poema é fantástico. Também gosto muito dele, aliás, gosto de tudo deste autor.
Bjs.
Olá!
EliminarEu precisava de saber em que ano é que este poema e o "por vezes", também de David Mourão-Ferreira, foram escritos. Pode ajudar ajudar-me?
Obrigada
Olá Xana,
Eliminar“Escada sem corrimão” faz parte do conjunto de poemas “À guitarra e à viola” (1954-60), publicado em Obra Poética, 1980.
“E por vezes”, é um soneto da colectânea “Matura idade” (1966-72), publicada em 1973.
Espero ter ajudado.
Olá,
ResponderEliminarAjudou muito, obrigada
Só mais uma questão: o soneto "E por vezes" está no livro "Obra Poética de David Mourão-Ferreira"?
Muito obrigada, mais uma vez...
Olá Xana,
ResponderEliminarSim, o soneto "E por vezes" está no livro "Obra Poética 1948-1988", ed. Presença, pág. 269. É lindo!
Veja, hoje, no meu rol.
Olá, Boa noite!
ResponderEliminarMuito, muito obrigada! Não faz ideia o quanto me ajudou...