03 abril, 2020

"Manobras de guerrilha" - Bruno Vieira Amaral


... a maior parte do que aqui vos trago foi roubado. Se se sentirem defraudados, reclamem comigo pela escolha e com os verdadeiros proprietários pela qualidade.
Ler “Manobras de guerrilha” - com o sub-título Pugilistas, Pokémons & Génios - foi mais uma experiência encantadora. Digo mais uma, porque senti o mesmo com os dois romances anteriores do escritor: “As primeiras coisas” e ”Hoje estarás comigo no paraíso”. (ambos no Rol)
Bruno Vieira Amaral, licenciado em História Moderna e Contemporânea, escritor, crítico literário e tradutor, é senhor de um excelente poder de síntese, uma linguagem culta, impecável, acessível, intimista, cativante, que nos agarra da primeira à última página.
Desta vez reuniu em livro textos originalmente publicados em jornais, revistas, blogues, ou apresentados em conferências e em encontros de escritores – artigos, reportagens, crónicas, realidade ou ficção, num registo sério e menos sério, sobre: futebol, boxe, viagens, literatura, cinema, fotografia, música, história, sentimentos, morte, filosofia, música, e muitas outras coisas.
Quem resolve ignorar a parte do mistério essencial de todas as coisas é em prejuízo próprio que o faz.
São 26 textos, carregados de sensibilidade, distribuídos por três secções: Emboscadas (10), Avanços no terreno (6), Campo Aberto(10).
Encontramos muitas citações, referências bibliográficas, perfis de heróis e génios: Chalana, Messi, Jake LaMotta, Mike Tyson, Muhammad Ali, Susan Sontag, Nelson Rodrigues «Ao confrontar o leitor e o espectador das suas peças com a miséria escondida da humanidade, a obra de Nelson Rodrigues é moralista e catártica. Ao oferecer-se à critica e à censura, expia os pecados alheios, lava os crimes silenciosos que todos cometemos, mesmo que em pensamento (...)», Freddie Mercury, David Bowie, Mário Vargas Llosa, Eça de Queirós, Zeca Afonso, Julio Cortázar, Albert Camus, W. G. Sebald, Woody Allen, Norman Mailer, etc.
Considerações sobre viagens em Portugal, e no estrangeiro - «os meus enganos e percepções erradas acerca da comida indiana sucederam-se ao ritmo das refeições e dei por mim a optar por uma dieta de muffins de caju e água mineral»;
Reflexões sobre variados temas: o humor e o suicídio na literatura, a fotografia enquanto negação do caos da vida, a «história da corpo negro na América», a decência, etc..
«Há nos homens mais coisas a admirar que coisas a desprezar.» Nos homens, escreveu Camus. Não nos deuses, não nos santos, não nas bestas, mas nos homens. Aqueles que, em tempos de peste, escolhem a decência.

Se foge de obras longas, eu sugiro que leia este livro.
Eu não fujo de grandes e pesadões romances, mas entre um e outro gosto de ler pequenas narrativas que me maravilhem, ensinem, divirtam. Em "Manobras de guerrilha", encontrei tudo isso!
E mais não digo! Aliás, digo: se, como eu, gosta de sublinhar detalhes do texto que lê, afie já o lápis.
(não se assuste com o título)

Manobras de guerrilha, de Bruno Vieira Amaral
Quetzal, Ed., 2018
285 págs.

27 comentários:

  1. passando para desejar um feliz dia com mta saude mt bem escrito bjs

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    1. Obrigada, Isa. Muita saúde também para ti e tua família.
      Beijo. Bons cozinhados.

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  2. Bom dia Teresa! Você realmente é uma devoradora de bons livros e os compartilha de modo que nos inspira a procurar ler. Um título provocativo e pelas suas marcações dos escritos já percebe, que a guerrilha é conosco. Já nesta referência de Albert Camus sobre o homem a gente percebe que beira ao atual momento, onde fala-se muito de um novo despertar da humanidade. Enfim um livro bem indicado.
    Grato por mais esta bela partilha.
    Bom fim de semana com todos os cuidados.
    Beijo amiga.

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    1. Bom dia, Toninho!
      Criei o "Rol de Leitura" para inspirar práticas de leitura. Não é, nunca foi, minha intenção fazer dele uma montra dos livros que leio. Aliás, eu já lia antes do Rol existir. Lia, ainda mais. E o tempo livre era pouco. Estranho, não é?!
      Eu leio tudo: livros, revistas, jornais... E sublinho. E guardo.
      Gosto de palavras faladas. Gosto muito mais de palavras escritas.
      Duas coisas eu aprendi com o Rol: a gostar de poesia, a respeitar os poetas.

      Faço minhas as palavras de Jorge Luis Borges: “Creio que uma forma de felicidade é a leitura.”

      Proteja-se, meu amigo. Muita saúde.

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  3. Muito interessante. Nesta altura, estou a ler muito pouco. Com a cirurgia que fiz no final de Fevereiro e sem ter noção de como está o olho, (por terem sido canceladas as consultas) reduzi ao mínimo as leituras.
    Abraço e saúde

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    1. Olá, Elvira!
      Calma amiga, deixe a leitura para quando os seus olhos permitirem e quando a serenidade dos dias voltar. Vai voltar. Claro que vai!
      Beijo, saúde para si e família.

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  4. Olá:- Alivia o Stress e dá vida à alma, ler um bom livro.
    .
    Saudações amigas e fraternas

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    1. Certíssimo, Ricardo!
      E nestes dias de desencanto, um livro é companheiro legal!
      Beijo, muita saúde.

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  5. Com tanta adjectivação que pôs em cima do senhor, qualquer dia ainda compro um livro dele:). Não deve ser para já, estou muitíssimo empenhada em ler o que anda cá por casa no rol dos incompletos. A ver se os arrumo a todos, estou farta de pilhas de livros que ainda por cima são sempre as mesmas:).
    Um abraço e obrigada pela sugestão. E, como diz o Zambujo, rapaz que fala muito alentejanamente, muita saúde.

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    1. A sério Bea, a sério que constaste os adjectivos?!
      Compra este livro e os outros dois. Não te arrependerás.
      Beijos e abraços. Muita saúde.
      (Gosto do Zambujo. Muito!)

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    2. Agora não compro nada. Talvez um dia. E não vou comprar os três, mas um. Há escritores com que não simpatizo e já não tenho idade para me obrigar a simpatizar, tendo tantos da minha simpatia. Portanto, se me for simpático, aí sim, vou comprar mais um; e, se goste mesmo, então, sou mais fiel que um cão a seu dono:).
      Claro que não contei os adjectivos, não sou de números; apenas notei que eram vários:).
      E boa semana, que passe depressa.

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  6. Querida Teresa, estou a ler O homem em busca de um sentido e , seguindo os teus conselhos, procurei um lápis; encontrei um monte deles, mas..cadê um afiador para os afiar? Não encontrei nenhum. O que me valeu foi o marido que, depois de muito procurar encontrou um nas tralhas dele. Já li algumas páginas e sublinhei umas coisinhas, lembrando-me sempre de ti. Tenho andado muito ausente, porque as saudades da minha Mami tem sido muitas, Amiga. Mas hoje estou um pouco melhor! Deixo-te aquele abraço apertadinho, apertadinho e votos de que estejam bem.
    Emilia

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    1. Bom dia, querida Emília!
      Ora, quando puderes lê este livro de Bruno Vieira Amaral. E também com o lápis afiado. Guarda contigo o afiador do maridão...
      Amiga, saí agorinha do Pétalas. Constatei, feliz, que a tua pétala sobre "solidão", que não querias publicar, é a segunda mais visualizada do meu jardim. Espreita, está lá!
      Depois, abri o Rol e aqui estavas tu. «Começou» bem o meu dia!
      Abracinho apertado, beijo nesse coração desolado.
      Muita saúde, para todos. Miminhos para a pequenina.

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  7. Oi Teresa, livros sempre acrescentam alo em nós, tenho saudade deles, da concentração e prazer da leitura.
    O título do livro já é interessante.
    abraço e bom final de semana!

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    1. Olá, Dalva!
      Pudesse eu, e mandava-lhe já este livro, no primeiro avião.
      Se um dia eu deixar de sentir prazer na leitura... Deus me leve, logo!
      Beijo, muita saúde.

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  8. Olá, Bom dia, neste momento que vivemos confinados, a partilha e a sugestão da Teresa é excelente.
    Bom fim de semana,
    Abraço

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    1. Bom dia, meu querido amigo António!
      Gostei de o saber «confinado» mas vivinho!!!
      Grande abraço, muita saúde para si e sua família.

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  9. Bom dia minha querida Amiga, Teresa! Bruno Vieira Amaral é um escritor excelente. Este livro não li, mas já estou a afiar o meu lápis…
    Muita saúde, amiga, para ti e todos os que amas.
    Um beijo.

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    1. Querida Graça, para ti e para os teus, também eu desejo muita saúde e paz.
      Quanto ao Bruno Vieira Amaral... tu sabes o que é bom!
      Protege-te amiga. Beijo.

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  10. Abraço Teresa
    Fica bem e cuida-te !

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    1. Muito obrigada, Ricardo!
      Saúde para ti e para a tua família.
      Beijo.
      (Gostei, meu amigo. Gostei!)

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  11. Nunca li nada escrito pelo autor.
    Mas nunca é tarde...
    Beijo, boa semana

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    1. Tens razão, nunca é tarde para descobrir um escritor.
      Este é nosso, e brilhante.
      Começa pelo "As primeiras coisas.
      Beijo, saúde.

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  12. Teresa, querida, li tua postagem e gostei muito, já pelo nome se mostra interessante, muito. Gosto dos títulos de livros, uns insinuam um conteúdo que nos desperta muita curiosidade. Agora estou lendo 'A Arte de ser Infeliz', Dr Nélio Tombini. Veja, o título diz 'infeliz' rss. Na semana passada vi uma entrevista genial com esse médico psiquiatra, e quando falaram no livro, e mostraram, lembrei que era o mesmo que tinha comprado há pouco tempo. Lógico que os livros ficam muito especiais quando podemos conhecer o escritor, a sua vida, o que pensam da vida e como são. Falo dos contemporâneos.
    Comecei a interessar-me por Bruno Vieira Amaral no segundo parágrafo, e tomei nota. Um dia, quando pudermos sair, ir num shopping descansada e segura sem o corona, darei uma procurada. Já tenho muitos livros anotados daqui.
    Minha vida está toda desregrada, querida, durmo às 2 da madrugada e acordo às 10!! Vejo tudo que está acontecendo em torno do corona, inclusive a suja politicalha.
    Beijinho, cuida-te.

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    1. Olá, amadinha!
      Começo por te dizer que gostei do título do livro que estás a ler. Engraçado, também eu gosto de títulos de livros. E de capas.
      No tempo de normalidade, que lamentavelmente ninguém sabe quando voltará, compra pelo menos este livro e depois diz-me o que achaste. Tu, uma senhora cronista, sei que vais adorar!
      Amiga, o que se passa contigo? A ver tudo sobre o virulento corona? Eu só vejo o Telejornal da hora de almoço e do jantar. Basta do malvado. Suja politicagem? Atira-lhe com álcool-gel, amiga.
      Bom, bom, é dormires 8 horas. Quem me dera a mim...
      Beijos, querida. Muita saúde.

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  13. É verdade, tens razão, hoje dei um basta para política, vírus...está demais. Isso está deixando os povos bem loucos, principalmente o brasileiro, que é o meu povo e que estamos fazendo a mesma coisa! E hoje resolvi desligar, desligamos tudo isso no café da manhã. Preciso ter cabeça para escrever, ler, viver.
    beijinho.

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