... e, finalmente, li o primeiro livro de Philip Roth, publicado em 1959. Com ele, aquele que é um dos meus autores preferidos, venceu o National Book Award for Fiction, em 1960.
Para quê sonhar com o Taiti, se não se tem dinheiro para a viagem?
Num só livro temos a magnífica novela “Goodbye, Columbus” e cinco excelentes pequenos contos: “A conversão dos judeus”, “O defensor da fé”, “Epstein”, “Não se conhece um homem pela canção que canta” e “Eli, o fanático”.
“Goodbye, Columbus” é a história de Neil Klugman e de Brenda Patimkin, personagens de um tórrido romance de verão, com todos os “ingredientes” para falhar: diferentes classes sociais; pressão familiar; a loucura da paixão; a urgência da descoberta sexual.
Neil (o menino pobre), recém-licenciado, idealista, trabalha na biblioteca e vive com os tios no bairro pobre de Newark.
Brenda (a menina rica), estudante universitária, pragmática, vive com os pais e dois irmãos no chique bairro suburbano de Short Hills
São ambos filhos de judeus – judeus a sério!
A história é narrada por Neil e começa assim:
A primeira vez que vi a Brenda, pediu-me que lhe tomasse conta dos óculos. Deu uns passos até à extremidade da prancha de saltos e fitou a piscina com olhos enevoados; até podia estar vazia, que a Brenda, míope como era, não teria dado por nada.
… e logo nessa noite, ao telefone …
- Como te chamas? Perguntou.
- Neil Klugman. Tomei-te conta dos óculos na piscina, lembras-te?
Ela respondeu-me com uma pergunta que, tenho a certeza, é tão embaraçosa para quem é feio como para quem é bonito. - Como é a tua cara?
- Sou… moreno.
- És preto?
- Não – respondi.
- Mas como é que é a tua cara?
- Posso ir aí hoje à noite mostrar-ta?
- Boa ideia – disse ela a rir-se.
A partir daí vivem uma tórrida paixão, perdidos em demorados banhos na piscina, românticas conversas, passeios a pé, subidas às montanhas, refeições abundantes e férias em casa dos... Patimkin. E muito, muito sexo.
Mas o Outono frio chega a Nova Jersey e o amor termina.
Para Neil, o humilde bibliotecário, a ousada Brenda foi uma desilusão. Porquê?
Leia para saber, e espante-se com o leque de extraordinários personagens.
Eu, como sempre, adorei!
Eu, como sempre, adorei!
Dos pequenos (GRANDES) contos, gostei particularmente do ternurento / hilariante “O defensor da fé” (são sublimes os diálogos entre o veterano Sargento Nathan Marx e o recruta oportunista Sheldon Grossbarte, ambos judeus) e do risível “Epstein”.
Na novela e nos contos o tema é o mesmo: o drama dos judeus americanos de classe média.
Aliás, será este o tema que perpassará toda a obra de Philip Roth.
Aliás, será este o tema que perpassará toda a obra de Philip Roth.
Sobre Philip Roth, disse o grande Saul Bellow:
"Ao contrário dos que vêm ao mundo a uivar, cegos e nus, o Sr. Roth aparece com unhas, cabelo, dentes e a falar de forma coerente. É talentoso, espirituoso, enérgico e toca como um virtuoso".
Goodbye, Columbus, de Philip Roth
D. Quixote, 2012
Tradução de Francisco Agarez
293 págs.
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