Muitas vezes se sentou num banco do parque, quando o sol caía já por trás de Veneza, para observar Tadzio, vestido de branco e com um cinto colorido, que se entretinha com uma bola no pátio de gravilha… era clara a alegria, a surpresa, a admiração, quando o seu olhar encontrou os olhos daquele cuja ausência sentira – e nesse momento Tadzio sorriu. Sorriu para ele, falando-lhe quase, familiar, encantador e franco, com lábios que muito lentamente se abriam num sorriso. Era o sorriso de Narciso que se inclina sobre o espelho da água, o sorriso profundo, encantado, demorado, com que estende os braços para o reflexo da sua própria beleza – um sorriso muito ao de leve desfigurado, desfigurado pelo desejo vão de beijar os lábios apetecíveis de uma sombra, um sorriso coquette, curioso e ligeiramente atormentado, fascinado e fascinador.
Recebeu este sorriso e afastou-se com ele como uma oferenda funesta.
Ajuda se eu disser que Luchino Visconti a levou ao cinema, em 1971?
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Resposta do Desafio nº 3:
O poema é “Tabacaria”, de Álvaro de Campo, heterónimo do poeta maior da literatura portuguesa: Fernando Pessoa.
Parabéns para quem acertou.
Nunca li, mas claro que a dica ajuda e muito! Basta fazer a pesquisa no sentido inverso, via Google, e sabemos logo qual foi o filme que Luchino Visconti realizou em 1971... :)
ResponderEliminarMas só por Tadzio também ias lá!
Beijocas!