Este é um livro (…) sobre palavras, sobre a história delas e sobre estruturas que elas escondem (…) e vai tentar localizar no tempo e nas formas, o que alguém chamou «o primeiro gemido» do idioma.
«Imaginemos um poeta castelhano que, pelo ano 1200, visitava um Portugal ainda pintado de fresco. A fala dos habitantes haveria de soar-lhe bastante peculiar. Sim, ele teria a sensação de que os portugueses comiam sistematicamente letras. Diziam moer e não como ele moler, sair e não salir, voar e não volar. Trouxera ele consigo um poema seu, que assim começava em castelhano: Volaban águilas, ángeles Y diablos. Mandara-o já traduzir para latim, com vista à sua divulgação Europa afora, e esse primeiro verso ficara: Volabant aquilae, angeli et diaboli. Desejava agora vê-lo vertido na língua dos novos amigos, e alguém lhe fizera a vontade. Resultado? Voavam águias, anjos e diabos. O que deixara o nosso poeta francamente perplexo. Nessa versão portuguesa, todos os quatro l se haviam evaporado. E não era tudo ainda, descobriu ele depois. Os portugueses também pronunciavam e escreviam cear e não como ele cenar, perdoar e não perdonar, soar e não sonar. Está visto: também os n acabavam desaparecidos. Gente estranha aquela.»
"Seja desde já claro: qualquer que seja a ortografia, é pela eliminação de l e n intervocálicos que aquela que chamamos a nossa língua mais fundamentalmente se distingue de idiomas vizinhos."
… a primeira língua de Portugal foi o galego. Era a que estava disponível.
Movido pela «curiosidade e a vontade de ir até onde ninguém tinha ido» (*) o linguista, tradutor, crítico literário Fernando Venâncio, 74 anos, “conta-nos neste livro a história da língua portuguesa com paixão, elegância e um fino humor. Com rigor e precisão de paleontólogo, começa no primeiro gemido da nossa língua, que remonta há séculos, tão distantes que Portugal ainda nem existia, passando pelos primeiros escritos, até à fala contemporânea que ainda hoje conserva registos, em estado fóssil, dessa movimentação primordial. Máquina do tempo que nos permite recuar à época em que o idioma se formou, Assim Nasceu Uma Língua faz-nos peregrinos numa caminhada que toca a língua galega ou o português brasileiro, evidenciando as profundas derivas que deram forma ao nosso idioma, a que Fernando Venâncio chama «um idioma em circuito aberto».”
Falamos uma língua que nasceu fora do nosso território (de nós, portugueses) e cujo futuro será em larga medida decidido fora das nossas mãos. (linguista Ivo Castro, citado por Fernando Venâncio)
Curiosidades:
- «a língua que chamamos portuguesa nasceu na Galiza e numa região minhoto-duriense que, na época, também era galega».
- «o nosso idioma e o espanhol tiveram géneses diferentes e, mais do que tudo, separadas».
- o «galego e o português de 1400 eram incomparavelmente mais semelhantes que os actuais modelos de língua português e brasileiro»
Falamos uma língua que nasceu fora do nosso território (de nós, portugueses) e cujo futuro será em larga medida decidido fora das nossas mãos. (linguista Ivo Castro, citado por Fernando Venâncio)
Curiosidades:
- «a língua que chamamos portuguesa nasceu na Galiza e numa região minhoto-duriense que, na época, também era galega».
- «o nosso idioma e o espanhol tiveram géneses diferentes e, mais do que tudo, separadas».
- o «galego e o português de 1400 eram incomparavelmente mais semelhantes que os actuais modelos de língua português e brasileiro»
Já agora, sabe quando é que o português se chamou «português»?
Se não sabe, leia este livro. Rápido ou devagar, leia!
Se não sabe, leia este livro. Rápido ou devagar, leia!
Confesso: amo, cada dia mais, a língua portuguesa!
(foto da net)
Acredito que seja um livro fascinante de ler
ResponderEliminar.
Bom fim de semana
Cuide-se
Bah, postagem show, Teresa. Fui atrás, faz tempo, das nossas raízes linguísticas, interessantíssimo. Li alguma coisa, não muito, e a curiosidade continua, vou mais fundo. Está em quarto lugar entre as línguas mais faladas no mundo: Mandarim, Espanhol, Inglês, Português.
ResponderEliminarEm São Paulo há o Museu da Língua Portuguesa, em 2015 sofreu um enorme incêndio. Tristíssimo quando acontece um incêndio em Museus. Levam anos para a recuperação, mas o que foi perdido, perdido está. É a pior coisa para um povo, perder suas raízes. Nas minhas andanças, após a pandemia, vou a procura do livro.
Um beijo, querida, até mais!
Um bom fim de semana!
E como não amar uma lingua como a nossa? Uma lingua riquissima que continua viva assimilando todas as influências qua vai sofrendo atraves3 dos tempos; só assim uma lingua se mantém cada vez mais rica. Fico muito aborrecida pelo uso exagerado que damos à lingua inglesa; por toda a parte há anúncios em inglês, nomes de lojas nessa lingua, etc. Uma vez uma amiga minha disse que estava dificil para ela andar na cidade, pois não sabe Inglês e é o que mais se vê; isto disse ela com bastante indignação e tem toda a razão. Eum Teresa, evito usar termos em Inglês, apesar de gostar muito desta lingua. A nossa Amiga, Taís falou do museu da lingua Portuguesa, em S. Paulo, na antiga estação da Luz. Tive o prazer de o visitar há muitos anos e fiquei impressionada com a sua beleza e maneira como estava concebido; não sei como ficou depois do incêndio, mas espero que o tenham recuperado. Seria muito triste perder para sempre essa riqueza cultural. Teresa querida, tenho andado um pouco " sumidinha", mas só nos comentários, pois todos os dias passo por aqui, só que não me tem apetecido conversar. Hoje, achei melhor não sumir sem te dizer : olá amiga, como estás? Chega de má educação...onde já se viu, chegar, sair e não dizer nada?. E o abracinho daqueles nossos? Já tinha saudades deles, acredita. Espero que não tenhas andado zangadinha comigo e, além do abraço grande, do tamano do mundo, deixo-te muitos, muitos beijinhos carregadinhos de amizade, SAÚDE para todos aí
ResponderEliminarEmilia
Uma Língua riquíssima, cheia de variantes e cambiantes, cada vez mais procurada em todo o Mundo.
ResponderEliminarBjs, boa semana
Ui, tenho de arrepanhar este livro!
ResponderEliminarEste ano, tenho conseguido ler relativamente rápido!
Beijinhos
Eu, que também amo a língua portuguesa tenho que ler esse livro de Fernando Venâncio. Já tomei nota, minha querida Amiga Teresa.
ResponderEliminarUm grande beijo.
pois deve ser muito bom a ler parabens bjs feliz semana
ResponderEliminarLevo a ótima sugestão!!! Bj
ResponderEliminar