Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens, às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo todas as coisas, umas mais do que outras,
Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que vou vendo
Do que as que vi ou verei.
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca.
Versos de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa (1883-1935)
Sabia que (8):
“1917 – O Governo português intervém na Guerra enviando um corpo expedicionário para a frente francesa. Pessoa confia aos seus escritos pessoais as suas reflexões e as suas angústias acerca do conflito mundial.
1919 – Escreve os Poemas Inconjuntos de Alberto Caeiro, com a data fictícia de 1913-1914, por coerência diacrónica com a biografia do heterónimo, morto em 1915.
Falece em Pretória (5 Outubro) seu padrasto o Cônsul João Miguel Rosa.
Pessoa dedica-se à ensaística política.
1920 – Publica na revista inglesa «The Athenaeum” o poema Meantime, e em «Ressureição» o soneto Abdicação.
Em Março conhece Ophélia Queiroz com a qual estabelece uma relação sentimental.
Sua mãe e seus irmãos regressam a Portugal. Vai viver com eles.
Participa frequentemente, com o nome de A.A. Crosse, nos concursos charadísticos do «Times».
Em Outubro atravessa uma grande depressão psíquica e pensa internar-se numa casa de saúde.
Em Novembro interrompe a relação com Ophélia.
1921 – Funda a Editora «Olisipo» onde publica os seus English Poemas I e II e A invenção do Dia Claro de Almada Negreiros.”
("Fernando Pessoa, uma fotobiografia", de Maria José de Lancastre).
Não sabia? Eu também não!
O que importa é que agora sabemos.
Prometo partilhar mais informações sobre a vida do poeta do desassossego.
(Foto da net)
São tantas as poesias e detalhes da vida desse grande poeta.. Bom saber! beijos, chica
ResponderEliminarTeresa,
ResponderEliminarConfesso que me entrego a essa escrita
e essa multipersonalidade
desse ser iluminado.
Bjins de sexta feira
CatiahoAlc. do Blog Espelhando
http://frasesemreflexos.blogspot.com/
Olá, Teresa
ResponderEliminarLindo, este poema. Um sinal de pertença a tudo o que existe ou venha a ser percepcionado pelo poeta, neste caso, Álvaro de Campos. Ele quase que entra na esfera de Alberto Caeiro subscrevendo a importância das "sensações".
Gostei muito de reler aqui essas notas sobre Fernando Pessoa. Digo reler porque também tenho essa "Fotobiografia".
Beijinhos
Olinda
Querida Teresa
ResponderEliminarGostei de sua escolha, não só do poema como também do poeta.
beijinhos, Léah
Maravilhosa publicação.
ResponderEliminarÉ de sábio afirmar que pertence a tudo para pertencer cada vez mais a si mesmo.Pessoa condensa num só poema o que muita gente não consegue discorrer no curso de uma vida. Um poeta é um poeta.
ResponderEliminarUma grande ficção.
ResponderEliminarPassou por vários estádios comportamentais...
Este poema é da sua melhor fase, depois passou pela abulia, pessimismo e depressão.
Uma boa semana, Teresa.
Abraço
~~~
Este homem era mesmo uma lama inquieta.
ResponderEliminarImpressionante!
Beijo, boa semana
Confesso que não conheço grande coisa sobre ele.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Feliz semana desde Almería España
ResponderEliminarBem-vinda, Trini!
EliminarGosto de a ver no meu Rol.
Abraço e boa semana.
Sublime Alvaro de Campos! Tantas vezes me interrogo por que continuo a escrever se Fernando Pessoa disse quase tudo e com tanta mestria… "Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio" Magnífico!
ResponderEliminarUma boa semana, minha Amiga Teresa.
Um beijo enorme.
E eu que não vi esta tua postagem, Teresa!!
ResponderEliminarSempre maravilhoso, sempre surpreendendo, queira como Fernando Pessoa, queira como qualquer de seus heterônimos, era genial.
Gosto desse teu: 'Você sabia?' Saio sempre levando algo de positivo, de enriquecimento.
Beijo, querida!
"Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija".