Dizem que é preciso parar perante uma tela de Rothko como em frente de um amanhecer.
“O nervo ótico”, primeiro romance da crítica de arte argentina María Gainza, é um livro de olhares: olhares dirigidos a pinturas e a quem as contempla. Um livro, crónica íntima, incursão romanceada pela história da pintura, crítica de arte, visita guiada a um museu, que tem por narradora uma jovem mulher cuja vida desde cedo se ligou à pintura: o meu primeiro grande amor sucedeu na adolescência e à primeira vista: apaixonei-me por uma paisagem marinha pintada por Courbet…
Mulher divorciada, ovelha-negra de uma família tradicional de Buenos Aires em tempos abastada e agora remediada cuja vida tem, como um museu, obras-primas, mas também pequenos quadros escondidos em corredores escuros e estreitos. Mulher que em momentos de crise corre para um museu, como na guerra as pessoas corriam para os abrigos anti-bomba.
Em 11 capítulos, que no início parecem desligados, ela vai entrelaçando, num registo que oscila entre a comédia e a ironia, histórias de si mesma e da sua família «A minha mãe, que sempre teve grandes aspirações (...) acusava o meu pai de sofrer de pequnitice, uma doença crónica que não lhe permitia desenvolver plenamente o seu potencial. Segundo ela, tudo o que ele fazia fazia-o com facilidade, mas em pequenino».
… com explicações sobre quadros que olha amiúde e que exercem sobre ela um poder magnético: olharmos a pintura de El Greco é lutarmos contra nós próprios.
… com pequenas histórias de pintores que admira: «Numa noite de tempestade, quando (Rothko) saía do prédio, o porteiro disse-lhe que tivesse cuidado porque a rua estava perigosa. Rothko respondeu: Há uma única coisa com que tenho de ter cuidado, que é um dia o preto poder engolir o vermelho.»
E mais, aqui e ali cita escritores que leu, T.S. Elliot, p.e., que disse «Quanto mais perfeito é o artista, mais completamente separados estarão nele o homem que sofre e o espírito que cria.»
E mais, aqui e ali cita escritores que leu, T.S. Elliot, p.e., que disse «Quanto mais perfeito é o artista, mais completamente separados estarão nele o homem que sofre e o espírito que cria.»
Gostei muito desta “ biografia em pinturas”, uma visita guiada a que voltarei para me extasiar frente a este ou aquele quadro, neste ou naquele museu do mundo.
Propositadamente, pouco divulgo para que a leitura deste nervo óptico (com "p") arrebate os amantes da arte em geral e da pintura em particular. E da escrita, acrescento!
…suponho que é sempre assim: escrevemos uma coisa para contar outra.
RECOMENDO (gritei com todas as cores de uma paleta, mas saiu a preto e branco...)!!!
…suponho que é sempre assim: escrevemos uma coisa para contar outra.
RECOMENDO (gritei com todas as cores de uma paleta, mas saiu a preto e branco...)!!!
O nervo ótico, de María Gainza
Tradução de Maria do Carmo Abreu
Ed. D. Quixote, 2018
167 págs.
Parece uma boa leitura! Vale sempre a dica! beijos, lindo fim de semana! chica
ResponderEliminarGostei de conhecer!!!
ResponderEliminarbj e levo a sugestão
Acredito que tenha sido uma leitura e tanto!!Gosto muito do estilo de
ResponderEliminarRothko. Tomei nota desse livro, 'O Nervo Ótico' - o título já desperta.
«Quanto mais perfeito é o artista, mais completamente separados estarão nele o homem que sofre e o espírito que cria.»
Dê uma olhadinha...
https://taislc.blogspot.com.br/2016/05/mark-rothko-pintor-expressionista.html
Beijo!
Amiga, deste livro vais gostar. É a "tua onda"...
EliminarVou passar pelo Blogue das Artes para ver o que dizes e mostras de Rothko.
Beijo e bom fim de semana.
A 'nossa onda', és artista plástica, também, e com belas pinturas.
Eliminarbeijo!
Excelente resenha para um texto que parece ótimo - seria um romance entremeado com pessoas e o fascínio por obras de arte em pinturas. Sou apaixonado também por pintura. Deve ser muito bom o romance. Grato pela partilha! Grande abraço. LAERTE.
ResponderEliminarLaerthe, este pequeno romance lesse com agrado. A escritora/crítica de artes sabe do que "fala".
EliminarRecomendo aos apaixonados por pintura e aos que lendo, este ou qualquer outro livro, vão colorindo a vida.
Abraço, amigo, e bom fim de semana.
Não era preciso termos conhecimento deste caso do Sporting para que, em certas alturas pensemos que somos os únicos a não conseguirmos aceitar a " realidade " e pensarmos que estamos numa guerra e, pior, sem armas que nos defendam, tamanha é a violência por todo o lado. John Lennon nāo se escondia para fazer amor e aparecia em fotos com a sua amada que chocavam muita gente e ele nesta frase diz uma grande verdade; por quê esconder que se ama, por quê esconder manifestações de amor? O mundo tem essa tendência, mas mostrar a violência a qualquer hora do dia, a todos sem excepção, isso já não tem mal, isso não choca,! Infelizmente é assim! Quanto ao livro, pelo que escreves, deve ser muito interessante e, claro, quando precisar de mais um, abro a porta devarinho e pego-o emprestado, certo? Prometo que devolvo!!! Teresa, obrigada pelo belo post e tem um excelente fim de semana, agora já com mais calorzinho. Um abraco apertadinho
ResponderEliminarEmilia
Emília, o Sporting continua a desiludir-me... Haja quem ponho fim a tanta parvoíce. Vergonha!
EliminarEste livro não, não me desiludiu.
Amiga, podes vir buscar quando quiseres. Morasses tu aqui pertinho e todos os meus livros seriam teus.
Beijos, abracinhos e bom fim de semana.
Querida Teresa,
ResponderEliminarGrata pelas tuas palavras no meu blogue. Tenho de ser regrada comigo e com vocês, amigos, em relação à escrita, obviamente.
Não conheço a escritora, nem o livro, que me parece de excelente temática.
Embora, tenha feito dois anos de História de Arte na Faculdade (era chic na altura -rs) não sou grande entendedora de Arte, sobretudo pintura, escultura e afins, mas de nervos óticos, acho que até entendo, razoavelmente, e por vezes tenho cada um, que me deixa espantada. talvez, conseguisse escrever algo sobre o tal nervo.
Um livro a ter em conta. merci.
Beijos e bom fim de semana com olhares atentos e perspicazes.
Céu, gosto muito de te ver aqui.
EliminarPois bem, vou ficar à espera de um poema sobre o tal nervo. Óptico ou ótico, tanto faz!!
Beijo, querida.
Querida Teresa
ResponderEliminarPelo resumo que nos trazes parece-me um livro que tem componentes que me agradam muito: o aspecto humano e a pintura. Muito obrigada.
Bom fim-de-semana.
Beijinhos
Olinda
Obrigada eu, querida Olinda, por passares por aqui e pela tua amizade.
EliminarBeijo e bom domingo.
Muito interessante parece um óptimo livro de uma autora que não conhecia.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Não conhecia. Quero muito ler!
ResponderEliminarBom dia. retribuindo a visita. Imagino ser um livro muito bom de se ler.
ResponderEliminar* Olhares e Deslumbres *
Abraço
Imaginas bem, Nataline, é um livro "bom de ser ler". E bom de se ver, acrescento eu!
EliminarBeijo.
Parece muito interessante. Vou registar. :)
ResponderEliminarRegisto mais esta sugestão.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Pelo excerto já me parece muito interessante este livro de María Gainza. Vou pôr na minha lista. Obrigada, Amiga.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Gostei do comentário, parece-me uma ótima leitura! Boa semana :)
ResponderEliminarBem-vinda, Ana!
EliminarAgora que já espreitei o seu blogue, posso diz que este livro é para si...
Espreitei e não só, fiquei encantada com tanta coisa linda.
Vou voltar.
Beijo e boa semana.