26 abril, 2016

O jogo de futebol


“Porque é que todos os domingos, milhões de pessoas ficam com os olhos colados ao televisor? O que é que o futebol dá aos que o vêem, o que é que lhes oferece, de que forma os enriquece?
Alguns defendem que não dá nada, e contrapõem o desporto praticado ao desporto espectáculo, que seria apenas um jogo de emoções, uma embriaguez fantástica, um desabafo dos instintos. Uma espécie de orgasmo colectivo com que todos descarregam frustrações e os rancores da vida diária. Estes pessimistas não vêem nele nada de positivo, mas apenas uma prova da irracionalidade humana.
Os sociólogos e os psicólogos, pelo contrário, são mais optismistas e defendem a tese de que o indivíduo tem necessidade periodicamente de esquecer a sua própria identidade, de se fundir com o colectivo. No estádio todos são iguais. O advogado, o médico, o operário e o seu chefe, o juiz e a dona de casa, os ricos e os pobres esquecem quem são e sentem uma embriaguez de liberdade. Explodem em excessos, gritam, abraçam-se, fundem-se todos para formar um novo e poderoso organismo superindividual. Depois, em casa, cada um regressa a si mesmo, à vida de todos os dias.(…)
O jogo de futebol é uma metáfora da vida.

Goooolo!

Tirei daqui: “O Optimismo”, de  Francesco Alberoni, Ed. Bertrand, 1995
(foto da net)

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