O fidalgo e o lavrador
É meia-noute. No baile
Folga tudo e tudo dança.
À mesm’ hora o lavrador
No seu casebre descansa.
Uma hora. No palácio
Agora vai-se almoçar.
Na choupana o lavrador
Já terminou de jantar!
Dorme o fidalgo num leito
De penas, sobressaltado.
Em tábuas o lavrador
Repousa, mas sossegado!
Fim
- Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes -
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas.
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro…
Mário de Sá-Carneiro foi poeta, contista, ficcionista. Nasceu em Lisboa (1890), suicidou-se em Paris (26 de Abril de 1916).
Caricatura de Mário de Sá-Carneiro, feita por Almeida Negreiros, pintor e escritor português (1893-1970).
gosto deste poeta dramático.100 anos em poesia, não valem, a história dos sentimentos e das emoções é acontecerem. Nenhum ano vale poeticamente.
ResponderEliminarSangram os cravos no mês de Maio
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