“A nossa imprensa está a estreitar-se. Fico a pensar que estreitamos o pensamento,estreitamos o país.
Recebemos cada vez mais as grandes matérias em traduções do que se pesquisa em outras latitudes, a dimensão portuguesa, ou o modo como Portugal vê o mundo, caminha tragicamente para um circuito que se fecha num universo mais e mais académico.
Talvez o pais se torne algo cada vez mais teórico, uma questão progressivamente do foro da discussão filosófica e menos aferível no quotidiano de cada um. Subitamente, vivemos territorializados, medidos como consumidores e pagadores de impostos, mas não como um colectivo detentor de uma qualquer identidade.
Viver assim é, de certo modo, estar ao desabrigo. Perigando as forças e mantendo ao nível da sobrevivência os objectivos. O problema é que a humanidade começa um pouquinho depois da fome. Até à fome somos bichos como outros quaisquer."
Excerto da crónica “Desabrigo”, publicada na “2”, revista do jornal Público de 20 Dezembro 2015.
Vale a pena ler na íntegra.
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