PAX RUSTICA, uma ironia
atravesso o pinhal. o meu cão salta.
fulvo tigrado ele é da cor do mato.
por entre o tojo escapuliu-se o gato
e liga as copas uma nuvem alta.
evito a estrada e o seu traçado exacto
que a lentidão municipal asfalta.
antes o cimo em que o pulmão se exalta
e as pinhas vêm à ponta do sapato.
reestolho e urze, giestas, estalidos
de folhas secas, água a correr, ruídos,
vozes distantes chamam dos quintais.
já o sol vai a pino, já no ermo,
como a manhã, todo o prazer tem termo:
chegado à vila, vou comprar o jornal.
Em "Poemas Escolhidos", de Vasco Graça Moura, Bertrand Editora, 1996
Adeus,Vasco Graça Moura!
Um grande poeta
ResponderEliminarde quem sempre divergi politicamente
mas um Homem não se define pelas lapelas