Às vezes, uma pessoa põe-se a ler a história desta terra portuguesa e há desproporções que nos dão vontade de sorrir, é o menos que se pode dizer, muito mais cabimento teria aqui o riso declarado…
Acho que do chão se levanta tudo, até nós nos levantamos. Do chão sabemos que se levantam as searas e as árvores, levantam-se os animais que correm os campos ou voam por cima deles, levantam-se os homens e as suas esperanças.
Isto é um livro sobre o Alentejo.
Um livro sobre a luta de um povo face às forças opressoras, sobre exploração, sofrimento, coragem, revolta, ignorância, miséria.
Quando um homem se queixa, alguma coisa lhe dói.
Um livro que entrelaça romance - a saga de três gerações duma família de camponeses pobres, os Mau-Tempo: Domingos Mau-Tempo (pai), João Mau-Tempo (filho), Gracinda Mau-Tempo (neta), com história - as transformações políticas e sociais ocorridas em Portugal, entre 1900 e 1975, numa sequência cronológica perfeita.
Um livro com personagens bem caracterizadas e diálogos estonteantes, em muitas histórias sabiamente doseadas de amor, alegrias, derrotas, vitórias, morte, dor.
Publicado em 1980, este romance de Saramago é o primeiro a revelar o estilo próprio da sua escrita. Os críticos consideram-no um dos romances fundamentais da sua obra.
Pudéssemos nós atar os fios soltos, e o mundo seria a mais forte e justificada de todas as coisas.
Pudéssemos nós atar os fios soltos, e o mundo seria a mais forte e justificada de todas as coisas.
Para mim, não foi tarefa fácil ler este romance. O enredo é demasiado denso e complexo. O rol de personagens é infindo. O retrato social é dramático. O registo político é extremado.
Talvez eu não tenha sensibilidade política suficiente para entender a mensagem do autor. É isso!
Bem, ler Saramago nunca é fácil, mas... aprende-se sempre.
A guarda não sai do posto, os anjos varrem o céu, é dia de revolução, quantos são.
Vai o milhano passando e contando, um milheiro, sem falar nos invisíveis, que é sina a cegueira dos homens vivos não darem conta certa de quantos fizeram o feito, mil vivos e cem mil mortos, os dois milhões de suspiros que se ergueram do chão…
E à frente, dando os saltos e as corridas da sua condição, vai o cão Constante, podia lá faltar, neste dia levantado e principal.
O cão Constante? Hum! Onde é que eu já vi isto?
E mais não digo... porque não quero.
Levantado do chão, de José Saramago
Ed. Caminho, 1998
366 págs
Nunca é tarde para ler Saramago
ResponderEliminarUm óptimo livro que relata fielmente a frealidade do Alentejo antes de Abril 1974.
ResponderEliminarBoa noite
Saramago leitura para sempre
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