26 outubro, 2012

"Contos de Eva Luna" - Isabel Allende


Há histórias de toda a espécie. Algumas nascem ao ser contadas, a sua substância é a linguagem e antes que alguém as ponha em palavras são apenas uma emoção, um capricho da mente, uma imagem ou uma reminiscência intangível…
Assim começa “Vida interminável”, a bela e triste história de Ana e Roberto, um casal de anciãos que conservaram intacta a fortaleza do corpo, as faculdades da mente e a qualidade do amor, até ao momento em que decidem morrer juntos, deitados lado a lado, de mãos dadas.
Este é um dos vinte e três contos mágicos, narrados por quem conhece bem a alma humana, por quem faz magia com as palavras  – Isabel Allende.
São vinte e três histórias de amor, paixão, violência, solidão, dor e morte, que unidas através de um fino fio condutor se tornam num só romance.
São vários e fascinantes os personagens destas histórias, alguns já conhecidos de anteriores romances (Rolf Carlé, o fotógrafo, recordam-se dele no romance “Eva Luna”?), outros agora inventados e que também ficarão na nossa memória . Destaco:
Belisa Crepusculario do belíssimo conto “ Duas palavras”, que por cinco centavos entregava versos de memória, por sete melhorava a qualidade dos sonos, por nove escrevia cartas de namorados, por doze inventava insultos para inimigos irreconciliáveis… A quem lhe comprasse cinquenta centavos, dava de presente uma palavra secreta para afugentar a melancolia.
Elena Mejías do conto “Menina perversa”, a gaiata enfezada, silenciosa e tímida que se apaixona pelo amante da mãe.
Maria do conto “Maria, a tonta”, a prostituta velha com alma de donzela, que acreditava no amor.
Nicolas Vidal do conto “A mulher do juiz”, que soube desde sempre que perderia a vida por uma mulher.
A professora Inês do conto “O hóspede da professora”, a matrona mais respeitada de Agua Santa, que esperou muitos anos para fazer justiça com uma catana de abrir cocos.
Li pela primeira vez estes contos em 1990. Recordo, porque anotei, o deslumbramento que senti.
Hoje, reli e voltei a deslumbrar-me.
- Conta-me um conto – digo-te.
- Como queres que ele seja?
- Conta-me um conto que nunca contasses a ninguém.
Maravilha!
Contos de Eva Luna, de Isabel Allende
Ed. Difel, 1990
Tradução de Carlos Martins Pereira
249 págs.

6 comentários:

  1. Olá,
    Tenho este livro mas não tenho o outro Eva luna, será que posso ler este sem ler o outro?
    Gostei muito da tua opinião por isso a pergunta.
    Boas leituras;)
    Atmosfera dos livros.

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    1. Olá, há séculos que não "falávamos".
      É claro que podes ler os contos sem ter lido Eva Luna. Força! Vais gostar.
      Bjs.

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  2. Olá Teresa,
    Realmente ao tempo, olha li os pilares da terra vol.I eII e adorei escritor fantástico, parecia que estava a ver e a sentir as personagens.
    Beijinhos e boas leituras;)

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    1. Olá,
      Também já li e gostei bastante. Não li mais nada do autor - chegou!
      Bjs.

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  3. Ainda não conheço a escrita de Isabel Allende...

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    1. Calma, Tiago, a "falha" não é muito grande. Encontrará a altura certa para se perder numa escrita mágica e, tenho a certeza, irá adorar.
      Boas leituras.

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