Diz a sinopse:
Bennie Salazar, antigo punk rocker, está a envelhecer e é agora um executivo discográfico; Sasha é a sua assistente, uma jovem mulher impiedosa e cleptomaníaca. Bennie e Sasha nunca chegarão a descobrir o passado um do outro, mas o leitor vai conhecê-lo até ao mais íntimo detalhe, bem como a vida secreta de um variadíssimo leque de personagens, cujos caminhos se cruzam com os deles ao longo de muitos anos e muitos lugares: Nova Iorque, São Francisco, Nápoles e África. A Visita do Brutamontes é a saga de uma geração: reflete sobre a ação do tempo, a capacidade de sobreviver e as mudanças e transformações quando inexoravelmente postas em movimento, ainda que pelas mais efémeras conjunturas do nosso destino.
O tempo é um brutamontes, não é? Tu vais deixar que esse brutamontes faça de ti o que quiser?
Sempre gostei de ler sagas familiares, logo, pela leitura desta sinopse pensei que tinha encontrado mais um livro encantatório. Pensei mas não encontrei. Não significa que não apreciei – apenas que não me entusiasmei com a leitura.
Gostei do tema – o mundo surpreendente, trágico e hilariante do espectáculo (indústria discográfica), a fama, o drama do envelhecimento, a decadência física, a morte, as relações humanas numa América assolada pelo terrorismo e a braços com uma crise económica.
Como é que eu deixei de ser uma estrela do rock para passar a ser um cabrão dum gordo a quem ninguém liga nenhuma?
Já não gostei tanto das voltas e reviravoltas da estrutura narrativa, o número de personagens, os avanços e recuos temporais da trama, as mudanças bruscas de narrador, o exagero no recurso ao Power Point.
Reconheço a mestria e inteligência criativa da autora, que nunca perdeu o fio condutor deste intrincado romance.
Já eu, necessitei de criar um esquema para perceber a ligação dos personagens que aparecem e desaparecem numa dispersão de histórias, tempos e locais, entre os anos 1970 e 2020.
O elo dessa ligação é Bennie Salazar, músico e produtor de som, corrido da sua própria editora discográfica Orelha de Porco, que, no crepúsculo da vida, organiza concertos para músicos decrépitos, salpica o café com flocos de ouro para garantir a potência sexual e pulveriza os sovacos com pesticida. Um personagem estonteante.
Mas é com Sasha, a sua assistente cleptomaníaca, que tudo começa e termina. Estranho?
Sasha não é a única personagem feminina, há mais, muitas mais: Collette, Stephanie, Alice, Jocelyn, Mindy, Cora, Nadine, Rhea, Kathy, Dolly, Kitty, Lulu…
Quero sair desta confusão. Mas não quero apagar-me. Quero arder até ao fim – quero que a minha morte seja uma atração, um espetáculo, um mistério.
A visita do brutamontes, de Jenniffer Egan (Prémio Pulitzer 2011)
Quetzal Editores, 2012
Tradução de Jorge Pereirinha Pires
369 págs.
Olá Teresa
ResponderEliminarTenho estado um pouco ausente deste mundo virtual mas às vezes para mim é necessário fazê-lo.
Queria deixar uma frase no seu blog pétalas de sabedoria e não consegui (estou a rir) não encontrei a possibilidade de deixar um comentário, o erro deve ser meu!
Aqui fica a frase:
"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde."
André Maurois
Um abraço
Maria JB
Olá Maria,
EliminarBem-vinda.Senti a sua falta.
Também eu tenho andado um pouco arredada, devido a doença de uma familiar que me deixa sem tempo e disposição para grandes algazarras. A vida é tramada...
Pois é, no blog Pétalas de Sabedoria não há hipótese de deixar comentários porque achei que não faria sentido. No entanto, pode sempre deixar comentários e frases no mail do blog.
A sua frase - linda - irá aparecer.
Beijo.
Ola Teresa
ResponderEliminarObrigada pela sua sempre presente simpatia.
Tambem eu tenho andado longe mas nao por motivos de doença, outros menos complicados. Espero que a sua familiar tenha recuperado porque sem saude a vida e mesmo tramada, para o proprio e para quem esta proximo.
Um abraço
MariaJB