Cito excertos da interessante conversa de Ian McEwan com Isabel Coutinho, em Paraty, aquando do lançamento do livro “Mel”:
Quando escreveu Expiação teve de “tentar entrar na pela de uma mulher de 30 anos como era lembrada por uma mulher de 78 anos”. Agora, em Mel, como Serena, teve de “viver como uma jovem mulher imaginada por um jovem homem”. Não lhe custou?
Acho que é preciso estabelecer um contexto na nossa imaginação e depois todas as personagens e percepções o seguem. Uma vez feito, deixa de ser um esforço constante. Quando tomamos a decisão e ajustamos a nossa mente a um certo formato, depois é só deixar ir.
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Tal como o pintor vai desenhando o retrato, traço a traço, o romancista a determinada altura vê a personagem.
Às vezes, uma personagem tem personalidade e não precisa de um rosto. Alguns dos meus personagens crescem a partir de uma frase.
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Como leitor, Ian McEwan sabe que é preciso ter muita paciência para se ler um romance que durante oito a 36 horas precisa da nossa atenção contínua. Enquanto à nossa volta existem tantas coisas que nos atraem e nos desviam da leitura.
Por isso acho que os escritores devem um serviço aos leitores em termos de clareza. Sei que não estou sozinho nisto, a quantidade de romances que comecei a ler e não acabei… Muitas vezes o que me motivou a não continuar com a leitura foi a falta de clareza nas páginas iniciais de uma obra. Parece-me crucial que se convidamos o leitor a entrar em nossa casa, não há grande vantagem em sermos obscuros.
Excerto da crónica de Isabel Coutinho, publicada na revista Ípsilon, suplemento do jornal Púbico, de 5 Outubro 2012.
Vale a pena ler na íntegra.
Vale a pena ler na íntegra.
Não li essa edição do Ipsílon. Gostava de ler a entrevista completa. Gostava de conhecer melhor o autor, até porque desconheço a sua obra.
ResponderEliminarQuiçá, leia o novo romance "Mel"..
Boas leituras Teresa.
Olá Miguel,
ResponderEliminarA entrevista é, como já disse,interessante.
http://jornal.publico.pt/noticia/05-10-2012/elogio-ao-romance-25345066.htm
Eu gosto muito deste autor. Destaco alguns dos romances que mais me emocionaram: Amesterdão (fabuloso), Expiação, Sábado (excepcional), Solar (profundo, inteligente e risível - adorei!).
Força Miguel - parta à descoberta de um excelente escritor.
Eu preparo-me para "devorar" Mel.
Bjs.