30 maio, 2012

Vale a pena ler... Princesa Laurentien da Holanda


P: Pode dar-me um exemplo de algo que ajude a combater a iliteracia?
R: Ler em voz alta. Não custa dinheiro – o que, em tempos de crise económica, é uma solução low-cost. E podemos fazê-lo desde o início da vida de uma criança, em bebé. Mas requer um contexto familiar em que tem de se investir: A escola só não basta. E, aí, nem todos os adultos têm noção do papel que podem desempenhar na literacia das crianças.
P: Lê alto para os seus filhos?
R: Todos os dias. E, quando não estou em casa, alguém lê para eles. Fazemos isso desde que têm 6 meses. Percebo perfeitamente que pareça estranho ler em voz alta para um bebé de 6 meses. O meu próprio marido achou que eu era louca. Podem ser livros muito simples. Mas devemos tornar os pais conscientes da importância desse ato.

Excerto da entrevista publicada na Revista, jornal Expresso, de 19 Maio 2012
Foto tirada da net.

5 comentários:

  1. Bom, desde os seis meses não digo, mas cá em casa também havia sempre uma historinha ao deitar... :)

    E, claro, concordo com a opinião dela!

    Beijinhos!

    ResponderEliminar
  2. Olá Teresa

    Começo por alertar para o erro na primeira pergunta pois não é "combater a literacia" mas sim "combater a iliteracia" erro esse que com certeza se deve apenas a distracção na digitação, mas para eventuais leitores menos informados relativamente à expressão pareceu-me importante corrigir.
    Não conheço a entrevista e vou fazer o meu comentário unicamente baseado somente nestas duas perguntas e respostas.
    A solução apresentada é aparentemente simples de concretizar mas só aparentemente. A própria autora da resposta, talvez sem querer, apresenta para uma boa solução dois ou três "obstáculos" o que significa que esta questão é muito mais complexa mesmo que não tenhamos essa consciência. Realmente começar a ler em voz alta para as crianças desde muito cedo é um exemplo a seguir e são de louvar todas estas iniciativas de sensibilização para a leitura pois é através dela que desenvolvemos todas as capacidades inerentes à literacia, mas a verdade é que nem sempre é praticável. Falando só da realidade portuguesa a maior parte das famílias viveu e continua a viver (à excepção de meia dúzia de "anos de ouro") com muitas dificuldades, com pouco dinheiro e sem tempo. Além dos livros serem caros os pais não tem tempo. Creio até que na zona de Lisboa e Porto há muitos pais que para trabalhar praticamente nem vêem os filhos. Então como é que podem investir?
    Realmente a escola só não basta mas é nela, perante a nossa realidade, que temos que procurar a principal resposta para este problema. Pela minha parte sugiro que analisem melhor os conteúdos programáticos da disciplina de português, que promovam mais a interacção entre jardins de infância e escolas com as Bibliotecas, que olhem para as bibliotecas escolares com olhos de ver e não somente como o espaço para onde é enviado o aluno que se porta mal na sala de aula (logo a biblioteca é encarada como um castigo o que é extraordinário), que coloquem bibliotecários nas escolas e não professores com meia dúzia de dias de formação, que reduzam o número de alunos nas salas de aula, enfim, umas quantas soluções que me parecem óbvias. Possivelmente não é à toa que somos provavelmente o país da Europa com o maior índice de iliteracia. Dá vontade de dizer que a culpa é do sol.
    Sem querer maçar quero só acrecentar que esta senhora faz parte daquele pequeno grupo que vive noutro planeta, o planeta das princesas, aquele em que quando não está em casa alguêm lê para eles.
    Teresa, este é o seu espaço, a sua "casa" no mundo virtual, peço-lhe que não interprete mal a minha crítica.

    Um beijo para si

    MariaJB

    .

    ResponderEliminar
  3. Obrigada Maria.
    Já corrigi - distraída "comi" um i...
    Gostei do seu pertinente comentário, e em alguns aspectos comungo da sua opinião, apesar de me ter limitado a reproduzir parte da entrevista. Realmente, muita coisa vai mal neste nosso Portugal e ninguém conseguirá acabar com a iliteracia sem uma mudança drástica de mentalidades. Não é difícil entender que só uma sociedade literada prospera no caminho da civilização.
    Já agora, aconselho a visualização do excelente filme "Ágora", pela tocante mensagem que transmite. A acção decorre no séc. IV, no Egipto, sob o poder do Império romano. Num clima de violentos confrontos sociais e religiosos, ignorantes fanáticos destroiem todo o conhecimento científico, queimam bibliotecas e assassinam professores, visando unicamente a adesão de mais ignorantes à sua teia de calúnicas e invenções.
    Se ainda não viu, corra a ver.
    Maria, nesta minha "casa" todas as opiniões e críticas são bem-vindas.
    Bjs e bom fim-de-semana.

    ResponderEliminar
  4. Olá Teresa

    Praticamente o que comentei a Teresa disse numa só frase "mudança drástica de mentalidades" e é isso mesmo. Mas essa mudança tem que começar na classe de dirigentes, são eles que "mexem os pauzinhos" que tem o poder para usar os instrumentos necessários para que o país cresça e o crescimento passa pelo conhecimento, pela literacia. Quanta massa crítica não anda por aí perdida? Mas continuo a ter muita fé nos portugueses, somos poucos e mesmo com tantas dificuldades conseguimos brilhar e dar cartas em muitas áreas do conhecimento e não só. Todos nós conhecemos muitos exemplos e isso é um orgulho.
    A nossa democracia é mais jovem que a ditadura da qual saímos em 74 e foram cometidos muitos erros, estamos a aprender só é lamentável que a nossa classe política esteja tão doente e viciada.
    Não me identifico muito com políticas de esquerda, considero-as muito redutoras mas defendo a justiça social e a igualdade de oportunidades porque estes são principios que não devem ser encarados sob o ponto de vista político mas sim humano. À "mudança drástica de mentalidades" acrescento a "necessidade imperiosa de humanizar". Creio que não é dada a devida importância à filosofia.
    Quanto ao filme ainda não vi mas a vontade de o ver é velha e agora vou mesmo ver e é já hoje.

    Um beijo
    MariaJB

    ResponderEliminar