17 fevereiro, 2012

"O bom soldado" - Ford Madox Ford

Do coração dos homens não sei nada, nada de nada.
Esta é a história mais triste jamais contada… porque é verdadeira e porque a soube pelo próprio Edward Ashburnham (o bom soldado) e só pude escrevê-la depois de todos os outros terem morrido.
Alertada pelo autor para a tristeza desta história de adultério, intrigas, traições e paixões, iniciei a leitura deste clássico da literatura inglesa com alguma apreensão e desconfiança. Teria em mãos um melodrama folhetinesco? Puro engano.
Encontrei um relato trágico e cómico da moral da época e da complexa relação entre dois casais ricos e cultos, um inglês (Edward Ashburnham e Leonora) e um americano (John Dowell e Florence), que convivem durante nove anos em termas europeias onde buscam remédio para os corações fracos de Edward e de Florence
Éramos todos “pessoas de bem”, diz o marido enganado e narrador Dowell, dirigindo-se a um único ouvinte silencioso sentado à sua frente (o leitor?) num estilo aparentemente desordenado mas misterioso.
E que hipóteses tinha eu contra esses três jogadores inveterados, todos coligados para esconderem de mim as suas jogadas? Que remota hipótese? Eram três contra um … e fizeram-se feliz. E poderiam ter feito melhor? Ou que poderiam ter feito que tivesse sido pior? Não sei…
Este romance inspirou a obra de muitos escritores de língua inglesa, nomeadamente Graham Green, e é considerado um dos melhores romances ingleses do século XX.
Gostei?
Sim, mas a leitura nem sempre foi fácil e interessante. Por vezes enrolei-me na trama intrincada e quase desisti.
“Dói” ler os clássicos…

O bom soldado, de Ford Madox Ford.
Teorema, 2004
Tradução de Telma Costa
265 págs.

3 comentários:

  1. Pois transformemos os mais recentes nos novos clássicos! ;D

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  2. Teresa,
    é muito interessante esse conceito do sofrimento por amor ao clássicos...
    Advogando o diabo, se lemos para termos prazer porque nos "obrigamos" a ler clássicos apenas pela sua condição, independentemente da falta de gosto em lê-los?
    Será que duvidamos da nossa capacidade de saber se um livro é bom? Algo do género: "Não gosto nada desta porcaria mas é um clássico... Será que o problema é meu?"
    Perdi-me em divagações, creio...
    Deixe lá! Ainda bem que, apesar da luta, gostou do livro!
    :)

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  3. Concordo Carla, será certamente mais fácil...

    André, também concordo mas por vezes é difícil fugir "ao definido". Realmente somos livres para escolher os autores que queremos ler, desistir dos que nos desagradam e repelir os que nada nos dizem. A mim ainda me custa fazer essa separação. Eu tento... todos os dias...
    Por acaso este livro foi-me oferecido e, vai daí, quis "experimentá-lo". Quando entro nunca livraria sei muito bem a que sectores me dirijo e onde faço as minhas escolhas mas nem sempre é fácil escapar à carrada de criticas literárias que nos entra em casa.
    Prezo as suas opiniões.Obrigada pela chamada de atenção.

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