21 fevereiro, 2012

Vale a pena ler... José Pacheco Pereira

O fim das livrarias

A grande livraria clássica está a desaparecer.
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Eram livrarias de pessoas, feitas de pessoas e para as pessoas, em que os livros não eram instrumentais, mas eram um “mundo” em que todos participavam. Esse mundo está a desaparecer para o comum dos portugueses e a deslocar-se para os consumidores “de culto” ou para os consumidores de “papel pintado” e capas todas iguais, ou para aqueles que dizem que lêem no iPad e não lêem coisa nenhuma.
Parte desta mudança é inevitável, e não é má em si porque para muita gente significa que vai continuar a ler: não faço parte dos nostálgicos do cheiro dos livros, nem das más livrarias, mesmo com cem anos. Mas das boas livrarias tenho pena que desapareçam e prescindo que me dêem lições de mercado e da “destruição criativa” schumpeteriana. Não é isso que está em causa, mas aquilo que, num balanço geral, feito por qualquer Deus que veja tudo, significa mais pobreza, menos qualidade, mais deserto afectivo como os “likes” do Facebook, mais tijolos da moda, e menos livros que sejam livros na mão de quem os vende e na mão de quem os compra.

Excerto da crónica publicada no jornal Público de 18 Fevereiro 2012
Vale a pena ler na íntegra.

4 comentários:

  1. É bem verdade. Tenho pena de praticamente não frequentar pequenas livrarias, por falta de oportunidade. E fico triste quando oiço e vejo, nas grandes livrarias, uma total ausência de saber, de amor pelos livros. Quem trabalha numa livraria deveria, pelo menos, gostar de livros e saber aconselhar quem por lá passa.

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  2. Uma reflexão deveras interessante. São os tempos modernos e tudo faz parte desta evolução para a qual todos os dias caminhamos. Olhar para trás e re(lembrar) os nossos tempos trás saudades. Os tempos dos nossos pais e dos nossos avós também já lá vão...
    Não gosto das livrarias de hoje em dia, que são frias e impessoais, mas ainda há muitas que marcam a diferença e por vezes onde menos esperamos lá encontramos uma livraria que nos convida a entrar e a participar do calor e do cheiro dos livros.

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  3. Caminhamos para o impessoal e só os impessoais se não apercebem.
    O vento consumista abana-me, consome-me e, triste fado, não consigo pará-lo nem com as mãos.
    Será que o caminhar para a morte nos vai inundando destas tristezas dia a dia?
    Adoro este blogue, parabéns Teresa!

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  4. Calma,não deixe que as tristezas do dia a dia perturbem a sua caminhada, ou antes, as suas leituras...
    Obrigada por gostar do meu rol!

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