Foi em 2004 que descobri este autor, quando li “As velas ardem até ao fim”, ia já na 4ª edição portuguesa. Considerei-o, então, um romance deslumbrante, um hino à amizade, uma pérola que figurará na lista dos meus livros preferidos.
Posteriormente comprei (mas ainda não li) “A herança de Eszter”.
Este ano descobri / comprei / li o “Divórcio em Buda”. O autor continuou a não me desiludir.
“Divórcio em Buda” é o retrato de um triângulo amoroso, feito de paixões negadas, silêncios amargos e confissões impossíveis, numa sociedade decadente às portas da Segunda Guerra Mundial.
O processo de divórcio dos Greiner era um dos muitos que chegavam à mesa de trabalho do juiz Kristóf Kómives.
No geral, num processo de divórcio cabia ao juiz confirmar que duas pessoas não se suportavam e não conseguiam viver juntos. Apenas isso.
Mas o divórcio dos Greiner é muito diferente e irá perturbar o sossego da respeitável vida burguesa deste juiz em Budapeste, neto e filho de célebres juízes, educado num espírito rigoroso, de fundo humanístico, como era tradição na família.
Imre Greiner, tinha sido seu colega de escola, mas nunca íntimo. Ela, Anna Greiner, era a jovem esquiva que o juiz conheceu no baile da Faculdade de Direito e nunca esqueceu. Anna amou-o em segredo e também não o esqueceu. Loucura ou obsessão? “O modo como os segredos ardem na alma talvez seja semelhante ao incêndio de uma mina, que vai queimando em fumo lento”.
No oitavo ano do casamento, os Greiner decidem divorciar-se. Formavam um casal perfeito. Eram um exemplo para os amigos. Divorciavam-se por “não suportarmos o que calávamos um frente ao outro”.
Na noite anterior à audiência Imre Greiner procura o juiz na sua casa, fala-lhe sobre o seu casamento e comunica-lhe o suicídio de Anna.
“Tendo como pano de fundo o estalar iminente da segunda Guerra Mundial, a morte da mulher que ambos amaram dá-lhes oportunidade de reflectirem sobre vivências e sentimentos que nunca foram capazes de partilhar com ninguém e redimir os erros que os levaram à situação actual”.
Sándor Márai nasceu, em 1900, em Kassa, na Hungria.
Passou um período de exílio voluntário na Alemanha e na França e em 1948, com a chegada do regime comunista ao seu país, emigra para os Estados Unidos da América.
Foi só depois da queda do regime que a sua obra foi conhecida na Hungria e no mundo inteiro.
Sándor Márai suicidou-se em 1989, na Califórnia.
Divórcio em Buda, de Sándor Márai
Dom Quixote, 2010
Tradução de Ernesto Rodrigues
184 págs.
01 fevereiro, 2011
"Divórcio em Buda" - Sándor Márai
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Olá Teresa
ResponderEliminarDevo dizer que estou a ficar fã deste escritor, vou anotar este titulo para adquirir.
Beijinhos e boas leituras;)