"A coisa mais antiga de que me lembro é dum quarto em frente do mar dentro do qual estava, poisada em cima duma mesa, uma maçã enorme e vermelha. Do brilho do mar e do vermelho da maçã erguia-se uma felicidade irrecusável, nua e inteira. Não era nada de fantástico, não era nada de imaginário: era a própria presença do real que eu descobria. (...)"
BIOGRAFIA
Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-me na luz, no mar, no vento.
MAR SONORO
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
EXÍLIO
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
LUSITÂNIA
Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
A proa negra dos seus barcos
Vivem de pouco pão e de luar.
MAR
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
INSCRIÇÃO
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
Sophia de Mello Breyner Andresen, um dos nomes grandes da poesia portuguesa do século XX, nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919, no seio de uma família aristocrática. De origem dinamarquesa por parte do pai, a sua educação decorreu num ambiente católico culturalmente privilegiado, que irá influenciar traços fundamentais da sua personalidade. Frequentou o curso de Filologia Clássica da Faculdade de Letras de Lisboa, que não chegaria a completar.
Estreou-se na poesia com o volume Poesia (1944), colectânea onde se anunciam já os grandes temas da sua obra: o mar, a casa, o amor, a claridade, a transparência. Outros volumes se seguiram. Ao "Livro Sexto (1962) foi atribuído o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Autores, 1964. Outros prémios se seguiram.
Sophia de Mello Breyner Andresen distingui-se também como contista: Contos Exemplares (1962), Histórias da Terra e do Mar (1982); autora de literatura infantil: O Rapaz de Bronze (1956), A Menina do Mar (1958), A Fada Oriana (1958), etc.; de ensaios (Cecília Meireles (1958, Poesia e Realidade (1959); artigos; teatro; traduções.
Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da Língua Portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.
Faleceu no dia 2 de Julho de 2004, em Lisboa. O seu corpo está desde 2014 no Panteão Nacional.
Texto e poemas retirados do livro "Obra Poética I, Círculo de Leitores, 1992
(Foto de Sophia retirada da net.; restantes fotos tiradas por mim no paredão de Cascais.)
EXÍLIO
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
LUSITÂNIA
Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
A proa negra dos seus barcos
Vivem de pouco pão e de luar.
MAR
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
INSCRIÇÃO
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
Sophia de Mello Breyner Andresen, um dos nomes grandes da poesia portuguesa do século XX, nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919, no seio de uma família aristocrática. De origem dinamarquesa por parte do pai, a sua educação decorreu num ambiente católico culturalmente privilegiado, que irá influenciar traços fundamentais da sua personalidade. Frequentou o curso de Filologia Clássica da Faculdade de Letras de Lisboa, que não chegaria a completar.
Estreou-se na poesia com o volume Poesia (1944), colectânea onde se anunciam já os grandes temas da sua obra: o mar, a casa, o amor, a claridade, a transparência. Outros volumes se seguiram. Ao "Livro Sexto (1962) foi atribuído o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Autores, 1964. Outros prémios se seguiram.
Sophia de Mello Breyner Andresen distingui-se também como contista: Contos Exemplares (1962), Histórias da Terra e do Mar (1982); autora de literatura infantil: O Rapaz de Bronze (1956), A Menina do Mar (1958), A Fada Oriana (1958), etc.; de ensaios (Cecília Meireles (1958, Poesia e Realidade (1959); artigos; teatro; traduções.
Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da Língua Portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.
Faleceu no dia 2 de Julho de 2004, em Lisboa. O seu corpo está desde 2014 no Panteão Nacional.
Texto e poemas retirados do livro "Obra Poética I, Círculo de Leitores, 1992
(Foto de Sophia retirada da net.; restantes fotos tiradas por mim no paredão de Cascais.)
Linda leitura aqui e adorei teus mares! Beleza! beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminarBom dia abençoado, querida amiga Teresa!
ResponderEliminarSabe, estudamos (nos deleitamod) na Academia daqui, a escritora que muito contribuiu para a cultura literária (e segue contribuindo).
O gosto pelo mar é uma identificação sem palavras... emociona...
Escolheu bem uma seleção para nos embelezar o dia.
Tenha dias felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
O mar de Cascais nas fotos da Teresa é um mar que está bem para Sophia. Digno dela. Não sei se é mérito dele, mar, se da fotógrafa. Todos nós somos únicos, mas essa mulher Poeta foi única demais. hà a harmonia desejada nos seus versos. Deixou-nos um legado encantador. Linda como ela só, mas a sua grandeza é por escrito. Para nosso bem.
ResponderEliminarBom fim de semana, Teresa
Bonita esta homenagem.
ResponderEliminarGosto imenso de Sophia de Mello Breyner Andresen. Vi-a uma vez em Lagos nos anos oitenta. Segundo me disseram na altura ela ia para lá todos os anos, mas apesar de eu ir para lá todos os anos desde 1964 só a vi naquela altura. O filho sim, via-o todos os anos, ainda no ano passado o encontrei no Pingo Doce. No mercado de Lagos há uma lápide de homenagem à Sophia.
Abraço e bom fim de semana
Teresa querida, ando lendo 'Sophia de Mello' ao passar pelos blogs portugueses, estou gostando muito de sua poesia, estou ainda a descobri-la na intensidade de seus poemas, lindos e fortes. Os teus mares também estão lindos!
ResponderEliminarGostei de tudo, e muito disso:
"Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-me na luz, no mar, no vento."
Beijo, minha querida amiga, aqui estamos em pleno feriadão.
Magnífica homenagem.
ResponderEliminarGostei imenso.
Teresa, um bom fim de semana.
Beijo.
Ela teve várias praias.
ResponderEliminarA mais conhecida de todas terá sido Lagos.
Beijo, boa semana
Que fantástica homenagem à Sophia, minha Amiga Teresa. O mar de Sophia. O meu mar. A minha Sophia…
ResponderEliminarUma boa semana.
Um grande beijo.
bonita homenaguem com fotos lindas e um texto mt bonito e sentimento parabens bjs
ResponderEliminarTeresa, vim avisar que acabam de entrar mares teus por lá!
ResponderEliminarObrigadão!
https://maresdachica.blogspot.com/2020/02/blog-post_15.html
beijos, chica, lindo domingo!
Vou correndo para ver...
EliminarObrigada, querida!
Beijos. Domingo de muito amor.