18 outubro, 2019

ELIZABETH BARRETT BROWNING - dois sonetos de (muito) amor...


COMO GOSTO DE TI? 
Deixa contar
Os modos. Com a altura, a extensão,
E a largueza da alma, quando vão
Seus desejos o Bem a procurar.

Amo-te simplesmente, como o ar
Que respiras. Ao sol, na escuridão.
Com a audácia de um livre coração;
Co'o pudor que a lisonja faz calar.

Amo-te co'o desejo, com a ânsia
Que na dor tive; com a fé da infância;
Com esse amor que sempre cri perder,

Perdendo os meus. Amo-te sempre: andando,
Chorando, rindo, lendo, respirando...
E hei-de amar-te melhor, quando morrer.
AMA-ME POR AMOR DO AMOR SOMENTE.
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente

minh’alma em comunhão constantemente
com a sua”. Por que pode mudar
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
do tempo, ou para ti unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade

de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade.


ELIZABETH BARRETT BROWNING (1806-1861), poetisa inglesa da época vitoriana, é autora de "Sonetos da Portuguesa" (1850), uma colectânea de 44 poemas de amor escritos entre 1844 e 1845, período que antecedeu o seu casamento, em 1846, com o poeta e dramaturgo Robert Browning (1812-1889).
"Inicialmente Elizabeth estava muito relutante em publicar os poemas, sentindo que eles eram demasiadamente pessoais. No entanto, o seu marido insistia em que eles eram a melhor sequência de sonetos em língua Inglesa desde o tempo de Shakespeare e pressionava a mulher para a sua publicação. De modo a proteger a privacidade do casal, Elizabeth achou melhor publicá-los como traduções de sonetos estrangeiros. Por esse motivo, a colecção foi primeiramente conhecida como “Sonetos Bósnios”, até que Robert sugeriu a Elizabeth que alterasse a proveniência imaginária dos sonetos do Bósnio para o Português, pois ela , para além de ser uma grande admiradora de Camões era afectuosamente tratada por Robert Browning de "Pequena Portuguesa". (Wikipédia)

Tradução de:
1º  Soneto - Manuel Correia Barros, formado em Engenharia Civil e Engenharia Electrotécnica, 10º Reitor da Universidade do Porto, escritor e tradutor português (1904-1991)
2º  Soneto - Manuel Bandeira, poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro (1886-1968)

(Fotos da net.)

13 comentários:

  1. Sonetos lindos e bem escolhidos e ilustrados...Que seja doce o teu fds também! bjs, chica

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  2. De chocolate não gosto, mas adoro a POESIA da "PEQUENA PORTUGUESA" 💙

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  3. Muito interessante, E muito belos os sonetos.
    Abraço e bom fim de semana

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  4. Gostei de saber o nome que o marido dava à poetisa. São muito engraçados e quase ternos os subterfúgios do pudor. Se tais poemas fossem meus também não sei se deixaria publicar.

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  5. Bonitos sonetos.

    Bom Domingo!
    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  6. Bom dia de Domingo, querida amiga Teresa!
    Que delicia em todos sentidos um amor que entranha na alma... Que uktrapassa toques ou sensacoes... Que se alimenta de afagos e afetos profundos... Cujo sabores sao inenarraveis...
    Amar por Amor ao Amor...
    Extase de perfeicao!
    Lindos poemas onde meu dia e adocado com sua belezas de escolhas que revelam seu 💝.
    Tenha uma nova semana abencoada, amorosa e feliz!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  7. Poesia é algo bonito, mas difícil comentar ! Gostei de ambos e fiquei a saber algo mais sobre Elizabeth Browning. Obrigado Teresa!

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  8. É sempre muito bom quando nos trazes poemas de autores que já conhecemos, porque dá para os apreciarmos melhor e ficar a saber algo que não sabíamos. Gosto muito de ler Elizabeth Browning.
    Uma boa semana, minha querida Amiga Teresa.
    Um beijo.

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  9. Bom dia, querida amiga, pois não é que li e esqueci de comentar essa ternura de amor? Recatada, a poeta, por achá-los muito pessoais não quis publicá-los... Como mudam os tempos! Gostei de ler, doces e lindos. Gostei de ler esse particular de sua personalidade.
    Beijinho, amiga, volto para ler a última postagem.

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  10. Boa tarde Teresa!
    Gostei muito desta postagem, na qual tu falas da poetisa e nos brinda com dois de seus poemas, lindos poemas, como se vê neste versos de um deles:

    “Amo-te simplesmente, como o ar
    Que respiras. Ao sol, na escuridão.
    Com a audácia de um livre coração;
    Co'o pudor que a lisonja faz calar.”

    Uma boa semana querida amiga Teresa, com muita paz.
    Um beijo.

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  11. Belos poemas onde o amor derrama-se em versos lindos e não findos.
    Maravilhosa partilha para nós amantes da poesia Teresa.
    Semana linda para você.
    Beijo amiga.

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  12. Sonetos simplesmente brilhantes. Adorei ler

    Cumprimentos poéticos

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