02 fevereiro, 2018

"Teremos de reaprender a arte de consolar..."

 

“(…) Esta coisa a que chamamos vida requer de nós a força de não soçobrar ao crepúsculo só porque não vemos logo, ou não vemos como, de tamanha escuridão possam irromper os improváveis traços da aurora. Teremos de reaprender a arte de consolar, rompendo com esta narcisista cultura da indiferença, que tende a universalizar-se como padrão para as relações humanas (…) Teremos talvez de estabelecer uma nova relação com a palavra e o silêncio, com o que nos é familiar e desconhecido, com a exterioridade e o nosso mundo interno acreditando mais na força reparadora das coisas simples, dos gestos quotidianos, dos tráficos minúsculos que melhor espelham a nossa humanidade e que, porventura, não encaramos ainda como uma reserva de sentido. É um erro pensarmos que, afundados numa provação, deixamos de contar para os outros e um desligamento ontológico nos isola, implodindo os laços. Não vemos que o mesmo sofrimento que nos fere também nos torna mestres em relação à vida e permite-nos dizer o que é que nos dá e retira vida, o que é que a nutre, o que é que a apaga. A partilha da provação pode ser incrivelmente fecunda. (...)"

Excerto da crónica “Da nossa necessidade de consolação”, de José Tolentino Mendonça (presbítero e poeta português, n. 1965), publicada na “E”, revista do jornal Expresso de 18 Novembro 2017
Vale a pena ler na íntegra.
(Foto da net)
CONSOLAR, acalentar, confortar, animar, alegrar e, porque não, abraçar.
Depois de ler esta crónica, tive o desejo genuíno de abraçar todo o mundo. Pudesse eu, ninguém ficaria sem conhecer o calor e sabor dum ABRAÇO.
Como nem todos os desejos se tornam realidade, grito para que todos me ouçam: O ACONCHEGO DUM ABRAÇO FAZ A VIDA ACONTECER.
Abracem muito!

13 comentários:

  1. O que consigo escrever disto é: A vida é uma caravana onde todos nós estamos juntos nas aflições. Ela bate, pede passagem, mas somos um grupo sempre. Cada um nas suas tentativas de evolução, todos sofrem de modo diferente. E é por isso mesmo que o amor ao próximo foi o bálsamo que nos ensinou Cristo. Ele nos ensinou a caminhar juntos, para que onde quer que seja a vontade Divina, possamos chegar juntos no quesito amor. É assustador? É. Mas esse é o foco. Esquecer o que nos aflige e consolar quem está mais aflito que nós. Precisamos focalizar o que é efetivo, que é consolar e esclarecer. Onde está meu compromisso? Com o outro.

    Um beijinho querida

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  2. Sim é bem verdade, o que um abraço nos causa quando estamos tristes. É como se preenchesse o vazio que a dor da tristeza causa. Assim sendo vamos fazer a vida acontecer.
    Um abraço cheio de carinho.
    Léah

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  3. Infelizmente a indiferença parece reinar cada vez mais por aí, por isso, é realmente importante, tentar mudar esta triste tendência.
    Vamos ser mais fraternos, mais envolventes, menos individualistas, mais amigos.
    Vamos dar consolo e receber sorrisos que certamente vão envolver o nosso coração numa onde de alegria e paz.
    Teresa, envio um abraço bem apertadinho.
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

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  4. Olá, Teresa

    Quanta verdade aqui nos traz. Consolar, levar palavras de conforto a quem sofre é quase uma missão. E tem razão, num abraço levamos um mundo de amor e solidariedade.

    Muito bom encontrar aqui José Tolentino Mendonça. Tenho um seu poema preparado para publicar hoje.

    Bj

    Olinda

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  5. Olá, Bom dia! o vida é feita por ciclos, atualmente nota-se mais nas novas gerações a indiferença para com os outros, não sei bem a razão porque acontece, talvez por que a grande parte da comunicação, seja pouco ou nada verbal num saudável convívio, comunicam muito e quase exclusivamente atravez das novas tecnologias o que os impede de sentir os sentimento dos outros, vão pela rua concentrados no TLM, assim, não aprendem nem ganham sensibilidade para dar um sorriso com quem se cruzam, ignoram os acontecimento mundiais, nada sabem, como pode existir neste jovens o sabor de dar e receber um abraço sincero de amizade? quando posso visito a escola Tomás Cabreira, escola onde andei no antigo curso industrial, falo com os alunos atuais, noto em cada um deles, a falta de conhecimento para manter um dialogo, não conseguem dialogar, como podem eles desenvolver sentimentos? este e outros são o motivo da indiferença.
    Gostei de ler o texto "Da nossa necessidade de consolação”, de José Tolentino Mendonça.
    Feliz fim de semana,
    AG

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  6. Olá Teresa!
    Vá buscar a frase querida é toda sua.

    Beijinho e bom domingo

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  7. Boa tarde. Gostei muito de ler. Interiorizei e fiquei em meditação sobre a indiferença...
    .
    Escrito em três sextilhas:
    *Nós dois ... um só coração *
    .
    Votos de um dia feliz

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  8. Que belo texto, Teresa! Realmente falta ao homem mais solidariedade, tolerância e aceitação. Pouco nos lixamos com os outros e cobramos dos estranhos compressão. Já que perdemos o espírito de instintivamente solidarizarmos, devemos pois, racionalmente cultivar o hábito de nos solidarizar e confortar o próximo, nem que seja sem amor, o que é triste. Grato e parabéns pela patilha! Grande abraço. Laerte.

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  9. Querida Teresa, a nossa espécie é a mais diferente das espécies, queremos estar juntos, mas não interagindo e sim assistindo a um mega show do fulano mais badalado; conversa-se pouco dedilhando um Smathphone, e cada gesto, cada alegria ou tristeza é feito por um bonequinho rindo ou chorando. As pessoas não dizem mais nada, não contam suas aflições, suas bobagens e não mostram seus cuidados, isso acabou!! Meu celular vive me enviando 40 milhões de músicas para baixar! É, 40.000.000!!! absurdo. É um outro tipo de comunicação que nossa geração não foi criada. Mas a maioria já faz uso dessa 'coisa'. Uma alienação mega! Então cadê o tempo para dizer a uma amiga que gostamos dela? Que precisamos de sua amizade? Tá tudo errado, amiga.
    A arte de consolar... belíssimo isso! Existe quando as pessoas se permitem!
    Beijo, minha querida. Beleza de postagem.

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  10. Olá, Teresa!
    Como somos egoístas, quase nunca pensamos em consolar quem pode estar precisando de uma palavra amiga de apoio, de segurança e de esperança. Este texto pode alertar a muitos sobre a importância do consolo, da solidariedade. Gostei.
    Uma ótima semana.
    Grande abraço.
    Pedro

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  11. Li o texto do José Tolentino Mendonça. Ele é sempre de uma lucidez espantosa e de uma clareza que nos leva logo para a meditação...
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  12. Olá Amiga, em primeiro lugar quero saber da viola...
    Constato todos os dias o individualismo das pessoas, cuidando do próprio
    umbigo, onde o amigo imediato é o celular, com ele vivem abraçados, colados.
    A solidariedade num abraço conta muito, é como o aconchego de duas almas.
    Gostei do texto, muito.
    beijinhos, Léah

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