04 julho, 2017

A arte pertence a toda a gente e a ninguém...


"A arte pertence a toda a gente e a ninguém. A arte pertence a todo o tempo e a nenhum tempo. A arte pertence àqueles que a criam e àqueles que a usufruem. (...) A arte é o murmúrio da História, ouvido sobre o ruído do tempo. A arte não existe pela arte: existe pelas pessoas. Mas que pessoas, e quem as define?

Escrevia  música para toda a gente e para ninguém. Escrevia música para os que melhor apreciavam a música que ele escrevia, sem olhar à condição social. Escrevia música para os ouvidos que eram capazes de ouvir. E sabia, por isso, que todas as verdadeiras definições de arte são circulares e que todas as definições não verdadeiras de arte lhe atribuem uma função específica.

Havia muito a dizer sobre o silêncio, esse lugar onde as palavras se esgotam e a música começa; e também, onde a música se esgota."


Julian Barnes, escritor inglês (n.1946), in "O ruído do tempo", Ed. Quetzal, 2016
Foto da net.

6 comentários:

  1. Um texto com 70 anos, mas tão interessante e atual!
    De facto, as pessoas andam tão envolvidas nas suas vidas, que tarde (ou nunca) dão a devida atenção à arte... o que perdem!
    Dias agradibilíssimos.
    ~~~ Beijos ~~~

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    1. Olá Majo!
      Se este texto tem 70 anos, eu desconhecia.
      "Cruzei-me" com ele no romance de Julian Barnes, publicado em 2016, que acabei de ler.
      Quanto à arte... eu, necessito dela.
      Beijo.

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    2. Desculpa o lapso, o autor é que tem 70 anos...
      O Ruído do Tempo é de 2016 e deve ser muito interessante.
      Uma ótima sugestão...
      Mais beijos, muito sinceros.
      ~~~~~~~

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  2. Claro que a arte pertence a todos e nem é preciso conhecer os quadros dos famosos pintores ou as músicas dos mais ilustres compositores; em todo o lado podemos observar pequenas obras de arte, singelas, mas muito belas; é só saber enxergar admirar, estar atentos. Teresa, estive a ler os posts anteriores e achei muita graça ao que trata do nascimento dos bebés, porque me recordou do tempo em que era criança; o meu pai era o único taxista da aldeia e por isso era ele que trazia quase todos os bebés; eu só tinha o meu irmão mais velho e gostava muito de ter uma criança pequena em casa; ficava triste porque o meu pai só trazia meninos para os outros e para nós. .... nada! Contentava-me indo para casa dos vizinhos onde os bebés eram muitos e as mães ficavam todas satisfeitas pois eu ajudava a cuidar deles. Belos tempos!!! Muito obrigada, Teresa ! Espero que estejas bem e que nem sequer a cabeça te doa. Beijinhos
    Emilia

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  3. É verdade e ainda bem que assim é pois a arte não nascendo para todos há um pouco dela em cada um de nós!!!
    Bj

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  4. Arte... Não saberia viver sem ela! Pelo menos para apreciá-la...
    O poeta brasileiro Ferreira Gullar tem uma citação que gosto muito: A arte existe porque a vida não basta! A arte quando sai das mãos do artista, já não é mais dele...
    beijo, querida!

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