“Quando não consigo dormir, costumo deitar-me de barriga para cima, com os olhos fechados e os braços esticados paralelos ao tronco. Todo o corpo liso e direito, excepto os pés, que apontam para o céu. Então, começando pelo dedo mínimo do pé direito, vou-os mexendo um a um, devagar, muito devagar, e conto-os. Mexo um dedo e conto-o, um; mexo o seguinte, dois, três, quatro. Ao chegar a dez, estou no dedo mínimo do segundo pé. É importante mexê-los todos, um a um, não saltar nenhum dedo, não interromper a contagem. Quando se termina, volta-se a começar em sentido contrário: onze dedos, doze, treze…
Não costuma falhar. Houve alturas em que cheguei a contar mais de cento e cinquenta dedos, mas com firmeza e método, se os contarmos realmente um a um e mexermos de cada vez aquele que é devido, acaba por se conseguir. Vai-nos dando o sopor.
Nunca tomei um comprimido para dormir. Nunca, nem sequer uma valeriana. (…) Nunca um comprimido. Sempre os dedos um a um!”
Não costuma falhar. Houve alturas em que cheguei a contar mais de cento e cinquenta dedos, mas com firmeza e método, se os contarmos realmente um a um e mexermos de cada vez aquele que é devido, acaba por se conseguir. Vai-nos dando o sopor.
Nunca tomei um comprimido para dormir. Nunca, nem sequer uma valeriana. (…) Nunca um comprimido. Sempre os dedos um a um!”
Enrique de Hériz , escritor espanhol (n. 1964), in “Mentira”, Ed. D. Quixote, 2006
(Experimentei "contar dedos dos pés" na passada semana, quando a minha netinha adormecia e eu teimava em ficar de olhos abertos. Perdida de sono, mas de olhos abertos.
Foi uma semana em grande, aqui em casa com a Madalena. Os papás foram de férias, levaram a Carolina, de seis anos, e deixaram comigo a pequenina de dez meses. Linda, linda, linda!
Foi maravilhoso!
E cansativo? Sim, um pouco; biberons, papas, fraldas e chupetas... não é mole, não! Mas voltaria a fazer tudo, mesmo tudo!
Vivem longe e não são muitas as vezes que estamos juntas. Pena minha!
Acreditem, abraços e beijos babados de netinhas provocam numa avó um turbilhão de emoções.
Mesmo se para dormir tem de contar os dedos dos pés.)
Olá Teresa.
ResponderEliminarÉ sempre bom conhecer escritores espanhóis, que nem sempre chegam às nossas livrarias. Parabéns pela ótima resenha.
Um abraço.
Pedro