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Penso que foi em Madrid, em 1958, quando estava a fazer o doutoramento (sobre o poeta Rubén Dario) e a escrever o primeiro romance, “A Cidade e os Cães”, que tomei a decisão de estruturar a minha vida de maneira a poder dedicar-me à escrita. Foi nesse momento que decidi consagrar a maior parte do meu tempo e da minha energia a escrever. Porque essa é a única forma de ser-se um escritor e não a caricatura de um escritor.
Portanto, acredita no trabalho.
Por uma razão muito simples: porque eu não tenho facilidade para escrever, preciso de trabalhar muito para poder acabar um livro. Há escritores que se sentam e para eles tudo flui. Não é o meu caso. Eu tenho que refazer, penar, reescrever. Por isso, preciso de uma grande disciplina.
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Ouvindo-o falar, percebe-se que Mario Vargas-Llosa, apesar de ter escrito uma trintena de livros, não é nem nunca foi um homem fechado na sua obra, na sua literatura. É importante para si participar do mundo, pensá-lo?
Sim, claro. A literatura vem da vida, do que nos marca, do que a memória audazmente seleciona. Tudo é matéria-prima. No imaginário popular o Nobel significa o fim de um escritor. Um fim glorioso, mas um fim. Pensa-se que depois disso não há nada, que o escritor está morto. Eu tentei combater isto desde o princípio, não parando de escrever, de viajar, de pensar a realidade. Não me tornando na estátua em que o Nobel por vezes transforma os escritores.”
Excerto da entrevista concedida a Luciana Leiderfarb, publicada na “E”, revista do jornal Expresso de 24 Setembro 2016
Vale a pena ler na íntegra.
(Foto da net)
É bem necessário perceber isso. Em todo o caso, a nossa luta diária é bem diferente da altura de Llosa. Vamos tentando, o importante é não desistir.
ResponderEliminarO escritor é um trabalhador, tão esforçado com qualquer outro.
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