“Alma explicava a Lenny que aos setenta e oito anos renunciara ao papel de matriarca dos Belasco, cansada de fazer a vontade às pessoas e de agir de acordo com as normas, como sempre fizera desde pequena. Estava há três anos na Lark House e cada vez gostava mais de lá estar.
- Podias ter escolhido melhor do que isto, Alma.
- Não preciso de mais. A única coisa que me faz falta é uma lareira no inverno. Gosto de olhar para o fogo, parece a ondulação do mar.
- Conheço uma viúva que passou os últimos seis anos em cruzeiros. Assim que o barco atraca na sua última escala a família dá-lhe um bilhete para outra volta ao mundo.
- Como é que o meu filho e a minha nora não se lembraram dessa ideia? – riu-se ela.
- Tem a vantagem de que, se alguém morrer no alto-mar o capitão deita o cadáver pela borda fora e a família não tem despesas com o enterro – acrescentou Lenny.
- Aqui estou bem Lenny. Estou a descobrir quem sou despojada dos meus atavios e amarras; é um processo bastante lento, mas muito útil. Toda a gente deveria fazer isto no fim da vida (…). Estou a preparar-me para morrer.
- Ainda te falta muito para isso, Alma. Estás fantástica.
- Obrigada. Deve ser o efeito do amor.”
Tirei daqui: “O amante japonês”, de Isabel Allende, Porto Editora, 2015
Foto da net.
Repito:tenho de comprar este livro.
ResponderEliminarOlá Bea!
EliminarVais comprar, ler e gostar. Não duvido.
Se morasses perto de mim...
Mas não devemos morar perto:). Sou alentejana retinta. E também, diga-se, faço colecção dos livros da senhora. Logo, tenho de comprá-lo.
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