29 setembro, 2015

Os livros, em...


“A ridícula ideia de não voltar a ver-te”, de Rosa Montero
"Os livros nascem de um germe ínfimo, de um ovinho minúsculo, de uma frase, de uma imagem, de uma intuição; crescem como zigotos, organicamente, célula a célula, diferenciando-se em tecidos e estruturas cada vez mais complexas até se transformarem numa criatura completa e, frequentemente, inesperada."

"Abraço", de José Luís Peixoto
"Os livros, esses animais sem pernas, mas com olhar, observam-nos mansos desde as prateleiras. Nós esquecemo-nos deles, habituamo-nos ao seu silêncio, mas eles não se esquecem de nós, não fazem uma pausa mínima na sua vigia, sentinelas até daquilo que não se vê. Desde as estantes ou pousados sem ordem sobre a mesa, os livros conseguem distinguir o que somos sem qualquer expressão porque eles sabem, eles existem sobretudo nesse nível transparente, nessa dimensão sussurrada. Os livros sabem mais do que nós mas, sem defesa, estão à nossa mercê. Podemos atirá-los à parede, podemos atirá-los ao ar, folhas a restolhar, no ar, ar, e vê-los cair, duros e sérios, no chão.
(…)
Os livros, esses animais opacos por fora, essas donzelas. Os livros caem do céu, fazem grandes linhas rectas e, ao atingir o chão, explodem em silêncio. Tudo neles é absoluto, até as contradições em que tropeçam. E estão lá, a olhar-nos de todos os lados, a hipnotizar-nos por telepatia. Devemos-lhe tanto, até a loucura, até os pesadelos, até a esperança em todas as suas formas."

(Foto tirada da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário