O repórter luta contra o esquecimento. Transforma em palavra o que era silêncio. Faz memória.
Porque a história não pode ser esquecida. Porque o holocausto ainda não acabou.
(No prefácio assinado por Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista brasileira.)
Porque a história não pode ser esquecida. Porque o holocausto ainda não acabou.
(No prefácio assinado por Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista brasileira.)
Hospício de Côlonia, fundado em 1903- campo de concentração transvertido de hospital - destino de desafectos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos.
Com este livro-reportagem Daniela Arbex, jornalista brasileira, recuperou do esquecimento um capítulo macabro da história do século XX brasileiro: o genocídio de 60.000 pessoas no hospício de Colônia, feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população.
Homens, mulheres e crianças - a maioria internada sem diagnóstico de doença mental – foram violentamente torturados e mortos. Bebiam água do esgoto. Comiam ratos. Morriam ao frio e à fome. Eram exterminados com electrochoques tão fortes, que toda a cidade ficava sem luz, por sobrecarga da rede. Os bebés eram roubados às mães logo à nascença.
Ao morrer, davam lucro. Os cadáveres eram vendidos à faculdade de medicina. Quando o número de corpos excedia a procura, eram decompostos em ácido, no pátio, diante dos pacientes. Os ossos eram comercializados. Nada ali se perdia. Excepto a vida.
Para contar esta tenebrosa história, a jornalista investigou, ouviu sobreviventes e juntou imagens do fotógrafo Luiz Alfredo, que em 1961 entrou no hospício para fazer o registo mais dramático da sua carreira. Imagens chocantes de seres humanos em profunda tristeza, simplesmente à espera da morte.
Ó seu Manoel, tenha compaixão
Tira nós tudo desta prisão
Estamos todos de azulão
Levando o pátio de pé no chão
Lá vem a boia do pessoal
Arroz cru e feijão sem sal
E mais atrás vem o macarrão
Parece cola de colar bolão
Depois vem a sobremesa
Banana podre em cima da mesa
E logo atrás vêm as funcionárias
Que são umas putas ordinárias.
Leia. Divulgue. Não deixe esquecer. Não deixe que volte a acontecer.
Antes, prepare-se para um brutal murro no estômago.
Holocausto brasileiro, de Daniela Arbex
Ed. Guerra e Paz, 2014-11-23
255 págs.
Olá,
ResponderEliminarTenho mesmo muita curiosidade por este livro.
Vejo pelo comentário que não deve mesmo escapar :)
Boas leituras!
Olá Denise,
EliminarExacto, não deixe escapar, mesmo se o texto agonia e as fotos arrepiam.
Há que ler e divulgar.
Bjs. e muitas leituras menos "duras" que esta.