Quantas vezes contamos a história da nossa vida? Quantas vezes adaptamos, embelezamos, fazemos cortes matreiros? E, quanto mais a vida avança, menos são os que à nossa volta desafiam o nosso relato, para nos lembrar de que a nossa vida não é a nossa vida, é só a história que contámos sobre a nossa vida. Que contámos aos outros mas – principalmente – a nós próprios.
Começo por dizer que me é difícil opinar sobre este livro. Por quê?
Porque merece ser lido por todos. Porque não devo desvendar a trama da história. Porque é um autêntico tratado de psicologia, e eu não sou especialista. Porque me fez reflectir sobre a minha (insignificante) história de vida.
Enfim, porque não encontro palavras para escrever sobre ele de forma adequada.
Digo apenas que é o relato assombroso e surpreendente da vida de um homem de meia-idade, desde o tempo do liceu e das amizades juradas para sempre, até à idade da reforma, quando todas as memórias são atraiçoadas pelo tempo. Tony Webster, o narrador, casado, divorciado, pai de uma rapariga, vive uma solidão tranquila, até ao dia em que uma carta lhe vai mostrar que o seu passado não é o que ele sempre imaginou e que vai ter de se confrontar com as imperfeições da memória.
O meu eu mais jovem voltara para chocar o meu eu mais velho com aquilo que tinha sido, ou era, ou era às vezes capaz de ser.
E fico por aqui.
Do autor li apenas este romance, vencedor com mérito do Man Booker Prize 2011.
O enredo da história é surpreendente e a sua escrita perfeita, delicada e muito acessível.
Aproximamo-nos do fim da vida – não, não da vida em si, mas de outra coisa: o fim de qualquer probabilidade de mudança nessa vida.
Perfeito!
Corram a lê-lo (e não desvendem o desenlace da história).
O sentido do fim, de Julian Barnes
Quetzal, 2012
Tradução de Helena Cardoso
152 págs.
É realmente muito bom. Também o recomendo sem restrições.
ResponderEliminarhttp://lerprazeradquirido.blogspot.pt/
Olá Vera,
EliminarJá somos duas a recomendá-lo sem restrições.
Foi a descoberta de um novo autor e fiquei entusiasmada. Preparo-me já para ler outro romance dele.
Boas leituras.
Já li algumas opiniões positivas sobre este livro e do autor até tenho "Nada a Temer" por ler.
ResponderEliminarE com a tua opinião fiquei deveras curiosa. Tenho de ler o meu para depois pensar em ler este. ;)
Olá,
EliminarLê que vais gostar - MUITO!
Descobri na estante da minha filha "A mesa limão" (2004), do mesmo autor.
Fiquei curiosa, depois de ler na sinopse que são onze histórias sobre a velhice, percepção de que o tempo está a chegar ao fim e o sentido da vida.
Não resisto a ler.
Também achei o livro fantástico.
ResponderEliminarHaveria mil e uma coisa para dizer sobre o livro tal são os temas abordados, mas um dos temas em destaque é o suicídio.
Julian Barner mostra-nos que, muitas vezes, as coisas são muito mais complexas do que aparentam. O caso do suicídio é um deles.
Olá Tiago,
EliminarEu destaco a amizade em vez do suicídio.
Dói menos...
Foi a minha última aquisição e é actual leitura.
ResponderEliminarVou linkar o seu blog, se me permite.
Bfs e um abraço - gostei de estar aqui. voltarei, portanto.
Mel
Bem-vinda Mel.
EliminarÉ um romance óptimo - vais gostar.
Volta sempre.
Bjs.
Oi Pessoal! Esta é com certeza uma das boas leituras que vale apena fazer porque muito vai ampliar e encher a nossa mente de ideias positivas. Bjs
ResponderEliminar