Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.
Já tudo foi dito e escrito sobre este extraordinário romance de José Saramago, galardoado com o Nobel da Literatura, em 1998.
Então, porque referi-me agora a este livro?
Porque sinto que falhei ao não falar de Saramago ao longo de quase um ano de existência do rol de leituras e está na altura de remediar o meu erro.
Comprei e li este livro, corria o ano de 1989. Era um livro adorado por muitos, mas também odiado por alguns. Para isso contribui a escrita de Saramago, que, a meu ver, primeiro se estranha mas depois se entranha.
Ao longo das cinquenta primeiras páginas estive para desistir por diversas vezes.
Teimosa, continuei, e ainda bem que o fiz pois a partir daí a leitura deste livro foi um deslumbramento, um sonho que vivi levada pela mão de um escritor MAIOR.
Se você ainda não leu Saramago, considero que este é o romance por onde deve começar. No final rejubilará de prazer e correrá em busca de todos os outros livros do autor.
Deixe-se levar pelo sonho, à descoberta do nome maior da nossa literatura.
Vai aperceber-se que os seus livros se lêem compulsivamente e não se esquecem.
É a minha opinião, claro!
Deste romance, recordo-me amiudadas vezes do amor de Baltazar Sete-Sóis (o maneta) por Blimunda Sete-Luas (a vidente que guardava vontades em frascos de vidro) e do sonho do padre Bartolomeu Lourenço, que queria voar.
Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita.
Corram a ler, deixem-se levar pelo sonho e deslumbrem-se.
Viva Saramago!
Memorial do convento, de José Saramago
Caminho, 1989
357 págs.
Memorial do convento, de José Saramago
Caminho, 1989
357 págs.
À uns anos li as primeiras páginas deste livro e desisti. No entanto, este ano li "O ano da morte de Ricardo Reis" que adorei, pelo que vou com toda certeza voltar a pegar no Memorial do Convento assim que tiver oportunidade.
ResponderEliminarBoas leituras
Olá Landa,
ResponderEliminarTenho, mas ainda não li, "O ano da morte de Ricardo Reis".
Depois do que dizes vou fazê-lo.
Bjs.
Boa tarde Teresa,
ResponderEliminarO Memorial do Convento é sem dúvida uma obra de arte. Ainda não li todos os livros de Saramago, longe disso, mas é quanto a mim a sua melhor obra.
Se estivesse no seu lugar não lia A Viagem do Elefante logo após ler o Memorial do Convento. Não é que seja um mau livro, até é muito bom, mas tem um estilo parecido com o Memorial, e o Memorial foi na minha opinião o melhor livro da literatura portuguesa escrito no século XX. Sendo um bom livro, não tenho duvidas que A Viagem do Elefante vai-lhe saber a pouco.
Olá Tiago,
ResponderEliminarAcontece que eu já li "A viagem do elefante". Vou fazer agora uma segunda leitura das obras de Saramago e resolvi começar por esta. Não as li todas, mas quase.
De qualquer modo agradeço e anotei o seu conselho.
A propósito, já comprou "A clarabóia"?
Eu não sei se o farei. Não gosto de obras póstumas...
Se ele quisesse publicá-lo tinha-o feito em vida.
Teresa,
ResponderEliminarSegui com alguma intensidade os três últimos anos de vida de Saramago. Foram poucas as entrevistas e os textos publicados por ele que eu não li. Numa entrevista que deu no Brasil, disse que tinha um livro por editar, e que só não o editava em vida porque ele era mau. Lembro-me da frase que completou a resposta: "depois de eu morrer façam o que quiserem com ele, eu já não estou cá, por isso é indiferente."
Por este motivo não vou comprar. Se Saramago tem tantos livros de qualidade que eu ainda não li, porque ler um livro que ele próprio dizia não ser bom? Talvez um dia, leia o livro, mas antes haverá outros livros prioritários do autor.
Já agora concorda comigo que A Viagem do Elefante sendo um bom livro (eu classificaria de 9, na escala de 1 a 10), está longe do Memorial do Convento?
Concordo em absoluto.
ResponderEliminarDepois do Memorial gostei de "Ensaio sobre a cegueira" (não gostei do filme), "Ensaio sobre a lucidez" e "O evangelho segundo Jesus Cristo".
Gostei bastante da "História do cerco de Lisboa".
Mas atenção que ainda não li todos.Faltam-me os primeiros.
"A viagem do elefante" tem para mim um gostinho especial. É o único que tenho assinado pelo autor, com quem estive numa feira do livro, em Lisboa.
Já escrevi aqui no ROL DE LEITURAS que "Memorial do Convento" foi a melhor história de amor que li até hoje, mas, curiosamente, a mim aconteceu-me o mesmo que à Landa, da primeira vez larguei à página 50, mas à segunda peguei-lhe e foi de seguida, uma OBRA DE ARTE, uma das sete maravilhas da literatura. Um escritor que os Laras deste país não merecem (e são muitos...)
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarGostei do seu comentário e concordo em absoluto.
Volte sempre.