Um homem não se reduz à opinião que os vizinhos fazem dele.
Do autor de “O tigre branco”, Booker Prize 2008, chegou às bancas este verão “ O último homem na torre”.
A acção deste novo romance passa-se em Bombaim (actual Mumbai), a mais activa, cosmopolita e povoada cidade da Índia com cerca de 15 milhões de habitantes, amontoados em 430 Km2.
Os preços das casas são elevadíssimos. Os ricos vivem em subúrbios luxuosos. A classe média mantém-se nas habitações de renda baixa, apesar do estado de degradação dos prédios e da pressão das empresas de construção civil. Os mais pobres vivem literalmente na rua, despojados de tudo, ou em enormes bairros de barracas tapadas por plástico, sempre de cor azul.
Isto foi o que eu vi, quando lá estive em 2010. Vi uma cidade, aliás um país, de enormes e chocantes contrastes: uma pobreza abjecta e uma riqueza chocante.
Depois disto, é fácil perceber o quanto me tocou esta nova obra de Aravind Adiga.
Vamos então ao romance, um retrato duro do quotidiano dos residentes duma cooperativa de habitação, que é o reflexo da vida na própria cidade de Bombaim, a personagem principal deste romance.
Tudo se passa nas torres da Cooperativa de Habitação Vishram, localizada entre o degradado bairro Vakola, e um aeroporto doméstico. São duas torres A e B mas a Torre A é aquilo que a vizinhança considera ser a “Cooperativa Vishram” - calorosa, humana, familiar, a camada de queratina protectora que tinham vindo a segregar a fim de se salvaguardarem das provações da vida.
A vida decorre pacata nas duas torres até o empresário e construtor civil Dharmen Shah oferecer aos moradores uma generosa indemnização pelo abandono dos apartamentos para ali construir um complexo habitacional de luxo.
O empreiteiro é o único homem em Bombaim que nunca se dá por vencido.
O empreiteiro é o único homem em Bombaim que nunca se dá por vencido.
Na Torre B, habitada por jovens executivos, a proposta é aceite pacificamente.
Na Torre A, um edifício de 5 pisos, 15 apartamentos, muito degradado, parecido com os seus residentes - classe média até à medula - a proposta é inicialmente recusada por todos, depois aceite por alguns, depois por muitos, depois instala-se o caos e a “guerra” começa.
Até à altura da proposta, o relacionamento entre os vizinhos era cordato, cúmplice, solidário – um por todos, todos por um.
A partir daí, a perspectiva de um futuro radioso, conseguido à custa do dinheiro sujo do empreiteiro mafioso, transforma os vizinhos em inimigos perigosos, em assassinos.
Para o negócio se concretizar é necessária a concordância de todos, mas há um morador que não aceita: Yogesh Murthy, mais conhecido por Masterji, professor, conservador, um dos primeiros residentes da torre e o último a sair.
Como? Não posso contar.
Leiam que vale a pena. É um livro duro mas fabuloso.
Nada pode deter uma criatura viva que teima em ser livre.
O último homem na torre, de Aravind Adiga
Editorial Presença, 2011
Tradução de Alice Rocha
467 págs.
Ora aqui está um livro que quero mt ler e com esta critica ainda mais :)
ResponderEliminarBoas leituras
É um autor que tenho muita curiosidade. Já tinha ouvido falar do "tigre branco" mas desconhecia do que "O último homem na torre" falava. Parece bastante interessante.
ResponderEliminarBoas leituras!
Olá Maria, olá Landa,
ResponderEliminarNão deixem de ler porque vão gostar.
Aguardo vossos comentários.
Boas leituras. Bjs.
Já comprei, agora só falta ler ;-)
ResponderEliminarForça Tiago.
ResponderEliminarÉ um excelente livro de leitura viciante.
Adorei o "Tigre branco" e tenho imensa curiosidade em ler este. mas estamos em fase de poucas compras....
ResponderEliminarMas agora fiquei um pouco mais curiosa.
Boas leituras
Olá Patricia,
ResponderEliminarHoje, mais consciente das dificuldades - a idade ensina-nos muito - não me importava de criar um esquema para emprestar livros.
Como poderá ser feito? Vou pensar no assunto.
Se alguém quiser dar dicas - venham elas.
Este livro é muito interessante. Se gostaste do "Tigre branco" tens que ler este também.
Bjs.