30 novembro, 2020

"Chegou a hora de cansar..., cansei!" (*)



"Despedida", da poeta brasileira Cecília Meireles.

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão, 
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão. 
Meu caminho é sem marcos nem paisagens. 
E como o conheces ? – me perguntarão. 
– Por não ter palavras, por não ter imagem. 
Nenhum inimigo e nenhum irmão. 
Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada. 
Viajo sozinha com o meu coração. 
Não ando perdida, mas desencontrada. 
Levo o meu rumo na minha mão. 
A memória voou da minha fronte. 
Voou meu amor, minha imaginação … 
Talvez eu morra antes do horizonte. 
Memória, amor e o resto onde estarão? 
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra. 
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão ! 
Estandarte triste de uma estranha guerra … ) 
Quero solidão.



A "Despedida" é apenas e só a de Cecília Meireles
Eu volto... amanhã. Sim, amanhã!

Fotos tiradas do Hotel Vila Galé Ericeira, Dezembro 2018.

(*) Verso do poeta português José Régio.

6 comentários:

  1. Linda poesia de despedida..Ela cansou ,mas tu segues,ainda bem! Linda foto! bjs, chica

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  2. é um bom hotel esse, remançoso, confortável e de bom gosto assim próximo do mar. O poema rima com esse mar sozinho.

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  3. Belíssima foto!!
    Não compreendo quem procura tudo e não deseja nada. : )

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  4. Um belo poema de Cecília Meireles. Pessoalmente não gosto de despedidas. Fico sempre com a sensação de que perco algo quando me despeço de alguém.
    Abraço saúde e boa semana

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  5. O essencial é não deixarmos o cansaço triunfar.
    Beijo

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  6. Que maravilhoso, é tão tocante o modo como Clarice expressa a imperfeição da vida real, dos sentimentos, porque em maior ou menor grau, a vida é imperfeita.
    Adorei, Teresa, abraço!

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