21 fevereiro, 2017

Recordando... Florbela Espanca


DESEJOS VÃOS
Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não em sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue e agonia!
E as Pedras… essas… pisa-as toda a gente!

Se soubessem como eu sou hipócrita! Que horror todos teriam de mim!, Florbela Espanca (1894-1930)

10 comentários:

  1. a afirmação a vermelho fica mal no poema. Não me parece, ainda que admita que possa tê-lo dito - não sei de quem é a frase -, que Florbela fosse hipócrita.

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    1. Bea, a frase a vermelho é de Florbela Espanca.
      Tirei-a do livro de Agustina Bessa-Luís "Florbela Espanca", onde a poetisa é citada diversas vezes.

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    2. Obrigada. Mas continuo a pensar que não era hipócrita de carácter, a afirmação está descontextualizada. E não li o livro de Agustina.

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  2. Eu adoro Florbela, Teresa! Como sofreu emocionalmente... Mas seus poemas são de uma força, de uma beleza impar. E como sabe falar do sofrimento... É emoção pura. É minha poeta preferida. Geralmente os poetas falam melhor das tristezas, reparou?
    Beijo, amiga!

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    1. Tais, lê o livro/biografia "Florbela Espanca", de Agustina Bessa-Luís.
      A tua poeta preferida não teve uma vida nada fácil.
      Beijo.



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    2. Oi, Teresa! No 'Sonetos' da ed Martin Claret, tenho o perfil biográfico dela, claro não é esse que você fala, tão completo. Fiquei curiosa. Na próxima ida às livrarias irei atrás, sem dúvida. Agustina Bessa-Luís - já anotei.
      Obrigada, querida amiga, beijo.

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  3. Gosto muito da sua poesia vibrante e passional,
    ousadíssima para a época puritana em que viveu...
    Dias felizes.
    ~~~~~~~~

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  4. Uma das grandes poetas portuguesas. Os seus sonetos são únicos.
    Bom fim de semana, amiga Teresa.
    Beijo.

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  5. Olá Teresa.
    Um belo poema, Desejos vãos, de Florbela Espanca, poetisa de imenso talento. Parabéns.
    Abraços.
    Pedro.

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  6. Um lindo soneto de Florbela Espanca, embora nostálgico como é sua caracteristica, E aqui ela diz tudo o que nos custa a entender,..mostra-nos que o que nasce morre e por isso é necessário qua aprendamos a apreciar o momenti presenye, o aqui o agora; preocupações exageradas com o futuro são uma tolice, pois não sabemos se o teremos; ficamos a " matutar " nele e quando damos conta o chá arrefeceu e perdeu o aroma. Obrigada pela partilha e desejo-te um bom fim de semana, com saúde alegria e à tua frente uma reconfortante chavena de chá. Beijinhos
    Emilia

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