25 outubro, 2016

Tivesse eu a organização deste mundo...


Tivesse eu a organização deste mundo, iria estabelecer um certo ponto, digamos por volta da idade dos trinta, idade essa em que, ao ser atingida, um homem seria automaticamente relegado para um plano onde a sua mente não voltaria a ser perturbada com a recordação fútil das tentações às quais resistiu e da beleza que não conseguiu recolher. Acho que é a inveja que nos faz desejar evitar que os jovens façam coisas que nós não tivemos a coragem ou a oportunidade de conseguir outrora, e não temos o poder de conseguir agora.”

Tirei daqui: “A recompensa do soldado”, de William Faulkner, Ed. Casa das Letras, 2010
Foto da net.

2 comentários:

  1. Não li ainda nada deste autor. Mas hei-de. Caso não morra antes e aí tudo se perde:). Ou não. Pode que a minha eternidade tenha livros ou bibliotecas - dava jeito que aquilo é tempo a mais, tão demais que tempo não há, mas pronto, é assunto para outra vez - e eu a passe também a ler e a contar o que li a Deus pai todo poderoso e mais ao resto da família que os santos são muitos mas dá para todos, um de cada vez e devagarmente.
    Posto isto, parece-me que Faulkner retira a si mesmo muito tempo de tentação ao parar nos trinta. Ou então o que ele quer dizer é que a partir dos trinta não resiste a nada e portanto nada a temer da memória. Também não me parece a melhor perspectiva. Cada um sabe de si.

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  2. Pois eu, Bea, procuro ler o máximo "cá em baixo". Com o meu péssimo sentido de orientação, dificilmente encontrarei uma biblioteca "lá em cima"...
    Quanto aos trinta... onde eles já vão!
    Bom fim-de-semana. Boas leituras.

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