Ele é toda a humanidade, a sua influência irradia a sua situação, e todos aqueles próximos dele se tornam estéreis e insípidos, de algum modo perto da morte… O seu ferimento determina como as pessoas vivem, como amam, como se relacionam consigo e com os outros.
(Frederick R. Karl, na Introdução.)
Escrito em 1925 e publicado no ano seguinte, “A recompensa do soldado” – primeiro romance daquele que viria a ser considerado “o principal romancista norte-americano do século XX”, galardoado com a Prémio Nobel de Literatura, 1949 - conta a história do regresso a casa de três jovens aviadores americanos, combatentes da Primeira Guerra Mundial: Donald Mahon, Joe Gilligan e Julian Lowe.
No centro da narrativa está o tenente Mahon, que regressa para junto da família e da noiva brutalmente marcado pela guerra: desfigurado por uma cicatriz terrível no rosto, a cegar, amnésico, a coxear.
A acção começa com os três a viajar de comboio rumo às suas cidades. Gilligan e Powers, fisicamente em melhor estado que Mahon, celebram de uma forma efusiva e desconcertante esse regresso, enquanto Mahon agoniza.
Apesar de todos os excessos, ambos decidem levar o tenente a casa. A eles junta-se Margareth Powers, uma jovem viúva de um soldado aviador morto em França que, impressionada com o estado do moribundo, se oferece para os acompanhar, tomar conta do soldado e suportar as despesas do seu tratamento.
- Claro. O soldado morre e deixa-lhe dinheiro, e você vai gastar o dinheiro a ajudar outro soldado a morrer confortavelmente. Não é irónico?
- Presumo que sim… É tudo irónico. Horrivelmente irónico.
Acabam por ir os três a casa dos Mahon, em Charlestown, Geórgia.
Margareth vai à frente, para preparar a família e fala com o pai, o reverendo Mahon, a quem esconde o verdadeiro estado do doente.
- Doente? – trovejou ele. – Doente? Mas nós vamos curá-lo. Tragam-no para casa, que aqui, com boa comida, descanso e atenção, iremos pô-lo bom dentro de uma semana. Hem, Cecily?
Cecily Saunders é a namorada de Mahon. Os pais fizeram com que ficassem noivos antes de ele partir para a guerra. Ele partiu à espera que ela esperasse por ele e regressou esperando que ela o aceitasse.
Ela esperou-o, traindo-o com Geroge Parr. Será que aceita casar com ele, agora que tem o rosto terrivelmente desfigurado?
- Nunca, nunca. Se tiver de voltar a ver a cara dele, eu… eu morro.
Não morre e casa. Mas não com Mahon.
Gillian e Julian continuam junto do amigo. Ambos se perdem de amores pela doce Margareth.
Margareth que, por amor e uma certa dose de compaixão, aceita casar com Mahon.
A primavera avança e Mahon piora. Já mal se levanta. Está a morrer.
A família continua a acreditar na sua recuperação. Margareth não.
Entretanto, no casarão triste, ouve-se o tiquetaque do relógio da cozinha: Vida. Morte. Vida. Morte. Vida Morte. Vida. Morte.
Amor, amizade, traição, humor negro, esperança, desespero, ingratidão, lágrimas, oportunismo, compaixão, sofrimento, agonia, morte… há de tudo neste romance dramático, denso de emoções e sentimentos, sobre o pós-guerra de jovens combatentes e o impacto devastador do regresso da guerra de um filho mutilado. Mas tudo, não chegou para me cativar.
Um primeiro romance, sem qualquer brilho.
Lê-lo, não foi “pêra-doce”.
A recompensa do soldado, de William Faulkner, Prémio Nobel de Literatura, 1949
Tradução de Maria João Freire de Andrade
Ed. Casa das Letras, 2010
317 págs.
(Frederick R. Karl, na Introdução.)
Escrito em 1925 e publicado no ano seguinte, “A recompensa do soldado” – primeiro romance daquele que viria a ser considerado “o principal romancista norte-americano do século XX”, galardoado com a Prémio Nobel de Literatura, 1949 - conta a história do regresso a casa de três jovens aviadores americanos, combatentes da Primeira Guerra Mundial: Donald Mahon, Joe Gilligan e Julian Lowe.
No centro da narrativa está o tenente Mahon, que regressa para junto da família e da noiva brutalmente marcado pela guerra: desfigurado por uma cicatriz terrível no rosto, a cegar, amnésico, a coxear.
A acção começa com os três a viajar de comboio rumo às suas cidades. Gilligan e Powers, fisicamente em melhor estado que Mahon, celebram de uma forma efusiva e desconcertante esse regresso, enquanto Mahon agoniza.
Apesar de todos os excessos, ambos decidem levar o tenente a casa. A eles junta-se Margareth Powers, uma jovem viúva de um soldado aviador morto em França que, impressionada com o estado do moribundo, se oferece para os acompanhar, tomar conta do soldado e suportar as despesas do seu tratamento.
- Claro. O soldado morre e deixa-lhe dinheiro, e você vai gastar o dinheiro a ajudar outro soldado a morrer confortavelmente. Não é irónico?
- Presumo que sim… É tudo irónico. Horrivelmente irónico.
Acabam por ir os três a casa dos Mahon, em Charlestown, Geórgia.
Margareth vai à frente, para preparar a família e fala com o pai, o reverendo Mahon, a quem esconde o verdadeiro estado do doente.
- Doente? – trovejou ele. – Doente? Mas nós vamos curá-lo. Tragam-no para casa, que aqui, com boa comida, descanso e atenção, iremos pô-lo bom dentro de uma semana. Hem, Cecily?
Cecily Saunders é a namorada de Mahon. Os pais fizeram com que ficassem noivos antes de ele partir para a guerra. Ele partiu à espera que ela esperasse por ele e regressou esperando que ela o aceitasse.
Ela esperou-o, traindo-o com Geroge Parr. Será que aceita casar com ele, agora que tem o rosto terrivelmente desfigurado?
- Nunca, nunca. Se tiver de voltar a ver a cara dele, eu… eu morro.
Não morre e casa. Mas não com Mahon.
Gillian e Julian continuam junto do amigo. Ambos se perdem de amores pela doce Margareth.
Margareth que, por amor e uma certa dose de compaixão, aceita casar com Mahon.
A primavera avança e Mahon piora. Já mal se levanta. Está a morrer.
A família continua a acreditar na sua recuperação. Margareth não.
Entretanto, no casarão triste, ouve-se o tiquetaque do relógio da cozinha: Vida. Morte. Vida. Morte. Vida Morte. Vida. Morte.
Amor, amizade, traição, humor negro, esperança, desespero, ingratidão, lágrimas, oportunismo, compaixão, sofrimento, agonia, morte… há de tudo neste romance dramático, denso de emoções e sentimentos, sobre o pós-guerra de jovens combatentes e o impacto devastador do regresso da guerra de um filho mutilado. Mas tudo, não chegou para me cativar.
Um primeiro romance, sem qualquer brilho.
Lê-lo, não foi “pêra-doce”.
A recompensa do soldado, de William Faulkner, Prémio Nobel de Literatura, 1949
Tradução de Maria João Freire de Andrade
Ed. Casa das Letras, 2010
317 págs.
Gostava de ler esse livro. Pode ser que ainda o compre.
ResponderEliminar"Mas tudo, não chegou para me cativar.
ResponderEliminarUm primeiro romance, sem qualquer brilho."
Obrigado! Lutei a entender o motivo de tanto amor de algumas pessoas por esse livro. "Sem brilho" é uma forma perfeita e descrevê-lo.