05 janeiro, 2016

11º - Excertos do "Livro do desassossego", de Fernando Pessoa

110-(1915?)
“O meu mundo imaginário foi sempre o único mundo verdadeiro para mim. Nunca tive amores tão reais, tão cheios de verve de sangue e de vida como os que tive com figuras que eu próprio criei.”

112- (1915?)
“Invejo a todas as pessoas o não serem eu. Como de todos os impossíveis, esse sempre me pareceu o maior de todos, foi o que mais se constituiu minha ânsia quotidiana, o meu desespero de todas as horas tristes."

116-(1915?)
"Os desastres dos romances são sempre belos porque não corre sangue autêntico neles, nem apodrecem os mortos nos romances, nem a podridão é podre nos romances.”

117-(1915?)
“Muitas vezes para me entreter – porque nada entretém como as ciências, ou as coisas com jeito de ciências, usadas futilmente – ponho-me escrupulosamente a estudar o meu psiquismo através da forma como o encaram os outros. Raras vezes é triste o prazer por vezes doloroso que esta tática fútil me causa.
Geralmente, procuro estudar a impressão geral que causo aos outros, tirando conclusões. Em geral sou uma criatura com quem os outros simpatizam, mesmo, com um vago e curioso respeito. Mas nenhuma simpatia violenta desperto. Ninguém será nunca comovidamente meu amigo. Por isso tantos me podem respeitar.”

Leia (tudo) e… deslumbre-se!



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