Alvor queria abrir aquele documento (…) Talvez fosse mesmo um diário. Era, evidentemente uma missão impossível, pensou, olhando desconcertado para o teclado, onde dez números, vinte e nove letras e uma série de outros sinais formavam um número de combinações que ele nem sequer podia imaginar (…) As palavras ACCESS DENIED surgiram no ecrã.
Aviso: A escritora norueguesa Karin Fossum é apelidada de “Rainha Nórdica do Romance Policial”.
Feito o aviso, vou desvendar muito pouco sobre a trama deste policial - bem escrito, inteligente, repleto de mistério e suspense - para que todos os que por aqui passarem, pararem e lerem, poderem acompanhar o inspector Sejer nas investigações sobre o assassinato de uma jovem de dezanove anos, na pacata aldeia de Granittvei, na Noruega, e com ele descobrir a identidade do criminoso.
Hum!
Tudo começa com o desaparecimento de Ragnhilde, uma menina de seis anos, as diligências policiais para descoberta do seu paradeiro e a sua inesperada entrada em casa, horas volvidas, sã e salva.
Mais tarde, ela conta que um homem estranho lhe deu boleia para casa, que antes passaram por casa dele, que ali lanchou, que ele lhe mostrou muitos coelhinhos, que a levou até um lago, que a acompanhou a casa. Nada mais.
Esse homem é Raymond, um mongolóide com cerca de trinta anos, que conduz sem carta de condução a carrinha desconjuntada, velha e suja do pai inválido. Visto por todos os habitantes da aldeia como um bom rapaz por tratar sozinho do pai acamado, Raymond é um tipo muito especial, que só conduz em segunda, capaz de travar de repente para deixar passa uma joaninha. Tão especial que no finalzinho da história volta a ... (calma, Teresa).
Ragnhilde conta ainda que viu uma mulher nua deitada na margem do lago.
A polícia procura e encontra o cadáver de uma mulher junto da água negra do pequeno lago, no interior de um bosque cerrado. O corpo branco e desnudado, em parte coberto por uma parca escura, sem sinais visíveis de violência é de Annie Soffie, uma rapariga reservada e sossegada, boa estudante, desportista, baby-sitter muito conhecida e estimada na aldeia.
Depois, o inspector Sejer Konrad começa a investigar - afogamento ou homicídio?
Pistas, muitas pistas… interrogatórios, muitos interrogatórios… e Sejer “caça” o assassino.
Quer que lhe diga quem é ele?
É Alvor, o namorado de Annie. Não, não, é Knut, o seu treinador. É Henning, o comerciante de tapetes que lhe deu uma boleia no fatídico dia. É Erik o vizinho bisbilhoteiro. É Bjork, o pai da meia-irmã de Annie. É Eddie, o pai. Não, é Raymond. É… É…
Agora vou mesmo dizer. Aqui vai…
ACCESS DENIED.
Estupendo!
(Quero ler mais policiais. Aceito sugestões.)
O olhar de um desconhecido, de Karin Fossum
Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo
Ed. Presença, 2005
261 págs.
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