Três novelas curtas, cheias de humor e suspense - que começaram por ser peças de teatro - compõem este livro, resultado da fusão das vozes narrativas de dois autores reconhecidos da literatura de língua portuguesa: Mia Couto e José Eduardo Agualusa.
São elas:
- “O terrorista elegante”
Charles Poitier Bentinho «poeta romântico», e «mestre em espíritos, domador de demónios e dragões», angolano suspeito de terrorismo é preso no aeroporto de Lisboa na posse de vários litros de vinagre. Na cela fala com um pássaro desenhado na parede, e revela ao irascível policial que o interroga que sabe voar e que o vinagre é o combustível que utiliza.
- “Chovem amores na rua do matador”
Baltazar Fortuna, regressa a Xigovia, lugar «cheio de lembranças» decidido a libertar-se do peso do passado, e vingar-se das três mulheres que amou e que o enganaram «Venho cobrar umas contas, venho apagar uns amores que me pesam. Ou mais diretamente: venho matar, venho matar as mulheres que amei. Três mulheres. Três foi a conta que Deus fez. Pois é a conta que eu vou desfazer. »
- “A caixa preta”
«NA SALA DE VISITAS, três máscaras africanas, presas a uma das paredes, olham para o futuro – mas não há nada para ver». Começa assim a história da Velha Luzinha, que na cozinha prepara uma sopa «como não sei fazer poesia, faço sopa», recorda o passado e espera pela neta, que teimosamente se demora na noite escura duma Luanda mergulhada no caos, tiros e sirenes.
De um livro de poesia abandonado sobre a bancada saem formigas «malditas, parece que estão a sair das palavras, parecem letrinhas a fugir das páginas (…) este país está tão mal que agora as formigas comem até livros (…) É porque têm palavras muitíssimo saborosas.»
E mais não digo… escrevo… desvendo…
Numa nota prévia, os autores explicam como foi o processo de escrita deste delicioso livrinho:
"(...) Escrevemos «Chovem amores na rua do matador» e «A caixa preta» trocando mensagens, a partir de cidades diferentes, um acrescentando o texto do outro. «O terrorista elegante» foi quase inteiramente escrito em Boane, Moçambique, num jardim imenso, à sombra de um alpendre de colmo. Ali passámos dias, sentados à mesma mesa, cada um diante de um computador, rindo, brincando e apostando na negação da ideia de que a criação literária é sempre um ato profundamente solitário.”
Encantador. Leia!
(Nota pessoal: Passei muitos domingos da minha infância e adolescência em Boane, Moçambique. A fazer o quê? Talvez um dia eu conte.)
O terrorista elegante e outras histórias, de Mia Couto e José Eduardo Agualusa
Ed. Quetzal, 2019
160 págs.
Olhando ao nome dos autores, acredito que sejam obras fascinantes de ler.
ResponderEliminar.
Feliz fim de semana
Gosto muito dos dois, já li livros de ambos, confesso que mais do Mia Couto do que do Agualusa, mas nunca li nada escrito em conjunto, nem sei se é o primeiro livro dos dois ou se há outros.
ResponderEliminarParece muito interessante.
Abraço e saúde
Elvira, é o primeiro livro escrito em conjunto.
EliminarAtendendo à amizade que os une, outros escreverão. Digo eu!
Beijo, bom fim-de-semana.
Dois grandes escritores que vala sempre a pena ler.
ResponderEliminarBom fim de semana, querida amiga Teresa.
Beijo.
Oi Teresa, pareceu-me bem interessante, adoro ouvir e ler Mia Couto.
ResponderEliminarPássaros em gaiolas vemos envelhecer, longe de sua essência que é o voar.
Bom final de semana, abração!
Deve ser interessante este livro escrito em conjunto, Teresa. Não digo que vou comprá-lo, porque tenho uma pilha deles por ler. Vamos ver se, agora no inverno, junto da lareira e enroldada numa mantinha, leio alguma coisa. Como vai estar frio e as esplanadas fechadas, sair para tomar café ou fazer um lanchinho está fora de questão, então será melhor ficar em casa e colocar a leitura em dia; o virus ainda não me descobriu e assim, metidinha em casa pode ser que nunca me encontre. Mas sabes, Amiga, não posso perder a tua história lá em Boane, Moçambique e portanto ficarei atenta nem que tenha de vir cá várias vezes ao dia; uma vez por dia venho sempre! Não sabias? Pois é verdade....só que às vezes não me apetece " falar " e saio " de mansinho ". É assim, esta tua Amiga...
ResponderEliminarUm abraço do tamanho do mundo e um bom fim de semana, apesar do mau tempo.
Emilia
olá, Teresa! não li o livro, mas imagino que tenha um valioso conteúdo, admiro ambos, especialmente o Mia Couto. um abraço!
ResponderEliminarDois escritores que fazem parte da minha estante, Mia mais que Agualusa. Deles não pode vir obra má, conjunta ou individual. E há num conto uma personagem parecida comigo, a mulher que, por não saber fazer poesia faz sopa.
ResponderEliminarBom fim de semana, Teresa.
Acontece Bea, e já somos duas a fazer sopa.
EliminarNão me incomoda. Prefiro fazer sopa da boa a caldos (poéticos) desenxabidos.
Beijo, bom domingo.
Teresa,
ResponderEliminarUma delícia ler você aqui
nessa manhã de sábado.
então
Bjins de sábado
CatiahoAlc.
Obrigatório comprar.
ResponderEliminarQue dupla!
Beijo, boa semana
Deve ser maravilhoso este livro escrito por estes dois grandes autores. Vou comprar. Obrigada Teresa pela indicação.
ResponderEliminarUma boa semana minha querida Amiga, com todos os cuidados.
Um beijo.